"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sexta-feira, 31 de maio de 2013

'Ex facto oritur jus' - Do fato nasce o direito, a lei.

“O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. 
Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. 
Anencefalia é incompatível com a vida.” 
(Marco Aurélio Mello, ministro do STF, relator do processo)




Irmã Regina. Como falou em democracia, me encorajou escrever discordando. Muito antes de ser crente, já era contra o aborto em qualquer situação, e continuo sendo, mais ainda por princípios (não denominacionais). Independente do tempo de sobrevida do feto (criança, ser humano), ou do risco à gestante, penso no aspecto prático. O que estou praticando? Enfim, o que estou fazendo é certo? O que estou interrompendo? E minha fé, não permite vislumbrar a esperança de um milagre? Pois confio em Deus... De qualquer maneira, será que um feto anencefálico não sofre, não sabe o que está acontecendo? Não tem direito a poucas horas ou poucos minutos de vida? Bom, faço essas perguntas em forma de reflexão para somar e não para contender. Continuarei respeitando quem tem essa opinião, mas discordarei dessa prática sempre. Deus abençoe.

Olá, Márcio.
Então...
Exercício da democracia (numa linguagem mais informal) é isso. Dizer o que se pensa sem agredir ou querer impor a própria forma de pensar. MAS, TAMBÉM, sem levar para o lado pessoal nem colocar rótulos, nem xingar, nem ficar com raiva de quem divergiu. Aprecio isso demais! Digo isso porque essa postagem já rendeu cada uma... Vou dizer - reafirmar - o que eu penso (pra variar rss) mas veja lá, quero ser sua amiga sempre, viu? ;) E, principalmente, irmã em Cristo!

Pois muito bem...

A descriminalização acontece justamente para que se faça uma escolha. Para que respeite a opinião e a escolha de cada um. Faz quem quer. Não é obrigado. Ninguém está impondo nada. Mas que foi bem informado, isso não se pode negar. Portanto, ninguém venha dizer que não houve informação. Além do mais, a pessoa só pode formar uma opinião a respeito de um assunto depois que fica a par de todas as informações. Particularmente nesse assunto, onde inúmeros casos dramáticos culminaram em sua legalização.

Por tudo isso (sem querer impor minha ideia), eu não sei se você leu bem direitinho tanto na questão bastante esclarecedora do âmbito legal como, PRINCIPALMENTE, do âmbito médico, que respalda o primeiro com muita seriedade, segundo a OMS.

Pra começar - como diz o texto - descriminalizar significa deixar de ser crime. Isso quer dizer que o direito de abortar o anencéfalo tem toda uma história, um contexto, não surge do nada. Como diz a máxima em latim, do fato nasce o direito (no caso, do feto). Pois, depois de inúmeros casos bem pessoais de risco de vida analisados, foi que se chegou a essa resolução jurídica.

Desculpe discordar, mas isso não tem nada a ver com fé. Tem a ver com conceitos que se formam a partir de culturas repassadas e que se dá o nome de preconceito (pré - conceito = conceito formado ANTES de conhecer a situação em sua amplitude, em todas as suas nuances). Tem a ver com nossas crenças, com certos princípios, com a cultura religiosa, com o ambiente em que se vive. Enquanto, na verdade, trata-se de uma realidade sem volta que põe em risco a vida da mãe. É duro, mas é simples de entender, é só atentar para a clara explicação médica. 

Muito antes dessa aprovação houve milhares de casos que foram levados ao juiz da própria comarca e que muitas vezes (pela morosidade do processo) a gestante veio a sofrer riscos terríveis, além de abalo emocional e psicológico; e no fim, a gravidez veio a termo e com um final sempre triste.

Bem, os casos foram inúmeros, mas consta no histórico desse processo, um caso particularmente dramático de uma menina de 16 anos que teve uma gravidez sobressaltada do gênero, noites e noites de angústia, tendo hemorragias constantes e que, correndo sério risco de vida, teve que se sujeitar à espera da decisão judicial. E, quando tal decisão saiu, já havia ocorrido um parto complicado com o bebê natimorto. Você tem noção do que passou essa menina durante esses nove meses? Você gostaria que ela fosse uma irmã sua ou sua esposa? Você acredita mesmo que ela é uma menina desalmada, sem princípios, sem Deus na sua vida?

Não são poucos os juízes que – mesmo sendo contra, devido a esses mesmos princípios que você alega - tiveram que assinar autorização, por causa de situação idêntica que essa menina passou. Veja no link abaixo o caso de um magistrado, que teve que deixar suas convicções de lado e usar o bom senso; conscientizando-se e reconhecendo - pelo conhecimento médico e jurídico - que o principal objetivo era 'resguardar a incolumidade física da mãe’. E eu vou além, dizendo que se deve resguardar não apenas a incolumidade física porque afinal, não tem como se fazer uma dicotomia do ser. Veja que ele não poderia tomar uma decisão de forma parcial, de acordo com a carga de informação cultural que recebeu; é então que sabiamente, o magistrado repensa e toma uma atitude flexível. É disso que falo. Foi esse meu enfoque quando fui rotulada de relativista. Entretanto, o que eu tenho aprendido na vida é que não podemos ser inflexíveis e intolerantes diante das situações que surgem.


Veja, não digo que é o seu caso, mas eu tenho muito cuidado com esse extremismo em nome da fé. Não podemos radicalizar e simplesmente dizer, ‘sou contra’. Os casos não surgem do nada nem simplesmente de uma vontade torpe, uma infantilidade, uma leviandade ou mera vaidade. Não tem absolutamente nada a ver apenas com querer abortar por ser feio ou incômodo. Trata-se de um caso totalmente atípico. Também não tem nada a ver com outras deficiências perfeitamente compatíveis com a VIDA como, por exemplo, no caso do ‘down’. Isso é outra história completamente diferente!

