"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Da religião que proíbe à graça que liberta


Não nasci quebrado, com defeito de criação. Não herdei o pecado de Adão – ele não me representa. Não aprendi a dar os primeiros passos, a engatinhar, sob o olhar zangado de Deus. Em meus primeiros tropeços infantis não tinha o mau cheiro do perverso. Minha infância foi leve, moleca, solta. Na mesa, meus pais repartiram um pão singelo conosco, seis irmãos.  Vovô e eu escutávamos o rádio madrugada a dentro. A gente queria notícias vindas da BBC de Londres e da Agência de Notícias de Moscou. Exilados brasileiros podiam nos comunicar sobre os acontecimentos que a ditadura boicotava. Com papai preso, ouvir o noticiário vindo de fora furava o cerco da censura.
Todo essa realidade caiu por terra quando entrei para uma igreja. Na puberdade, me ensinaram que eu era ruim. Aprendi que era mau e que a mão de Deus estava prestes a pesar sobre mim. Eu devia acordar para a necessidade de me arrepender. Aqueles anos gostosos da minha meninice me condenavam. A qualquer instante podia morrer. E se morresse sem me converter, queimaria eternamente no inferno.
Reconheço tardiamente: a religião forjou em mim uma espiritualidade calcada no terror. Passados tantos anos, mesmo fazendo terapia, ainda não consigo avaliar o impacto das fobias que a religião impõe a um garoto; como se alguém colocasse um espelho na minha frente e me ensinasse a ver iniquidade, torpeza, impiedade, em meus olhos tristes. Converter-me significaria aceitar que eu havia nascido debaixo da ira de Deus. E realmente acreditar que eu nunca prestei para nada. Desde o dia em que fiz profissão de fé, toda a espiritualidade se resumia a orar pedindo que Deus perdoasse uma multidão de pecados. Ingênuo e obediente, fui iniciado nesse caminho e nele permaneci. Eu, Ricardo Gondim, internalizei todos os medos da religião e adiei a vida.
Minha espiritualidade se construiu no negativo. Eu me contentava em cultuar a Deus como meio de celebrar apenas a sua misericórdia; sem jamais esquecer a etimologia latina, miserere e cordis – misericórida significa “voltar o coração para o miserável”. Em minha prática, eu implorava que Deus voltasse o coração para mim, eterno miserável. A função do culto se resumia a pedir perdão, quitar dívidas com uma lei perfeita e prometer: daquele dia em diante tudo vai ser diferente. Na semana seguinte obviamente tendo tropeçado nos cadarços da condição humana, voltava à estaca zero. E assim, de multidão de pecados em multidão de pecados, esperava que Deus não se zangasse comigo além da conta.
Internalizei  a mensagem do medo com radicalidade. Passei a me considerar irremediavelmente torpe. Contaminado e culpado pela desobediência de Adão, eu jamais conseguia sentir perdão. Quantos sermões repetiram: torto, pecador, porco lavado. Tratava as minhas poucas virtudes como trapos de imundice. Meu corpo, propenso à lascívia, só me levava a fazer o que eu não queria. Só poderia me considerar justo se me projetasse na justiça de Cristo. Em mim mesmo não passava de ímpio (perdoado, mas ímpio) –  e sempre a um passo de voltar à lama.
Alegria? Só comedida. Para não dar lugar à carne. Satisfação? Se cantar satisfação é ter a Cristo, prazer maior já visto. Prazer? Poucos: comer e dormir. Prazer sexual?  Depois que casar. O medo de infringir tantos mandamentos estreitou a minha vida. Deixei de ouvir boa música já que um crente verdadeiro não pode ouvir música do mundo. Não me permiti ler romances já que eram escritos por ímpios. Passei longe da poesia: como um filho de Deus pode se nutrir de sentimentos devassos? Catalogaram uma lista lotada de práticas abomináveis; tão vasta que eu me desesperava para cumpri-la. Além de não desejar magoar o coração de Deus, temia condenar a alma ao inferno.
Fui a um show da saudosa Mercedes Sosa. Um espetáculo monumental. Escrevi sobre o meu arrebatamento diante de tanta sensibilidade. Os fiscais da religião foram rápidos em franzir a testa. Disseram que agi como criança; um deslumbrado em um evento profano e vulgar. A crítica, todavia, veio tarde. Eu já não me indignava com os comentários de crentes alienados. Hoje, prefiro a ingenuidade do menino à sisudez do fariseu. Não tenho vergonha, nem medo, de gaguejar diante da beleza. Se alucino, devo aos anos em que a alegria me foi proibida. O belo ressuscita em mim sentimentos ilhados, mortos e amordaçados.
Na longa estrada da existência, a vida é breve. Quero viver. Confesso a minha incompetência de boxear com teólogos ilustrados –  principalmente os que sabem usar versículos para validar seus argumentos. Na verdade, nem quero estar perto deles. Porque tenho outras sedes no coração, almejo mudar de faixa. Anelo aprender a joeirar os cascalhos que uma falsa religiosidade me deu. Quero encontrar pepitas de uma beleza comum – que não respeita credo religioso. Pretendo alongar a minha vista por cima da cerca do preconceito religioso. Quero ir além do regionalismo que a subcultura produz – quero ir para arredores e exilar-me dos certinhos. Anseio desmontar intolerâncias. Procuro voltar atrás no relógio e ler autores que antigamente suspeitei.
Fazer as pazes com Deus significa mais do que rever pecados; saio do proibitivo e me arrependo de ter acalentado noções negativas sobre ele. Revejo conceitos para re-aprender que Deus se alegra quando celebro a vida. Só agora percebo: minha inadequação humana não me indispõe com a divindade. Meus tropeços não me condenam. Minhas tolices não me amaldiçoam. Mesmo imperfeito, sou apreciado. Não regurgito remorso. Não me chafurdo em falsas culpas. Celebro a minha humanidade sem a ameaça do fogo do inferno. Assim esboço algumas nuanças da graça.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Desigrejada, eu?!




