"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Vento sopra onde quer.



É impressionante como fala mais alto o religioso que habita a alma do dirigente receoso da fatal redução numérica que assola os átrios dos seus templos. Causa-me estranhamento, particularmente, um pastor como o Ed René Kivitz (tem que ver o video antes pra se situar aqui), usar de retórica ao indicar três versos isolados na carta aos hebreus, na tentativa de afirmar a legalidade divina dos templos. Ora, o autor de hebreus diz pra não deixar de 'congregarmos' (10:24.25), não diz pra ser numa denominação. Depois, no verso 7 do capítulo 13, fala dos 'guias', mas naquele contexto, no qual o povo era 'simples', ignorante, dependente de um mentor. Além disso, ele cita o verso, mas CONVENIENTEMENTE, evita o verso seguinte: Jesus Cristo, ontem e hoje , é o mesmo e o será para sempre. Também o autor manda tratar 'os guias' com respeito, não como modelo. E, claro, tendo seu exemplo DE FÉ, e não, como chefe de tribo. É o que ele diz também no verso 17 do capitulo 13.

Para ilustrar tudo ele ‘fecha’ sua introdução com a passagem do evangelho segundo Mateus em que Jesus diz sobre uma situação conflituosa entre irmãos, para afirmar que é com o guru da igreja que se resolve em última instância. O que não é verdade. O que Jesus diz àquele povo é que se alguém cometer alguma falta, se resolve o conflito procurando o faltoso para entrar em um acordo. Não se conseguindo uma solução (naquilo que era algo bem particular entre aqueles dois e que, em princípio, não interessa a mais ninguém), leva-se a uma terceira pessoa que seja imparcial e que sirva como MEDIADORA.  Se ainda assim, a intransigência imperasse, que se dissesse à igreja, aos irmãos, aos que compunham a comunidade. E assim, todos ficariam sabendo de onde partiu a intransigência, mesmo uma das partes querendo muito desfazer o impasse estabelecido, mas sempre com o mesmo intento anterior. Nunca o de julgador nem de sentenciador. Em nenhum momento Jesus instrui a levar a uma cúpula superior hierárquica e espiritualmente para que esta resolva a pendenga.

Em outras palavras: quando Jesus manda levar à 'igreja', não se refere a uma instituição onde há um 'organismo', uma espécie de sinédrio moderno, uma equipe religiosa que funciona como autoridade hierárquica e espiritual. Mas, claro, há sim, um grupo de pessoas que pode dar uma dica, um conselho. Inclusive, agrupamento é isso. Encontro onde uns socorrem outros, onde um dá suporte a outro. Esse era o ajuntamento da ‘igreja’ primitiva NA PRÁTICA. Não tem a ver com chefia e muito menos com celebração, liturgia, ritual. Isso tudo foi  invenção posterior de quem queria retomar os costumes judaizantes. E retomou pra valer, diga-se de passagem.

Na minha opinião, o mais nauseante nem é o 'pé da letra' do religioso, que fica se apegando a passagens bíblicas de maneira conveniente à sua doutrina denominacional. O que eu vejo como mais grave é sair creditando isso tudo a Jesus. Como se Jesus tivesse determinado uma igreja/instituição fundada por Ele. Como se tivéssemos que dar continuidade a uma ‘igreja histórica’ pelo fato de Jesus ter dito em determinado exemplo, para levar o caso à igreja em última instância.

Outra coisa bem curiosa é a aplicação da velha técnica do deus castrador, usando-se de  meias verdades para culminar na afirmação denominacional que fala da mão pesada de um Deus rigoroso, inflexível,  tirano. Isso não poderia faltar por ser infalível para manter o rebelde em potencial no seu devido lugarzinho.

E o pregador segue no estilo ‘meias verdades’, inventando rótulos tais como usuário, corpo vivo de Cristo, rol de membros, comunidade, auditório... Discriminando quem é quem a seu bel prazer. Separando bem o joio do trigo, com toda autoridade espiritual concedida só não se sabe por quem. Sim, porque enquanto isso, Jesus olha para TODOS com O MESMO OLHAR.

E pegar o exemplo dos JUDEUS para justificar a ideia de 'igreja' chega a ser de uma contradição gritante. Justamente os judeus, a quem Jesus CONDENOU com veemência pelos seus rituais, suas reuniões sistematizadas, robotizadas, hipócritas e sem compaixão. Os judaizantes da velha panelinha exaltada até aos dias de hoje...

E a forçada que se dá com esse lance da ‘igreja virtual’, é por causa do pânico instalado ao  verem os bancos santos se esvaziando enquanto as profanas redes sociais estão lotadas. Tá bom de criarmos uma nomenclatura pra esse tipo de pânico. Afinal, já tem um monte de ‘dirigente’ com essa mesma síndrome. Devem estar, nesse momento, consultando o chefe da tribo sobre que medidas urgentes podem tomar. Sim, pois há um papa gospel em cada terreiro. Devem estar decidindo: ‘vamos carregar na pregação repressora’. Afinal, o principal sintoma dessa síndrome é a ânsia do retorno ao legalismo.

Ora, ninguém tem o poder de impedir a ação de Deus onde quer que seja. Nós todos somos e podemos ser influenciados de maneira positiva por meio dessa poderosa ferramenta chamada internet. Infelizmente, esses religiosos desesperados com seus argumentos teológicos/bíblicos/doutrinários/denominacionais não conseguem alcançar algo simples e básico dito por Jesus a um Nicodemus até bem intencionado (será? :P) que O VENTO SOPRA ONDE QUER.