Eu sei que é polêmico e forte o que falo mas, na minha opinião, repito, isso não tem nada a ver com fé. A meu ver, é justamente o contrário. É querer que Deus desfaça o que Ele mesmo fez. É forçar uma barra de  algo que se apresenta muito claro e que só não vê quem não quer. As pessoas não se conformam com a realidade e creditam isso a uma falsa fé que, na verdade, é um conjunto de crenças que lhes foi repassado culturalmente. Na fé, ao contrário, a pessoa (ou o casal), doido pra ter um filho, diz assim: ‘que pena que ainda não foi dessa vez, mas eu creio que vou ter um filho’. Na fé, a pessoa diz, 'se eu não puder ter um filho, eu adoto'. Na fé, a pessoa diz 'se não der pra ter um filho nem adotar, eu fico sem filho, tanto sobrinho que eu tenho'. Eu conheço uma 'bá' que nunca teve filhos (e deve haver um montão delas espalhadas por aí), que cuidou dos quatro filhos da casa e dos filhos destes, com toda alegria e zelo, como se fossem seus.

Eu nem acho mais que seja desinformação porque os veículos de informação são tantos e tão contundentes que isso não é mais problema. A insistência reside mesmo é na crença, e, consequentemente, na falsa esperança que essa crença instala nas pessoas, iludindo-as. Junte-se a isso a negação de um possível sentimento de culpa que venha a acometer tal mãe, gerado pela superstição religiosa.

Tenho um caso concreto de uma menina, nora da diarista do domingo na casa da minha mãe. O médico lhe disse que se ela quisesse ele faria o aborto e que ela estaria respaldada diante da lei. Ele explicou-lhe tudo, claramente. Fez explanação detalhada sobre TODOS os riscos que ela estaria correndo e a situação do feto pós-parto; que, infelizmente, nem se pode chamar de bebê porque ele jamais teria uma vida de bebê, já que a única porçãozinha cerebral desenvolvida, apenas sustenta respiração e batimento cardíaco de forma precária e, ainda assim, por pouquíssimo tempo. Pode nascer morto e pode perdurar esse sofrimento por algumas horas ou por uns meses. No caso dela foram sete meses. E ela, diante de todo drama, dizia o tempo inteiro que acreditava num milagre, mesmo o médico deixando muito claro acerca de todos os prognósticos e, ela mesma, experimentando diariamente todo o amargor do que ela já sabia. Foi uma escolha pessoal que lhe cabia? Claro. Mas aí é que está a questão. É uma escolha. Só não podemos delegar a ‘princípios’ que podem perfeitamente ser revistos e questionados, sob pena de reinarem, se não os misticismos, mas a radicalização e a intransigência que embaçam o bom senso.

Finalmente, reproduzo aqui mais uma vez o que disse, com muita propriedade, Luís Roberto Barroso, professor titular de Direito Constitucional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que formulou e apresentou a ação no STF.

"Em primeiro lugar, a interrupção da gestação em caso de feto anencefálico não constitui aborto, mas sim de fato atípico, segundo o jargão jurídico. Nós ainda acrescentamos nesse tópico que não há, no Direito brasileiro, uma definição do momento em que tem início a vida, porém existe uma definição do momento da morte: é quando o cérebro para de funcionar. A lei de transplantes de órgãos considera a morte como a morte cerebral, encefálica. Nós argumentamos que, no caso do feto anencefálico, ele não chega nem a ter um início de vida cerebral, porque o cérebro não se forma”. (Grifos meus -RF)



quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Diário de um Devoto ao Santo Legalismo



Domingo – Querido diário ungido pelo óleo de Israel, com a unção nova de profecia que recebi nesse culto tremendo de hoje, minhas palavras aqui escritas serão proféticas. Toda palavra contrária lançada sobre minha vida que aqui relatar, voltará sete vezes mais forte contra meus inimigos. Hoje no dia do Senhor, fui à casa do Senhor, aprender mais sobre o que dizem que devo acreditar, aprendi novas formas de batalhar espiritualmente, me disseram que se não souber explicar minhas crenças é porque estou sendo perseguido. Aprendi finalmente, que quanto mais absurdas as coisas nas quais eu acreditar, melhor serei. Acredito, acredito e acredito simplesmente assim, pensar é para os céticos que arderão no inferno. Glória a Deus por esse maravilhoso dia de revelações, Deus é tão maravilhoso que nem precisei abrir a Bíblia para confirmar as profecias que me foram dadas, tudo foi confirmado no meu coração.



Segunda – Hoje jejuei em prol da restituição que determinei no domingo. De quebra orei por umas duas horas pra ver se alcanço essa benção mais rapidamente. Um colega de trabalho criticou um líder da minha igreja; que a ira divina seja sobre a vida dele. Incrédulos! Não sabem da consequência daqueles que tocam nos ungidos do Senhor.


Terça – A campanha das sete portas abertas começou hoje! Foi uma benção! Fizemos um corredor de fogo onde as pessoas eram batizadas no Espírito Santo, falando novas linguas. Levei um amigo ímpio, ele achou o culto meio “zoneado” e disse que Deus não age daquela forma. Quem é ele pra criticar o mover de Deus? Sinceramente, só levo essas pessoas pra igreja porque senão Deus vai me cobrar o sangue delas.


Quarta – Hoje foi um dia atribulado, o diabo está furioso! Espero que Deus veja minhas orações como suficientemente fortes para que o diabo não prevaleça nas hostes celestiais, vai ser uma batalha grandiosa! Culto de Libertação; alguém deixou um travesti entrar na igreja, não perdi a oportunidade de falar sobre eles na hora que me deram oportunidade, Deus odeia gays e libertinos. A palavra foi tão forte e divina que o travesti não aguentou o poder da Palavra e se retirou. Deus, salve aquela vida para que eu possa amá-la!