Date: Wed, 27 Nov 2013 15:58:21 -0200

Subject: Oie

From: xxxxxxxxx@gmail.com

To: reginaxxxxxxxxx@hotmail.com



Como está, amada?
Creio que meu provável tcc vai estar ligado à questão religiosa. Hehe.
A senhora se reúne em alguma denominação?
Qual e a sua visão do que e igreja?

De:Regina Farias (reginaxxxxxxxxx@hotmail.com)
Enviada:quinta-feira, 28 de novembro de 2013 12:51:32
Para:XXXXXXXXXXXX (xxxxxxxxxxxxx@gmail.com)


Oi, menina!
Tá tudo blz!

Desculpe a demora mas é que esses dias foram meio corridos.

Olha, quanto à frequência e visão de igreja sou meio polêmica para os mais conservadores. Até herege para alguns.

Mas vou tentar resumir, se bem que no meu blog eu digo em vários textos porque não acredito em igreja fixa. Nunca acreditei, desde quando era católica. Migrando para a igreja evangélica ao me converter ao Cristo, vi que não há qualquer diferença na crença do deus-denominação, provocando inúmeros vícios e equívocos 'em nome de Deus'. Embora - e isso é óbvio até demais! - haja os defensores ferrenhos de plantão, ativistas incansáveis, atalaias destinados a apontar fugitivos indisciplinados, desordeiros e rebeldes.

Ah, minha irmã! Se for pra embasar que precisamos frequentar igreja porque assim Jesus determinou (?!) muita gente encontra - convenientemente - mil razões na própria bíblia.  Afinal, o homem é perito em racionalizações. Quando ele defende uma causa haja justificativas rss E, sendo para usar versículos fora do contexto em seus discursos de púlpito, então... Aí é que os líderes igrejistas recorrem à 'Palavra de Deus'!

Ainda ontem mesmo, coincidentemente, vi no Púlpito Cristão, um texto enorme e enfadonho onde o autor tenta desesperadamente denegrir a imagem (risos) dos desigrejados. Aliás, esses fariseus atuais falam de desigrejados como se falassem de leprosos modernos. É um adjetivo onde a acusação já vem implícita, do tipo: seu... Seu... Seu desigrejado! E creio que o desespero vai além. Na minha opinião (pelo que leio nas entrelinhas de seus escritos - alguns destes, gente respeitada no meio acadêmico) trata-se de um grupo que morre de medo que os desigrejados arrebatam seu rebanho, só pode he he. Sim, porque os argumentos que eles chamam de bíblicos são tão toscos e tão pateticamente contraditórios que não convencem nem a uma criança de seis anos de idade. Enfim, que se diga de passagem aos apedrejadores desavisados: nada contra igreja enquanto ajuntamento para, incondicionalmente, se reverenciar a Deus. 

Não me considero exatamente uma desigrejada, já que sou confirmada* por livre e espontânea vontade. Consciente e adulta. Paradoxalmente, nenhum dirigente de igreja manda em minha vida, meus atos, meu comportamento. Tampouco existe um 'líder espiritual' - nem pessoalmente nem eclesial - com o qual eu me aconselhe para eu tomar uma decisão séria na minha vida. Nunca houve nem mesmo quando era 'novinha na fé'. Não delegarei a outro, jamais, capacidades que Deus me deu de graça, quando Ele a mim se revelou de forma pessoal e inconfundível: bom senso - para não entrar na viagem do senso comum - e discernimento - para entender o que é bom senso e senso comum. Não digo que não cometo erros, isso é outro departamento. Mas não preciso de um guia espiritual aqui na Terra. Já trago tatuado no coração o Modelo a seguir. Com todos os meus erros e acertos! Como ser humano, simplesmente.