Entretanto, o desespero é tanto, que no vídeo da postagem que inspirou essa minha fala, o pastor se inflama, ironiza, debocha e 'racionaliza' quando pergunta a um rapaz a quem ele ouve, e o rapaz responde que ouve o Espírito Santo. Isso me reporta aos judaizantes irados quando se deparavam com a simplicidade de Jesus quanto às coisas do Reino...

Ah, o apóstolo Paulo agora pra puxar as duas orelhas de uma só vez, a estes em cima de seus púlpitos ‘dando uma de Pedro’ com seu Anti -Evangelho puro. O mesmo Pedro, que apesar das suas notórias vaciladas permeadas de religiosidade, soube dizer ao confuso Cornélio prostrado aos seus pés: “levanta rapá, sou homem igual a tu”!

Religioso de carteirinha contraditório sempre finda por se denunciar... Diz, abertamente, que sua religião é o cristianismo, mas namora o exemplo de reunião judaica. Bem no estilo. Autodenomina-se ‘bispo’ e responsável pela vida dos membros. Tudo isso constituído por Deus. Mas, detalhe: tem hora que não sabe tomar decisões. Tem que perguntar a outro - de preferência hierarquicamente superior – e apenas da sua própria denominação se está agindo corretamente. Uma ‘autoridade espiritual’ da SUA igreja; de outra não tem nenhum valor pra aconselhar-lhe em nada.

Inclusive, aqui se pode espinafrar-lhe à vontade, já que, segundo ele, não vai servir de nada. O que importa é ele se consultar com o chefe maior. Afinal, que fique bem claro: ele só se submete a uma hierarquia espiritual. Um irmão de outra tribo não pode dar-lhe conselhos. O orgulho denominacional agradece e  dispensa já que tal ‘irmão’ não tem ‘autoridade espiritual’ pra isso. (Chega a ser hilário).

A grosseria travestida de irreverência fica por conta da analogia tosca do soldado com a menina sentada ao seu lado com uma bíblia em cima da saia curta. Note-se a ênfase para a saia curta. O nome que se dá a isso é moralismo velado. Se a saia é comprida a menina é cheia de ‘virtude’. Tá certo. Vai vendo. Ironiza o “TO GERAL” da menina, mas não se liga que soberba, orgulho e prepotência, é dizer que não escuta outra pessoa a não ser as 'autoridades espirituais' de sua igreja. Nem atenta para a multiforme Graça  que nos diz que  a menina da 'geral', de repente, está muito mais livre e acessível para ser de Cristo, do que quem está PRESO a regras denominacionais.

E, assim, enquanto ele debocha da menina, o Espírito de Deus vai agindo... O Espírito que ATUA no nível da consciência. Na conscientização. A partir da conscientização - que veio do Espírito de Deus – é que começamos a dar ouvidos ao que falam ao nosso redor, é que prestamos atenção ao que está se dizendo; é quando se passa, verdadeiramente,  a ter uma vida ética, honesta e fraterna diante da comunidade em que vive. Não tem absolutamente N.A.D.A. a ver com chefe, com guru, com 'autoridade espiritual'. Quando agimos de modo que sabemos que desagrada a Deus, o Espírito Santo é quem nos dá as coordenadas de como sair daquele vacilo. Desculpe-me, mas eu não preciso dessa orientação pastoral segura que ele apregoa. Não há nenhuma autoridade espiritual de nenhum pastor que funcione num comportamento de um indivíduo! Isso é tarefa de Deus e mais ninguém! No máximo, a pessoa confusa pode pedir um conselho e, coitada, se for a um desses moralistas de plantão, vai se encher é de culpa e remorso.

A ironia máxima é criticar quem é orgulhoso e prepotente por não se submeter ao crivo de uma hierarquia eclesiástica, enquanto se coloca (e aos seus pares) acima de Jesus desde o início da pregação até o final. Encoraja-nos a pedirmos discernimento a Deus... Até me surpreendi por um segundo, já que foi o único momento lúcido. Mas foi só um segundo já que o que veio em seguida foi proselitismo DESCARADO! Que, aliás, já havia começado lá no início também. Porém, o ápice do discurso anti-evangelho acontece quando ele diz: “Aqui é o meu lugar”.  E, em seguida, aconselha o ouvinte a tomar uma decisão 'sem forçação de barra'. E a isso que ele fez desde o início da pregação, dá-se o nome de quê mesmo?! Pra fechar com chave de ouro essa pérola de pregação, Ed René Kivitz encerra com uma verdadeira ‘judiação’ lembrando que mostrou o MAPA do lugar, do espaço físico em que se deve adorar. Ali é onde Deus vai abençoar! Segundo suas próprias palavras, a Bíblia ensina-lhe a ser de um LOCAL, de UMA INSTITUIÇÃO.

Lembro-me de ter escolhido ficar na Episcopal justamente porque no final do 'Cursilho de Cristandade' que participei durante quase 4 dias, o pastor falou; 'quem não tem uma igreja seja bem vindo, se quiser ficar com a gente, será recebido de braços abertos. Quem já tem sua igreja volte pra ela e pregue o Evangelho'. Me apaixonei ali na hora rss Uma igreja onde ‘dirigentes’ são cheios de falha, e, portanto, não os quero para serem meus gurus. Claro que dou graças a Deus por ter colocado certas pessoas na minha vida quando ainda verdinha na fé; mas também por as ter retirado quando Ele viu que eu já podia começar a andar com meus próprios pés; conforme a consciência concedida pelo Espírito que me convenceu a seguir, SEMPRE, O Único Modelo que vai me ensinar, continuadamente, para que serve estar em ajuntamento e para que serve o Amor que ele tatuou em meu coração; de maneira que eu não me deixe empedrar por doutrinas aclamadas por dirigentes apavonados por um sistema religioso que tem a ‘função’ histórica de transformar evangelização em profissão.

(Adaptado a partir de comentário feito AQUI)