Quinta – Aparentemente o jejum de segunda não teve muito efeito, hoje fiz outro só pra não deixar Deus em dúvida sobre minha sinceridade. Dia atribulado, vou ter de começar outra campanha contra as investidas de Satanás.


Sexta – Hoje irei para uma vigília, nunca entendi o sentido de se ficar acordado, isso pouco importa, dizem que Deus gosta de sacrifícios. Também, pra ficar dando esse tanta de coisa que me foi prometida: carro e casa própria, Ele com certeza vai querer algo em troca.


Sábado – A vigília foi realmente tremenda! Meus amigos de trabalho me chamaram para sair, recusei categoricamente, me lembrei que falaram na igreja sobre um versículo que dizia: “maldito o que se assenta na roda dos escarnecedores”. Fui para evangelização, enquanto distribuía folhetos me perguntaram algumas coisas sobre minha fé e sobre o que os líderes da minha igreja andavam fazendo, disse que era perseguição religiosa, afinal o diabo estava furioso pois tínhamos declarado que o Brasil era do Senhor Jesus através de uma nova palavra dada no começo do ano. Ano temático do Lobo, glória a Deus por essa palavra dada aos meus apóstolos!


Domingo – Fazendo uma retrospectiva dessa semana, só tenho a agradecer aos jejuns e orações que fiz, Deus finalmente ouviu minha oração e me fez mais uma promessa: vou também montar uma empresa, a mesma promessa dada a Abraão foi dada a mim, serei próspero. Só espero que Deus cumpra sua parte no trato, a minha estou fazendo, sou um legalista de primeira, rejeitei o cristianismo para viver uma vida de santidade e beatitude segundo essa nova visão.


CLÁUDIO COSTA

Grifos (negritos) meus - RF

sábado, 18 de maio de 2013

O pecado de se pretender justo



“Não sejas demasiadamente justo”
Eclesiastes 7.16
 
Ao que o Eclesiastes se refere? Quais os seus motivos para aconselhar assim? Ele contradiz o senso comum religioso e merece atenção. As conotações de um breve versículo são diversas.
Não se exceda em justiça. O inferno do legalista queima em fogo lento. De boca tesa, o santarrão caleja os nervos; vara anos sem rir. Ele apaga as luzes ao seu derredor para o mundo permanecer soturno. Para o piegas os critérios da lei serão inclementes na pele dos outros e passíveis de interpretação quando exigem que ele fure um olho ou ampute uma perna. Na Bíblia, o fariseu exibe sua demagogia numa esquina e o pecador, alvo da misericórdia é acolhido por Deus. Na história, Jean Valjean ilumina a vida e Javert morre no abismo devido à justiça implacável e inegociável que lhe mobilizou.
Não se pretenda perfeito. A casa do puro, caiada de branco, lembra os sepulcros – sem mancha no exterior e podre por dentro. Sem nunca suar, o perfeito se escandaliza com as inadequações alheias; sempre voluntarioso para erguer um cadafalso para quem tem qualquer defeito que lembre os seus, esquece que a misericórdia não chega aos que vivem impiedosamente. O argueiro no olho do outro o importuna mais que a trave no seu.
Não se veja irrepreensível. O caminho do imaculado se alonga em veredas de solidão. Encerrado em seu casticismo, o puro teme se contaminar com o próximo. Qualquer amizade o intimida. O saltimbanco que brinca à luz do dia, o tortura. O prazer o esmaga.  Qualquer desejo o empurra para a culpa.
Não se considere abnegado demais. A vida do altamente comedido o faz inodoro, insosso, incombustível. Revoltado com os que se arriscam, ele não tolera erros. Intransigente, apedreja os que tombam tentando. Onipotente quanto à sua moderação, menospreza o coxo que se supera, o vacilante que se expõe e o inseguro que ousa.
Não se arvore de ser correto.  O convívio com o lúcido, que se vê portador da verdade, é chato. Julgando-se guardião do absoluto, o correto se assume mensageiro exclusivo do divino e conquistador da ignorância universal. Ele vive convicto de ter o manejo do ruah (espírito) divino. Dogmático, projeta sombra sobre a beleza da poesia, já que as verdades devem ser organizadas como uma marcha militar.
Não se coloque como exato. O mundo do beato se alicerça na aparência. Ele precisa de máscara, fantasia, cera, qualquer coisa para encobrir concavidades na alma, agudezas no espírito e asperezas no coração. Agachado por detrás de conceitos decorados, prefere contraprovar um argumento a ter que encarar a subjetividade no seu interior.
Prefira ser humano, demasiadamente humano. Só os fortes se sabem frágeis e só os mansos, os que optam pela não-violência, herdarão o porvir. Os imperfeitos, não os probos santos, provam o doce mel da graça. Os defeituosos, vazios de se pretenderem divinos, serão elogiados por Deus. Só no desprezo ao poder se encontra a vida.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa?!






Certas frases soam tão bem que parecem até ser verdade. Uma delas é essa frase de “Miss Universo” recitada do livro “O Pequeno Príncipe”.

Nunca vi uma receita de doença ser escrita com tanta beleza e aparência de verdade! De fato, estou escrevendo isto apenas porque hoje recebi alguns e-mails de gente me dizendo basicamente o seguinte:

“Puxa, mandei uma carta pra você fazendo perguntas e abrindo o coração, e você nunca me responde. Continuo amando você apesar disso. Mas quero que você saiba que me cativou. Por isso, quero resposta. Me responda, porque eu amo você”.

Todo mundo gosta de ser amado, mas eu já tive mil vidas de amor por mim que quase me mataram.

Sim, pode-se ser vitimado e morto por esse tipo de amor “Pequeno Príncipe”.

Só Deus sabe as centenas de viagens que não podia fazer mas fiz. Tudo por causa do sequestro do “amor”.

Só Deus sabe quanta coisa minha, pessoal, essencial, e de profunda significação, deixei de fazer, apenas porque estava sequestrado por esse tipo de amor que ama convenientemente transferindo responsabilidades para você.