Quanto ao meu conceito pessoal de 'igreja', eu poderia usar várias expressões de Jesus para definir o que é Igreja, bastando para isso, seguir Seus passos nos quatro evangelhos. Mas, se é pra resumir o pensamento dEle, fico com uma única expressão Sua. Contundente e inconfundível: 'Onde houver dois ou mais reunidos em meu nome, ali estou'. Isso, simplesmente põe por terra todo o aparato institucional que os dirigentes religiosos insistem em manter há mais de dois mil anos.


Se é pra resumir o pensamento dos apóstolos, Lucas fala algo muito claro, e também conciso, no livro de Atos. Só não entende quem não quer: Deus não habita mais em casas feitas por mãos humanas. E, ainda, se é pra seguir o 'quinto' evangelho, Paulo diz - claramente também - em uma de suas cartas que o ministério para o qual Deus nos convocou foi o da RECONCILIAÇÃO.

Ora, isso é a essência da Boa Nova! Deus saiu do santuário para habitar para sempre nos corações daqueles que nEle crê. Aí vem o 'crente' e fica refazendo o que não é novidade e que a igreja católica já fez - e faz - há séculos: aprisionar Deus em um tabernáculo, desfazendo o que Jesus fez, anulando a Nova e Eterna Aliança.

É isso que penso. Penso e vivo. Evangelho puro. 

Só que - bora combinar - fica difícil pra religioso fundamentalista com seus acréscimos, engolir algo tão simples. Porque é simples mas não é fácil para sua arrogante performance. Precisa-se acrescentar algo mais para incrementar essa 'adoração'. Porque essa adoraçãozinha de esvaziar-se de si-mesmo e doar-se para o outro, além de complicada (risos), não chama atenção de ninguém. Há de haver algo exterior que mostre aos outros o quanto esses adoradores são amados por Deus. Some-se a isso um vaidoso estudo acadêmico a uma natureza humana sofismática e temos explicações - as mais esdrúxulas - acerca do que Jesus mandou. Some-se a isso a conveniência doutrinária e temos líderes aos montes em seus púlpitos ordenando 'em nome do Senhor Jesus'. Some-se ainda a isso tudo uma cultura religiosa arraigada e temos assíduos frequentadores idólatras da santa madre igreja evangélica 'apostólica', cada vez mais viciados em santidade performática.

*Esclarecendo: no meu entender, 'confirmação' é uma cerimônia na qual a pessoa se compromete publicamente com a igreja enquanto instituição. Para mim, de nada serve essa exposição toda, se no meu coração não há - de antemão - um comprometimento sincero e desarmado com a igreja propriamente dita. E, como igreja para mim é algo bem abrangente, não se resumindo a quatro paredes eclesiais, nesse sentido eu não me sinto comprometida com nenhuma instituição religiosa nem tampouco vejo frequência ao 'culto' como pontuação na escala espiritual. Se convocada a participar de algum evento, um ministério programado, irei com prazer se não estiver agendado outro compromisso igualmente sério. Pois o meu compromisso é no caminho da existência onde amparar um caído não está atrelado a crachá igrejista.

Como disse meu amigo Martorelli dias atrás no Facebook:
Culto precisa ser vida. 
Quando culto se resume a algo que tem lugar, hora e grupo 
ele sofreu um reducionismo que o descaracteriza. 

Na Paz...

Rê.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Vinho e suas metáforas

O Vinho e suas analogias na existência humana... 
Muito bom!





"Pode ser alimento, pode ser remédio, pode ser vício... Seja alimento, seja remédio, seja vício, você tem que ter consciência do que é. E você precisa tomar providências em relação a isso. A vontade de Deus é que sejamos saudáveis. A vontade de Deus é que sejamos livres. A vontade de Deus é que nos fortaleçamos à medida que vivemos. A vontade de Deus é que ajudemos uns aos outros nas suas dores". (Martorelli)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sexo antes do 'casamento'.



Intriga-me essa falsidade toda onde as pessoas parecem estar na Idade Média quando não se podia nem ver a meia no tornozelo da mulher. Era proibido, não só em termos de lei, como era um desrespeito à amada que se sentia ultrajada se assim o amado se comportasse. Costumes da época. Não se podia ver, pegar ou abocanhar (Tirem as crianças da sala he he)

Contudo, nunca deixou de haver perversão sexual, o que é outra coisa completamente diferente! Nos tempos do AT então, a coisa estava tão feia que duas cidades foram destruídas literalmente pela ira divina.  Sem levantar bandeira (tampouco fazer apologia ao sexo livre), não é demais separar as coisas: sexo com o parceiro não é imoralidade, não é feio, não é pecado. O importante é não fazer salada. A pessoa pode, perfeitamente, fazer sexo com o parceiro e ser uma pessoa digna, séria, respeitadora e totalmente avessa à promiscuidade, permissividade, imoralidade ou perversão sexual. São coisas totalmente opostas e dissociadas.