Não, meus amigos! Não estou mais sequestrado pelo amor dos que barganham!

Esse tal amor é barganha infantil e profundamente sequestradora. E tem gente que só ama assim: em troca de alguma coisa — preferencialmente em troca de você, de sua alma.

Esse amor, hoje em dia, eu o discirno de bem longe. Não me diz mais nada. Enfartei dele!

Esse amor é amor de vampiro!

Tal amor é doença e gera co-dependência. Você fica sequestrado pelo outro, sendo que o outro obriga você a ser dele sem que você possa ser, posto que nunca pediu para ser, muito menos para ser daquele modo e com aquelas cobranças. É como ir andando na rua, ser achado bonito, e, em razão disso, ter que ceder a todas as cantadas. Afinal, você cativou pessoas, e, supostamente, não se pode deixar de aceitar responsabilidades por ter gerado algo tão divino nos outros.

Tudo bobagem! Narcisismo bondoso, porém, ainda, narcisismo! Eu, todavia, já fui vitima disso, e sei que quando você se arrebenta contra a penha da existência, os seus “amantes cativados” acusam você de os haver traído.

Ah, quantos amigos desses eu tive! E onde andam? Cobravam-me presença, atenção, responsabilidades, se diziam irremediavelmente meus discípulos, culpavam-me de os haver convertido e de os haver apresentado um evangelho tão belo, de tal modo que ou eu os atendia ou tinha que viver com a acusação desses amantes cativados.

Fiz tudo para agradar a milhares e milhões de amantes fraternos!

“A minha vida, ninguém a tira de mim; eu espontaneamente a dou...” — ensinou-me, na prática, o Senhor.

Assim, meus amigos, escaldado e livre, esse gato já não tem donos terrenos que pelo “amor de vampiro” o possam impressionar. Antes, eles tiravam de mim. Hoje, meus queridos, eu dou!

Faço só o que posso, e não estou num concurso de amor fraterno. Podem amar a quem desejarem. Fico feliz quando vejo as pessoas amando, não sinto ciúmes de ninguém que seja mais amado do que eu.

No entanto, saibam todos: o Bom Pastor, que conhece todas as ovelhas e que pode cuidar de todas, só há um: JESUS! Ele é o Único Pastor porque somente Ele pode cuidar de todas as ovelhas. E mais: somente Ele pôde dar a própria vida e depois reavê-la. Esse mandato, todavia, eu não recebi de meu Pai.

Eu —meu Deus!— mal dou conta de meu dia!

Assim, amigos, me escrevam. Deus sabe como faço tudo isto aqui com todo amor. No entanto, saibam: eu não estou sequestrado pelas afirmações do amor de ninguém por mim. Sou responsável por tudo aquilo que eu puder ser, mas não sirvo às neuroses da falsa bondade. Eu me amo o suficiente para não me deixar mais sequestrar pelo amor barganhante de ninguém.

E mais: minhas prioridades, essas eu decido. Nunca mais pretendo deixar que ameaças de amizades forcem o curso de meu caminho.

Afinal, meus amigos, eu também amo, e, também, escolho dar amor a quem quero — pelo menos esse amor que envolve amizade e compromisso. E como sou apenas um, posso apenas aquilo que um único um pode.

Quem puder mais do que eu, não me cobre; por favor, me ajude!

Um beijo,


(Negritos meus-RF)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Por TUDO dai graças!



Acho que o autor não foi muito feliz na sua analogia AQUI, embora eu assine embaixo da primeira parte do primeiro parágrafo dele. E não que sejamos gratos pela dor que estamos passando, mas por termos Deus na dor que estamos passando. E mais: ser evangélica não significa ter essa percepção. Essa evangélica (com todo respeito pela sua dor) é só um exemplo de milhares delas que conhecem apenas a soberania da doutrina do Deus aprisionado e não conhecem o Deus Soberano da doutrina que lhe foi ensinada. 

Aí está todo o drama interior do cristão, como aconteceu com outro dias atrás que fala, fala, fala e no fim se denuncia um pobre coitado que CONFESSA preferir não arriscar; e então se agarra com unhas e dentes às crenças da doutrina com a qual foi acostumado e viciado durante toda a vida; doutrina essa, tendo-lhe sido repassada e sendo repassada a todos os familiares, e todos viveram felizes e equivocados para sempre. Gratidão EM TROCA? Ser grato, sim, mas refém dessa gratidão? Ter que ralar e dar um duro danado sem o menor sentido para mim apenas PORQUE fui resgatada? É esse o preço? E tem preço?!


Tudo bem que a vida plena, a vida em abundância que Jesus nos propõe - e que já se inicia aqui na terra - não significa simplesmente uma rede, uma sombra e a água bem fresquinha. Bem como, ralar e ralar dia e noite, sem qualquer motivação interior e só em função da gratidão de quem me resgatou, é algo meio vazio e superficial, que finda por gerar em meu ser apenas sentimentos ruins, não me parecendo exatamente uma proposta de vida plena. Jesus disse no mundo tereis aflições. Ele não disse: no mundo tereis aflições. Eu conheço uma irmãzinha (essa já se tornou foi cínica!) que, para justificar as porradas frequentes que leva do marido, adora citar essa fala de Jesus. Há de haver gratidão eterna? Sem dúvida! Mas também um sentido maior e que está além de uma troca de favores.Acho assim: por tudo dar graças. Ponto! O problema todo é que as pessoas religiosas APRENDERAM que dar graças só está ligado a coisas boas. 




Tenho um exemplo bem recente:

Dias atrás, na recepção da UTI em que minha mãe estava internada, ouvi uma pessoa (um crente confesso!) dizer ao telefone: 'pode começar a dar graças a Deus porque ela já está fora de perigo, se recuperando'. Confesso que me controlei para não entrar naquele diálogo. Ou então eu entendi muito mal aquilo que ouvi. Vai saber... Mas, sem querer julgar a pessoa em questão, não posso negar que a frase em si me chamou à atenção.



Quer dizer que no momento do 'perigo' a gente pára tudo?! E ninguém dá graças a Deus nesse meio tempo?! Eis aí um dos maiores equívocos dos religiosos. Porque dar graças a Deus não se resume a um costume cristão de ir lá no templo, se ajoelhar e agradecer a Deus por determinada situação acontecer batendo exatamente com o que eu queria, com o que eu estava desejando.


Dar graças a Deus é reconhecer que Ele está no controle de tudo. Daí o mote: 'por TUDO dai graças'. É ter planos, ser disciplinado nos intentos, no que se almeja pra sim, mas por mais que se emaranhe nas  próprias racionalizações, ter a certeza, lá no âmago do ser, de que será como Deus quiser. Que bom quando o sonho da gente se alinha ao sonho d'Ele! Mas isso não pode nos remeter ao extremo do nosso espírito pagão de que o mérito é nosso e que Deus reconheceu; nem tampouco o outro extremo, igualmente pagão, de que vou ter que me sacrificar e me sujeitar à doutrina porque Deus me atendeu. Isso me lembra do espírito pagão da troca que havia em Naamã quando restaurado de sua lepra (2Reis 5) pelo profeta Eliseu, e que, mesmo reconhecendo que em toda terra não havia outro Deus senão o de Israel (5.15) queria, insistentemente, dar um presente ao profeta que o recusou. E quantas variedades de Naamãs existem no mundo evangélico por aí...


Há uns anos eu dei certo suporte a um casal de crentes (batistas) que veio do interior pra daqui seguir pra os EUA onde o filho estava para ser operado de várias cirurgias delicadíssimas em função de grave acidente de carro que colocou sua vida em alto risco. A primeira foi de amputar a perna, antes mesmo de eles lá chegarem. E as outras cirurgias, não menos delicadas porque várias costelas estavam quebradas comprometendo (e perfurando com hemorragias) os órgãos vitais que elas protegem. E os pais, enquanto resolviam questões burocráticas de renovação de visto e tal, passando ainda aqui alguns dias, deram uma lição do que seja vida com Deus, verdadeiramente. Em nenhum momento eles se desanimaram ou deixaram de dar graças a Deus por tudo. E eu, que imaginei estar-lhes dando suporte, entendi que eles me deram outro tipo de suporte ensinando-me o que é necessário e na exata medida. Era impressionante constatar tamanha fé mesclada com imensurável dor. Mais impressionante era testemunhar em seus espíritos a certeza de que Deus estava no controle de tudo e captar aquela estranha paz que está além de qualquer entendimento. E, embora ainda esteja no Jardim da Infância desse aprendizado para uma vida prática genuinamente cristã, para mim isso é dar graças a Deus! O resto é vício religioso.

RF.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Fragmentos de 'diálogos' nada virtuais...



Joao1 disse:
Regina, responde-me uma pergunta. Aquele que diz da boca para fora que está arrependido, e continua na mesma, arrependeu-se de fato?

Regina Farias disse:
João, você está lembrado que disse que eu não te engano com meu amor fingido? É claro que eu não me ofendi, e isso já te disse. Afinal o ser humano é assim mesmo, vive se precipitando e fazendo mau juízo dos outros. Eu sou assim, você é assim, todos somos assim, uma hora ou outra nos pegamos fazendo isso por causa da nossa limitada percepção das coisas.

Mas vamos ser coerentes. Você achar que sou fingida não fica estranho me perguntar acerca de arrependimento? Qualquer coisa que eu te disser vai te soar fingido porque você já criou uma capa de defesa e proteção contra minha fala. Porém, como sou educada - e mesmo sabendo quando se trata de uma pergunta capciosa - vou tentar responder sem a pretensão de querer te convencer de alguma coisa. Afinal, Quem nos convence é o Espírito Santo. E eu não tenho essa petulância, como li de um comentarista que estava tirando a venda dos olhos de outro. Isso é atributo exclusivo de Deus.

Já foi dito de diversas formas aqui qual é a sequência numa conversão e a consequência natural dela. Porém, como diria Paulo: ‘… o querer o bem está em mim, não porém o efetuá-lo. Porque não faço o bem QUE PREFIRO, mas o mal que NÃO QUERO, esse faço’. Por mais que pareça contraditório, esse é o perfil do arrependido, do convertido. Surpreendendo-se a si mesmo como réu confesso. Para mim, esse é o retrato do processo de crescimento na conversão e que não tem a ver simplesmente com ‘obedecer à Lei religiosa’. Pois, mesmo que se insista em bater na tecla do cumprimento mecânico de uma lista do bonzinho arrependido, é justamente aí que está a armadilha, a sutileza do vício religioso cuja cilada é alimentar o cinismo e a hipocrisia.

Arrependimento não é algo pronto e acabado, é uma coisa constante. Você tem um arrependimento genuíno inicialmente quando a ‘ ficha cai’, mas é um processo pra vida toda. Porque conversão é todo dia, é não se conformar, não se acomodar, é renovar a mente, como disse Paulo. É confessar-se todos os dias ‘dando razão a Deus’, mas com naturalidade, com um olhar limpo e desimpedido das ‘obrigações de crente’, livre das vestes de religioso. Sendo apenas um ser humano que SABE que depois de uma experiência real com Jesus não tem como fingir diante de Deus. Porque ele SABE que não tem nenhuma outra alternativa fora da Graça.

A bíblia nos diz que Pedro chorou amargamente depois que negou a Jesus. Simplesmente porque uma vez que essa revelação se instala em alguém – ainda que não haja garantia de perfeição – essa pessoa SABE que não há qualquer opção senão a Graça experimentada. E aí ele se arrepende e volta. E vacila, e faz bobagem e se arrepende. E volta. Como Pedro fez. Como 'o filho pródigo’ fez. E se arrepende. E volta. E erra e cai e se levanta com a ajuda de Deus. É isso. 