Eu me casei virgem e não por moralismo, mas por um romantismo no qual o casal decide deixar maior intimidade para a noite de núpcias (escolhida pelo casal). Mas, convenhamos que  isso não excluiu outras intimidades... Eu só tinha dezenove anos e tinha total liberdade com meu namorado (logo depois, pai dos meus 4 filhos). Enquanto isso, minha irmã mais velha, rigorosa e moralista, casou grávida de três meses. Ou seja: as circunstâncias são diversas, não existe uma regra fixa e tudo se relaciona com o que vai no coração. Por exemplo, tem a menina que programa ter relação íntima para engravidar e casar (não foi o caso da minha irmã) porque assim ‘vai se dar bem’. Vemos muito isso ainda nos dias atuais, inclusive com o apoio velado da mãe religiosa. Um dia a verdade vem à tona - e com ela, vem também o desgaste natural de uma relação que não tem como se sustentar em mentiras.  

Casos específicos à parte, a maior ingenuidade que os pais sempre cometem é a tal proibição. A maior burrada que já se fez desde que o mundo é mundo. Ora, nenhum ser humano tem essa capacidade de barrar um casal jovem, super apaixonado e com os hormônios aflorando. A não ser que prenda a donzela na torre de marfim. Mesmo assim o príncipe vai dar sempre um jeito de libertá-la. E sempre encontra aliados nessa empreitada.

Enfim, só tem uma saída plausível aos pais que tanto querem proteger a honra da filha: orientar, conversar, ficar junto, apontar riscos dentro do sentido informativo de quem tem zelo. E jamais de quem quer controlar. Sendo amigo, na acepção da palavra. Apelações como meter medo, ficar na cola, fazer pressão, manipular, assustar e reprimir não transmitem valores e princípios, sendo apenas táticas pelas quais o abismo se instala; mesmo que a filhinha querida fique ali, à sua vista, 24 horas por dia para não perder a honra.

Observemos ainda que o pai defende a honra da filha, (honra, leia-se hímem) e não do filho (afinal ele não tem hímem), pois em pleno século 21 vivemos numa sociedade essencialmente machista, embora o pai religioso não admita que assim pensa e se comporta. Sendo que os mais inflexíveis fazem o mesmo discurso opressor para o filho também. E não funciona. Aí se dá uma sequência de fatos super nocivos que findam no divórcio ou no casamento de fachada. Porque Deus não aprova a separação.  Sim, tem mais essa: credita-se tudo a Deus por ser conveniente.

Não pode fazer sexo antes do contrato assinado? - Pois assine, diz o pai aflito e sem o controle da situação. Então, passada a fase mais louca da paixão vem a fase da prova concreta do amor onde se requer a tolerância e a flexibilidade que serviriam de base para o processo de maturidade na relação. Essa base viria do exemplo e da orientação equilibrada e saudável de pais que estavam muito ocupados com as crendices doutrinárias e a reputação religiosa.

Ora, minha gente, vamos deixar de bancar a avestruz e encarar os fatos com naturalidade. Porque a verdade é que um casal já tem intimidade desde quando começa a cuidar um do outro, compartilhando dos mesmos sonhos e planos e prometendo completa lealdade. Assumindo que se ama e tem responsabilidade mútua na relação. Isso é declarar o amor! O sexo é mera consequência NATURAL.

Ultimamente tem sido repetitivo, mas é simplesmente PERFEITA - e bem apropriada - a frase abaixo:

“No cartório a gente faz contrato. Na Igreja (templo) a gente mostra os que estão ‘se casando’. Mas tanto no cartório quanto na ‘igreja’ ninguém faz casamento. Ninguém tem o poder de casar a ninguém diante de Deus. Diante de Deus somente entram o homem e a mulher; e isto não é no dia da cerimônia, mas no dia em que assumem que se amam”. (Caio Fábio)







quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Eu, por mim mesma ;)




Creio que a minha visão difere da de muitos (até escandalizando os mais convictos), talvez porque eu não carregue em mim os ensinamentos fundamentalistas como a grande maioria que aqui lê e comenta. Não gostaria de ser rotulada (novamente rss) de relativista, aliás, detesto rótulo. Seja qual rótulo for, como alguns aqui já sabem. Porque discrimina e distancia a pessoa do amor e da compaixão, aproximando muito mais de sentimentos negativos, como a antipatia e a rejeição gratuitas. E, se tem uma coisa que não sou e que não serei jamais é ascética e/ou repressora. Menos ainda uma personificação da perfeição moral e intelectual. Passo looonge rss

A verdade é que eu sempre fugi de normas estabelecidas por uma igreja e um líder espiritual, procurando ler a bíblia sem me agarrar a um dogma, uma doutrina religiosa, uma obrigação neurótica a cumprir de maneira inflexível e rigorosa. Leio a bíblia sem os pesos denominacionais, com sede de Deus, mas sem consultas 'místicas'; com senso crítico e analisando sempre os aspectos culturais e históricos. Por exemplo, João tinha mais afinidade com Jesus, de repente por serem da mesma idade, já Pedro tinha sérias dificuldades  para absorver o que Jesus dizia, considerando a cultura religiosa nele mais arraigada devido à sua idade. Vejam bem, tempo não é uma regra rígida. Aliás, tô fora de rigidez! Trata-se apenas de uma observação curiosa e específica justamente de quem não se permite ficar presa a algo fixo e determinado por uma doutrina religiosa. 

Vejo ainda que cada um dos 4 evangelistas tem a sua particularidade, inclusive na forma literária, pois afinal, há de se colocar algo de si no que se escreve. Tanto é, que cada um deles tem o seu estilo próprio, sempre ligado à forma pessoal de ver e, consequentemente, de se expressar, ainda que não se perca o sentido do que é narrado. Entretanto, não é à toa que o livro de João é considerado o mais evangelístico de todos. E o que eu mais gosto também rss Aliás, diga-se de passagem, escrito para os judeus que, abandonando suas práticas religiosas, eram expulsos e discriminados por confessarem a Jesus como o Cristo. O irônico é que, ainda nos dias de hoje, existem os judaizantes (carregam outros nomes, mas as práticas são idênticas!), que também rogam a Deus em nome de Jesus e que fazem exatamente o mesmo que os antigos judeus: criticando, perseguindo, e, quando não expulsando, colocando num 'limbo' terrestre de purificação. 

Por fim, leio a bíblia sem a pretensão de querer me aprofundar e ir buscar significâncias e derivações semânticas, embora não as despreze por completo. Ou seja: nem supervalorizo tampouco anulo. O fiel da balança, para mim, é que não seja empecilho para o exercício do amor. Aliás, desisti do estudo acadêmico da Teologia justamente por não me atrair certos 'detalhes' vaidosos, considerando-os assim, insignificantes, vãos e desnecessários para uma vida prática em Cristo. E cada vez mais eu me convenço disso, basta ler um ou outro 'doutor' no assunto. Procuro ler de tudo, mas sem qualquer pretensão, e sempre a partir de Jesus, onde nossa vida deve dar testemunho pessoal da graça redentora e transformadora de Deus. Daí não ser jamais a partir de uma 'transformação' formatada por uma denominação religiosa. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, e não, para uma prisão religiosa. E o que limita essa liberdade é o amor. E não a norma religiosa. Essa é a grande questão, pois, ou se segue a Cristo ou à Lei. Para mim, isso é o que distingue o capricho legalista da denominação, de uma vida de bem que nos livra das 'crentices' e nos proporciona uma compreensão ampla de buscar viver o Reino de Deus aqui na Terra. Como nos ensina Jesus na oração. 

Aliás, as parábolas usadas por Jesus nos livros de Mateus, Marcos, Lucas e João nos dão essa compreensão ampla, mas creio que apenas quando estamos libertos dos vícios religiosos, dos clichês e dos cerimonialismos como regra de vida cristã. Pois penso que de nada me serve saber de Jesus como força e poder se não sei que Ele é o Emanuel, Deus conosco.

Por enquanto é só... 

Quis abrir minha alma mesmo ciente acerca dos 'entusiastas' de plantão que adoram dissecar a nossa alma ;)

TEXTOS RELACIONADOS:




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O 'cabeça' da mulher



Pessoalmente eu não creio que um homem tenha mais autoridade espiritual do que a mulher pelo simples fato de ele ser homem.

O homem somente tem autoridade espiritual se amar a sua mulher e a sua casa. Se não amar, jamais será o cabeça, e jamais terá qualquer autoridade espiritual. Não é 'o principio de cima para baixo' que realiza a autoridade espiritual. A prática do amor - de baixo para cima - é o poder que estabelece tal realidade no mundo espiritual; e gera a alegria da submissão inexistente como peso.

É por esta razão que Paulo inicia mandando o homem amar a sua mulher com altruísmo, com carinho, com cuidado, com desvelo, com a delicadeza de quem cuida de si mesmo. É acerca desse homem que ama, que se diz que ele é o cabeça da mulher. E ele não é; ele apenas se torna. E mais: apenas se tornará se já for, pois, caso não seja, nunca será por imposiçãoPela imposição tem-se a submissão dos escravos, dos filhos do medo. Mas para que a mulher seja como a igreja amante de Cristo, o homem tem que amar a mulher com o amor de Deus; do contrario, jamais terá autoridade em espírito, e não sobre ela, mas sobre o mundo espiritual que a mulher discerne, mesmo quando não entende.

Como a ênfase de Paulo é no amor como autoridade, não existe a ideia da autoridade sem amor! O homem que ama a quem diz amar - a sua mulher - naturalmente se torna o cabeça espiritual da casa, mesmo que a sua mulher seja mais forte na personalidade, mais culta, mais rica, mais preparada. Pode falar as línguas dos homens e dos anjos, pode conhecer mais que o marido, pode ter fé, pode ter sabedoria, pode ser altruísta, pode dar o corpo, pode dar tudo, mas se ela, a mulher, não tiver amor, nada disso aproveitará de modo profundo à entidade conjugal. O mesmo é com o homem. Sim! Pode ser o rei da fé, do trabalho, da entrega moral e responsável, mas se não tiver amor, jamais será autoridade espiritual natural para a sua mulher.