Não tem uma mágica, uma mudança estática. É algo dinâmico. É crescimento. É amadurecimento constante. E se ele está sendo fingido, cínico, fraco, ou seja lá o que for, não é ‘ministério’ nenhum que vai determinar isso. É Deus e somente Deus! Só Deus conhece o coração de cada um e sabe se é fingimento ou sinceridade. É uma sintonia, uma ligação de Espírito com espírito cujo acesso já foi realizado por meio do Sacrifício Perfeito e que não cabe mais nada além dessa ligação.

Diante disso repito apenas o que disse Jesus sobre sua ‘religião’ e seus mandamentos:

‘Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns com os outros’.

Porque Deus não tem nenhum altar de culto fora do amor ao próximo. E, neste amor que Jesus manda amar, está incluído todo o comportamento adequado diante do nosso semelhante. Nenhuma visita a órfão ou viúva servirá de nada se for feito apenas pela obrigação agendada na cartilha religiosa; tem que haver um sentido bem maior, até porque se não for por amor, de nada se aproveitará.

Parece que a gente está dando liçãozinha, mas é tão simples o que agrada a Deus e que tem a ver apenas com o nosso comportamento com o outro. E que nada tem a ver com regrinhas extraídas das cartas apostólicas. Tem a ver com vida coerente, sincera, verdadeira, e acima de tudo ética e que esteja conforme o respeito,a solidariedade e o cuidado para com o próximo.

É chato ter que repetir o que já se disse, mas não tem outra forma de dizer a proposta simples do Evangelho e apenas vivê-la com sinceridade. Somente isso. É de uma simplicidade tão desconcertante que o religioso que se diz PERTENCER a uma denominação não consegue entender.




sábado, 11 de maio de 2013

Então louve, simplesmente louve!



Toda a Terra e atá a natureza participam da alegria de adorar ao Senhor.
Como diz o cântico do salmista:
Alegre-se o céu e a terra exulte
Folgue o campo e tudo que nele há,
Regozijem-se todas as árvores do bosque
Na presença do Senhor.
………
Ruja o mar e a sua plenitude
O mundo e os que nele habitam
Os rios batam palmas,
E juntos cantem de júbilo os montes.
………..
Derretem-se como cera os montes
Na presença do Senhor.
………..
O salmista diz para o homem louvar a Deus não apenas com harpa e flauta (instrumentos de sons maviosos e suaves), mas também com instrumento de corda e com címbalo (instrumento de PERCUSSÃO!) sonoro e retumbante. 

Da boca dos homens, o louvor deveria ser algo que flui naturalmente do âmago do ser, e não apenas uma coisa restrita e limitada para quem tem ‘dom’, estudo formal ou local e hora de adoração agendada. 

Como diria Paulo aos efésios: ‘falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a Deus, nosso Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo’ .

O louvor genuíno deve fluir do coração em qualquer circunstância: em tempo de sofrimento, de desânimo, de tribulação, de tentação… Simplesmente porque Deus é digno de louvor. Em qualquer situação!

O que passar disso é acréscimo de homens.

RF.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Que cristão sou eu?!




Está ficando enfadonha essa repetitiva técnica de catar uma frase solta na intenção de pegar outra pessoa em contradição e constrangê-la nos comentários. E se fosse apenas repetitivo e enfadonho, vá lá. Até aí tudo bem, afinal cada um que absorva e administre seu grau de paciência (afff!) na hora em que for ler os comentários. O problema é que, justamente pela repetição, já deu pra perceber até demais que a colocação é bem tendenciosa e maliciosa.

Geralmente, quem lança mão desse artifício não tem muito o que dizer do texto em geral, então procura algo que possa comprometer sua autoria. E, mais grave ainda! – algo para distrair a atenção do que se está dizendo, com a finalidade de denegrir a imagem da pessoa em questão. Duas leviandades num pacote só. Por que será que isso me faz lembrar os fariseus na cola de Jesus pra pegá-lo em contradição e desmerecê-Lo?! E até já houve quem dissesse que isso era tática de simpatizante. Será que aqueles intransigentes simpatizavam mesmo com Jesus? Então, se eles tinham simpatia por Jesus eu imagino como seria se fosse perseguindo… Ué! E não era?!

Lamentavelmente, algumas pessoas não sabem discutir ideias sem conseguir levar para o lado pessoal, tendo sempre que dar um toque malicioso de achismo sobre o estilo pessoal do outro, quando não acusa, aponta, rotula e traça o perfil do outro precipitadamente e sem nenhum constrangimento. Há quem vasculhe o blog da gente pra procurar algo que queime nosso filme.  Lembro-me de uma frase jocosa mas verdadeira, dessas de facebook,  que diz assim: ‘se você for falar mal de mim, me chame, sei coisas terríveis a meu respeito’. Sim, porque muitas dessas pessoas equivocadas pensam que, se estamos falando do amor de Jesus é porque nos achamos perfeitinhos e então inicia uma devassa na vida pessoal da pessoa com os instrumentos que possui, faz uma tosca análise pessoal e a expõe só por pura maldade. Alguns chegam ao cúmulo de denegrir, descaradamente, a imagem do pai e da mãe da comentarista, como fez comigo um senhor 'cristão' bem adulto, e já avô, esquecendo-se que quando se julga, imediatamente está se expondo ao julgamento também.

O termo ‘cristão’ nos remete a alguém se parecer com Cristo, andar como Cristo, pois assim foram chamados (rotulados) os que O imitavam. E o termo ‘ortodoxo’ refere-se ao que defende com unhas e dentes leis e regras.  Enquanto Jesus – pelo Seu imenso Amor – foi o primeiro a quebrar regras rigorosas da lei mosaica. E ainda há quem se apavone equivocadamente e se auto rotule como ‘cristão ortodoxo’... Aí eu fico a me perguntar: como assim?! E aí eu me pego criticando... Igualzinha aos outros que me criticaram (risos). Afinal, quem critica está exposto a críticas também...