Tudo começa no amor. O amor não atribui autoridade às capacidades e performances ou preparos humanos. Um homem que ame uma mulher com a qualidade do amor de Cristo — com carinho, cuidado, amparo, sinceridade e sabedoria —, será sempre amado pela mulher que um dia tenha dito amá-lo. É desse amor do marido pela mulher, que o amor dela para com ele se manifestará como alegre submissão, posto que jamais haja nada além da liberdade incentivada pelo amor às melhores escolhas e à entrega confiante da mulher, embora naturalmente consensual.

É verdade que, por atos de entrega a Deus, a mulher santifique o seu marido, porém, é ainda um santificar paliativo. Entretanto, quando o homem ama, mesmo que nele não haja grandes qualificações humanas secundárias, um poder de organização espiritual se estabelece no silêncio e no mundo do espírito.

A autoridade espiritual do homem está no promover a paz pelo amor! Um relacionamento conjugal fundado no genuíno amor do marido e na alegre confiança da esposa no amor real que ela nele veja, gera uma blindagem poderosa sobre eles contra o mal que assola do mundo invisível. Daí a ênfase de Paulo ser apenas no “maridos, ameis as vossas mulheres”. Pois é do amor, e somente dele, que vem a verdadeira autoridade, a qual não se impõe, posto que apenas seja, sem argumentos ou direitos a serem reivindicados, mas tão somente como fato da vida simples e sábia no amor.

E, assim como o é com o marido, é com Cristo! Ele tem autoridade porque ama; se não amasse, nenhuma autoridade teria. Como Deus é amor, toda autoridade que proceda Dele e Nele permaneça, sustentar-se-á somente em razão de permanecer no amor como único cetro de autoridadeÉ assim que é, em relação a tudo o que tenha a ver com Deus! Há muitos poderes e autoridades neste mundo. Mas somente a autoridade do amor é aquela que procede de Deus.

Homens temidos, apavorantes, produtores de dependências, criadores de escravos obedientes, são apenas diabos humanos exercendo poder, mas sobre eles não existe a autoridade de Deus. A autoridade que procede de Deus, em todos os possíveis âmbitos da existência, se manifesta pelo amor. E mais: não aceita nada como submissão, mas apenas como entendimento; posto que não sendo o outro um infante/suicida [contra quem se arbitra algo como imposição da vida, como fazem os pais, por exemplo]; mas, ao invés disso, se for um adulto, ou a própria esposa, nada terá o valor da submissão espiritual, por parte dela, e nada terá o poder da autoridade espiritual, da parte dele, se não for apenas e exclusivamente o natural respeito que nasce do amor; e do amor somente.

Somente uma esposa do tipo “Gômer”, mulher desvairada do pobre profeta Oséias, é que pode repudiar tal ofertar de autoridade mansa e humilde de coração, conforme a de Jesus, e, além disso, conforme todo homem que se conforme com o modo de Jesus exercer autoridade. É assim que vejo autoridade espiritual. E penso que seja esse o ensino do Evangelho.

Nele, que nunca quis conquista que não fosse fruto do amor.

(Adaptado)

Extraído DAQUI


terça-feira, 12 de novembro de 2013

CLAP, CLAP, CLAP!!!


Não consigo entender porque algumas pessoas insistem em dizer que Cristo proíbe isso e aquilo.
A proibição da vez nas pérolas que li de ontem pra hoje é sobre PALMAS. (Affff)
Não que eu esteja surpresa com esse comentário. Ao contrário! Já ouvi muito nos bastidores religiosos sobre uma salva de palmas ser algo abominável aos céus (?!), embora nunca tenha engolido isso como verdade absoluta. 
Procuro na bíblia palavras de Jesus por meio das quais Ele condena aplausos... E não consigo encontrar! Porque eu devo confessar que, até onde eu sei pelos meus parcos conhecimentos bíblicos - equilibradamente e de acordo com o bom senso - os aplausos de um público para uma pessoa, ou de uma pessoa para outra, também são bíblicos.
Vejo em II Reis 11.12 que as pessoas aplaudiram durante as cerimônias de coroação do rei Joás.
'Eles o constituíram rei, e o ungiram, e BATERAM PALMAS, e GRITARAM: VIVA O REI!' (CAPS MEUS)
Vejo o salmista convocando os povos a bater palmas para Deus (47.1) mas não vejo uma chamada rigorosa e neurótica dizendo ‘batam palmas SOMENTE para Deus, viu?!’
Pelo meu simples e limitado estudo bíblico (preciso ler mais a bíblia rss) tenho aprendido que bater palmas durante uma apresentação artística, assim como para determinado cantor ou até mesmo para um ministro da Palavra, no sentido de dizer que estou louvando a Deus pelo talento destes, não há nenhuma desaprovação por parte de Cristo.
Tenho aprendido ainda que tudo depende da conotação, do sentido que se dá, da intenção no coração. Jesus disse que tudo procede de dentro do nosso coração, apontando onde está, de fato, a fonte de toda a impureza e que é isso que nos contamina e contamina a outrem.
Ora, minha gente. Menos, né?! Qual o mal em parabenizar uma pessoa de alguma forma, seja com palmas, um abraço efusivo, um discurso, assobios e sons similares? Na minha humilde opinião, significa agradecer sinceramente a Deus pela vida da pessoa que está sendo ovacionada. É, simplesmente, comemorar com alegria mais calorosa (acompanhada de palmas ou não) por perceber que Deus está usando alguém. Seja dentro ou fora dos portões eclesiais. Isso é perfeitamente saudável. Seria uma espécie de ‘amém’ (assim seja) diante da grandeza de Deus na vida daquela pessoa. Afinal, o fato de não dizer o nome de Deus não significa que não se trate de um coração eternamente agradecido a Ele.
Ou seja, no mínimo, a homenagem a homens pelos seus feitos por meio de palmas é um mero gesto cultural, o que não significa, portanto, que estamos adorando e colocando alguém em pé de igualdade ou superior a Deus.
O que passar disso é mera crendice doutrinária de quem usa O NOME para justificar mais um dos itens de sua longa e cansativa lista de proibições; nesse caso, apenas baseado em algumas passagens (Todas no AT, diga-se de passagem), onde palmas indicam zombaria.
Estranhamente, tenho percebido que muitos líderes religiosos se orientam e orientam seus robôs, digo, seu rebanho, pela antiga aliança, anulando a Boa Nova…
E não que seja irritante... Mas que é intrigante, isso é! Intrigante e contraditório. Afinal, trata-se de gente que usa largamente o Nome de Jesus. Enfim, deve ser irritante pra Jesus. Vai saber...


Padre Beto


Excelente entrevista! Penso exatamente igual!
Admiro muuuuuito gente assim que não se esconde 
atrás do véu turvo e hipócrita da religião. 
Ah, alguns dos apavonados 'líderes' evangélicos 
(e seus seguidores) aprendendo dele...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Templo do SENHOR?!

Comentário feito ->AQUI



Reza a lenda que um sapateiro perguntou a Lutero o que era necessário para ele se tornar um cristão verdadeiro. E Lutero respondeu: faça um bom sapato e venda por um preço justo.

Simples assim.


Mas o homem é pretensioso! Ele quer colocar seus acréscimos! E foi exatamente o que ele fez ao longo dos séculos, desde que Jesus derrubou o Templo onde se adorava a Deus. O homem o foi reconstruindo de diversas formas as mais esdrúxulas! E foi 'adorando' Deus dentro dos santuários que ele (o homem) considerou sagrado. Achou pouco e, lá dentro, impôs uma série de normas pesadas ao seu povo, de modo que, em vez de levar as cargas uns dos outros para que a vida se tornasse mais leve, o povo passou a ser novamente oprimido como antes, escravizado por um sem-número de normas que o levariam supostamente à salvação. 


É interessante lembrar que Jesus 'pregou' dentro das sinagogas, mas ENSINANDO aos doutores que lá se reuniam. Ao povo, Ele ensinava era, literalmente, no Caminho. Vê-se o quanto Ele era criativo e versátil, sem seguir um molde específico (nem pintar uma casa de determinada cor pra dizer onde estava presente). Ele ensinava as pessoas a se relacionarem de forma correta com o Pai e com os semelhantes tanto à beira do rio (com um barquinho à sua espera, caso o comprimissem), como subia a um monte para melhor avistar a todos e melhor ser visto também. Providenciou a multiplicação dos pães, não para dizer que era 'o cara' e que fazia milagres, mas PARA que o povo não se dispersasse e continuasse a receber o pão dos céus 'de barriga cheia'. Jesus era prático e pregava vida prática.


O mais interessante é que seu 'discurso' não contem normas de como ser um cristão correto e 'obediente' no sentido de seguir uma cartilha denominacional. Ao contrário, Ele foi rigoroso ao condenar os tais que faziam essa exigência. Jesus confrontou os líderes religiosos com veemência. Aliás, ele nem criticou o ensino na sinagoga, criticou mesmo foi os seus mestres, que mandavam seguir regrinhas que nem mesmo eles eram capazes de realizar.(Que coisa atual rss). 


A obediência a que JESUS se refere é sempre relacionada aos desejos do coração, preparando aquelas pessoas ACOSTUMADAS a LUGARES SANTOS, a aprenderem a viver com Deus no coração todos os instantes de sua vida, como no respirar. Sua missão incluía principalmente anular o tabernáculo sagrado que se tornou idolatria aos homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos - como já dizia o profeta que preparava os caminhos ao Deus vivo que habitaria apenas nos corações sinceros.