Vejam que Paulo, escolhido a dedo pelo Mestre, mesmo assim deu os seus vacilos!  Só que,  muitos denominacionais o comparam a Jesus e quase chegam a acreditar que ele é a Quarta Pessoa da Santíssima TRIndade, confundindo suas ordens disciplinadoras com o Evangelho, escandalizando-se com certas referências a São Paulo. E não é de hoje que se percebe essa confusão onde as cartas de Paulo – endereçadas especificamente e muitas vezes como disciplinadores puxões de orelha – são transformadas em pontos doutrinários em nome de Jesus. Por acaso Paulo não é um homem igualzinho aos outros? Sendo réu confesso em suas cartas, ninguém melhor do que ele mesmo para dizer que é falho como qualquer mortal. Demonstrando humildemente ser passível de erro como qualquer outro ser humano na face da terra.

A contradição é o ódio que exala do coração opressor de algumas pessoas cristãs que se manifestam contra quem fala diferente delas.  Pois, como diria o Mestre, a boca fala do que o coração está cheio.Ora, convenhamos: é urgente descer do pedestal religioso e ter um mínimo de humildade e coerência. O que mais me entristece é que são pessoas que confessam o mesmo Jesus.  Porque, se não fossem pessoas falando em nome de Jesus, certamente eu mesma nem me importasse, não perderia minhas energias e passasse longe daquilo que leio. Ou, no máximo, lesse as sandices e apenas desse ótimas risadas. Mas isso não é algo de que se deboche. Isso causa, no máximo, perplexidade. Afinal, o que há de engraçado nesse engano terrível? Há quem confunda ironia com deboche. Ora, como falei dias atrás sobre isso em comentário, vejo a ironia como uma ferramenta da retórica para criticar e denunciar um ato reprovável. O que, por outro lado, isso não signifique, de jeito nenhum, ser indiferente. A indiferença sim, é que é oposto do amor. Já o ódio é um intenso sentimento de raiva que é traduzido em antipatia, aversão e rancor que gera inimizade, geralmente provocado pela vontade de reprimir um desejo, um objetivo. Assim, junte-se a indiferença ao ódio e temos o ‘xiita’ cristão na sua mais perfeita tradução.

E o mais alarmante, é que se está falando de vida, de plenitude de vida, de vida em abundância, de ser livre, leve e feliz entregando o peso da bagagem a Quem se confia de verdade. Mas, infelizmente quem só enxerga a dureza da lei não consegue atinar para algo tão simples.

É como falei há poucos dias no blog de outro amigo sobre um texto cujo título é “O Conceito Jesus’. Esse Conceito que precisa ser implantado urgentemente nos corações, mas principalmente, no coração do que bate no peito dizendo: Templo do Senhor é este! - E não referindo-se ao próprio ser como deveria, mas à estrutura religiosa à qual ele passou a PERTENCER e que passou a ser o seu objeto de adoração. A Virgem Maria Igreja Imaculada - como diria um pregador que eu admiro. E, achando ter o aval de Jesus, saem falando coisas absurdas, usando expressões próprias do evangelho da condenação que tanto pregam talvez sem nem notar, posto que é algo que já vem embutido na carga que lhe foi colocada nos ombros – enquanto batem no peito, dizendo orgulhosamente: graças dou por não ser como ‘os outros’.

Infelizmente a defesa denominacional que se vê em alguns corredores da vida é tão ferrenha que acaba-se perdendo o foco e não se percebe que o foco original é sempre sobre os males que causam a opressão religiosa, e não, particularmente de determinada denominação. Acontece sempre de alguém se doer, por acreditar piamente que ela (a denominação) é imaculada, levando para o lado pessoal e aí começam os achismos pessoais. Percebe-se isso, claramente, pela sequência dos comentários. E o fato de eu não usar clichês religiosos de falsa piedade, não significa que o que eu falo não seja em amor. Apenas os que acreditam nessa conspiração neurótica de que se quer ‘acabar’ com essa ou aquela instituição, é que caem nessa cilada. Um puxão de orelha - como já disse um anônimo sobre meu ‘estilo’ - é muito mais atitude de amor do que palavras condescendentes. Além do mais, eu não faço bem o tipo de quem está preocupada com reputação, esperando elogio, aplauso ou reconhecimento acerca do que falo. Deus conhece cada coração. Ele o esquadrinha e conhece cada intençãozinha dele lá no mais recôndito do seu espaço.

Definitivamente, eu não faço mero discurso de liberdade. Não, meu amigo de fé, meu irmão, camarada. Eu simplesmente VIVO essa liberdade. O que digo é reflexo de uma vida autêntica. E, com a ajuda de Deus, vou sempre comentar onde me for cabível, sobre tudo que tira esse maravilhoso direito natural concedido pelo próprio Jesus e que a religião tem o desplante de tirar. É Nele que sou livre. O único bem que importa Jesus o tem realizado em mim na sua plenitude. E isso, nenhuma denominação é capaz de fazê-lo! Isso é experiência pessoal! E é um suprimento pra todo o sempre que não nos faz melhores que ninguém, mas nos faz confiantes de que Nele estamos seguros. Simplesmente assim. Como falou um dia um pregador da Palavra, é uma vertigem que poucos entendem e poucos aceitam, posto que não se vê e não se pega. E apenas se SABE e se experimenta, errando e aprendendo, caindo e se levantando, sabendo de onde vem o amparo, testemunhando no chão da existência, não pensando em bonificação, mas como consequência natural de quem espalha o que se recebeu de GRAÇA. E que os religiosos acostumados com o contrário, resistem em enxergar,  pois não querem deixar suas seguranças visíveis e aplaudidas pelos seus conservos. Seguranças tão exaltadas repetidas vezes e que denunciam, assustadoramente, onde está, de fato, sua verdadeira adoração. 

Texto construído a partir de comentários feitos AQUI <--- p="">

RF.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Livros: esse 'pode' e aquele 'não pode'.

Meus dois netinhos amados.

Já vi muitas pessoas se justificando que não buscam literatura baseada em escritos bíblicos porque a letra mata e porque Deus não é objeto de estudo. No entanto, eu vejo algumas dessas mesmas pessoas - que repetem essa frase mecanicamente e sem muita convicção do que fala - sorvendo livros um tanto estranhos. Por exemplo, para um crente quem se diz tão ascético, literatura como de evangelho espírita me soa meio contraditório.

Nada contra qualquer estilo literário. Até porque, independente do teor, geralmente nos quedamos a determinados estilos em determinadas épocas ou fases da vida. Por exemplo, houve uma época da minha vida em que eu era fascinada pelo tipo de literatura do Garcia Marquez (tenho tudo dele!) e do Saramago (quase tudo) e hoje em dia nem tanto... Também já gostei muito mais de suspense com pitadas bem dramáticas que, atualmente, em nada me apetece. Na minha juventude detestava literatura brasileira por causa da obrigação escolar. Isso trava qualquer criatividade. Mas aí já é outra história...

Sou a favor de que se leia de tudo: de porcaria à chamada nata literária. Para que se tenha um conhecimento amplo e abrangente. E, principalmente, porque conhecendo também o que não presta é que, paradoxalmente, se livra de certas boçalidades e preconceitos culturais e religiosos, à medida, que se vai desenvolvendo uma maturidade, um bom gosto e um senso crítico bem apurado.

Eu tenho um neto de cinco anos, que antes de completar quatro, pegou um livro da minha prateleira e disse: vó, posso ficar com esse livro? Eu achei aquilo muito interessante, larguei o que estava fazendo e me sentei ao seu lado falando sobre aquele livro, sobre o autor, sobre um futuro próximo em que ele iria começar a ler aquele livro e tal… Abri numa página específica e comecei a recitar o clássico amor é fogo que arde sem se ver, fazendo uma analogia com Coríntios 13. Obviamente, falando em linguagem simples e acessível à sua idade, sem contudo, subestimá-lo.

O nome do volumoso livro é ‘Obra Completa de Luís de Camoes’. Fiz uma dedicatória e entreguei-lhe de forma divertida, mas com leve toque de solenidade, de maneira que aquilo ficasse em sua memória. Ele não morava aqui mas eu era sempre informada de que, com frequência, ele dizia: 'me dá o livro do Camoes'. Então se sentava em lugar isolado e fixava a visão em determinada página... E ficava lá concentrado um tampão como se estivesse lendo. Depois disso, já lhe dei outros dois do mesmo naipe. Inclusive, um deles, em inglês. Já está virando vício. (Risos)

Alguns podem pensar que isso é prematuro ou que poucas crianças têm esse talento, mas é porque não querem enxergar que a tecnologia está ativando o cérebro dessas criaturinhas de forma cada vez mais admirável e precoce! Ora, se essa gurizada pega um Ipad ou um Ipod e os manuseiam de forma incrivelmente rápida e autodidática, porque eles não o fariam com outras informações? 

Quanto mais as nossas adolescentes… Eu tenho uma sobrinha que vai completar 13 anos em agosto e desde os oito, nove, devora literatura infanto-juvenil e, ultimamente, alguns bem adultos. Ela até me empresta! Sou meio suspeita por ser sua fã, mas sua impressionante maturidade a destaca dessas doidinhas fúteis que se vê por aí. Passando bem longe de ser nerd (nada contra nem a favor rss) nem tampouco pulando etapas. Sendo apenas uma menina desencanada e gostando de curtir coisas próprias da idade. Eu, que me considero super moderna e acompanhando sua trajetória de vida desde o nascimento, fico impressionada com algumas colocações dela frente as vicissitudes da vida. Bora combinar, com um leque enorme de possibilidades, hoje em dia quase nenhuma jovem se limita a ler livro apenas do tipo ‘Pollyanna’.

Enfim, me estendi colocando minha opinião pessoal e abrindo minha vida particular (pra variar rss) na intenção de ilustrar um pouco a realidade atual que, certamente, é a de muitos leitores. Não podemos ser ingênuos e querer tapar o sol com a peneira. A informação está aí batendo na cara dos nossos jovens, instigando-os, desafiando-os. E nenhum pai, nenhuma mãe, nenhum adulto responsável - muito menos um líder religioso! - consegue controlar isso. A única coisa que se pode – e deve! - fazer é sentar e conversar, participar efetivamente da vida do garoto e da garota, dar bons exemplos, exemplos sadios e práticos, quebrando tabus, orientando com equilíbrio e dentro da realidade atual. E eu falo de orientação na acepção da palavra, e não da perniciosa repressão notadamente desastrosa realizada nos meios religiosos.

A proibição sumária - velada ou explícita - é que incita o jovem, de um lado à desinformação e limitação, de outro, à busca curiosa bem característica da natureza humana em qualquer geração. Quero dizer, essa curiosidade nunca foi privilégio da modernidade. E, o pior da proibição: um estímulo à hipocrisia, e, consequentemente, ao afastamento do meio familiar; ou, no máximo – igualmente desastroso! – uma relação fingida e dissimulada, que muitos pais veem como perfeição de família de propaganda de margarina na TV. A História recente da religiosidade nos tem denunciado isso de forma muito clara. E o ponto nevrálgico reside justamente nos ensinamentos sistematizados. Sinceramente, eu não consigo entender como alguns dirigentes religiosos não conseguem atinar para algo tão óbvio, repetindo os mesmos equívocos doutrinários.

RF.