O que eu acho curioso é que muitos dirigentes e seus súditos seguem equivocadamente (seguem mesmo?) algumas normas disciplinares (estabelecidas por Paulo a localidades específicas), bem como hierarquias eclesiais, como sendo mandamentos de Deus, enquanto fazem vista grossa a outras tantas normas escritas em outras cartas; como por exemplo, quando Pedro diz que TODOS os crentes exercem o sacerdócio real. Ou ainda, como diria Lucas claramente ao relatar os atos dos apóstolos, 'NÃO HABITA O ALTÍSSIMO EM CASAS FEITAS POR MÃOS HUMANAS'.


Eu, particularmente não vejo nenhum mal em ajuntamento sincero para se fortalecer na Palavra e procurar ajudar uns aos outros por meio dessa proximidade onde todos estão em comum união. Na minha opinião, O MAL SE INSTALA quando se quer transformar o lugar de ajuntamento em lugar santo.


Enfim, eis o grande desafio: preguemos o Evangelho com vida prática sincera e despidos de crendices religiosas. 



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Pastores e Pastoras

Palavras do SENHOR:
‘Dar-vos-ei PASTORES segundo o meu coração, que vos apascentem com CONHECIMENTO e INTELIGÊNCIA’. (Jr. 3.15 – Caps meus)
Paulo esclarece aos efésios (cap 4) sobre a cooperação de uns na edificação de outros, ‘seguindo a verdade em amor’, crescendo em Cristo, num corpo bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda JUNTA, segundo a justa COOPERAÇÃO de cada parte, edificando a SI MESMO em amor.
Particularmente no versículo 11 do mesmo capítulo ele diz:
‘… E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para PASTORES e MESTRES…’
Isso para a edificação em comunidade! JAMAIS para que alguém tenha um título superior em relação a outro!
Paulo fez várias referências à expressão COOPERADOR, fazendo clara alusão a algumas MULHERES como COOPERADORAS suas.
Febe, mulher gentia, rica (viajada, moderna, negociante) e culta, foi muito recomendada por Paulo aos cristãos em Roma como ‘irmã’ , ‘serva’, ‘santa’ e ‘protetora’ , termos transliterados ainda como ‘diaconisa’ cuja raiz grega significa ‘aquela que ministra ou serve’. Palavra que descreve várias mulheres da Igreja Primitiva, como Lídia, outra influente mulher de negócios, solteira, de respeitada posição social e que se dedicou a ‘atender’ na Igreja Primitiva. (At 16:11.15) Do mesmo modo com Estevão (At 6:1.7). Ambos com as MESMAS funções ‘eclesiais’.
Quando ele pede pra recomendar a Priscila e Áquila, ele diz “meus cooperadores em Cristo Jesus”, citando O CASAL e não somente o marido.(Rm 16 v.3)
As filhas de Filipe também trabalhavam na Igreja Primitiva, não constando que elas fizessem apenas ‘coisas de mulher’.
Inclusive, diga-se de passagem, que não há qualquer contradição com a ESPECÍFICA admoestação na carta a Timóteo (como tb na carta aos coríntios) quando ele puxa a orelha de mulheres, entre esposas de líderes, que querem assumir a posição destes com seu exibicionismo, falta de conhecimento e sabedoria. Essas devem mesmo ficar caladas. Assim como certos homens também. Não há nada de exclusivista muito menos machista nisso. É só ler o contexto que se entende com toda clareza, e, principalmente, cai por terra todo ensinamento equivocado a esse respeito.
Tem o caso típico de Evódia e Sínteque (Fp 4) que eram reconhecidas por ele devido ao seu estilo de LIDERANÇA, mas que ele também deu seu puxãozinho de orelha porque pintou uma competitividade, um ciuminho que estava afastando uma da outra e o cuidado de Paulo era que elas focassem o pensamento no Corpo de Cristo.
O que não podemos, é impor a Paulo um caráter machista quando, na verdade, ele contou com a participação efetiva de algumas mulheres, para as quais ele deu a devida atenção e elogios.
Quando ele critica os divididos infantis espiritualmente que dizem de maneira infantil, ‘eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas…’ a referência que ele tem é que isso estava acontecendo na casa de uma MULHER: Cloe. É certo que pouco se sabe de Cloe mas demonstra que Paulo tinha muitas mulheres como amigas e que ele as estimava como amigas e co-herdeiras do Evangelho. Ainda que ela não fosse uma líder eclesiástica, não tivesse uma ‘função’ religiosa ou um título, é uma forma de entendermos o quão eram (e são!) VALIOSAS suas colaborações na construção do corpo de Cristo. Corpo esse que não responde pelo nome de uma denominação específica. Nem na Igreja Primitiva tampouco nos dias de hoje.
O objetivo de Paulo era impor uma nova concepção conforme o que Jesus havia pregado sobre a vida espiritual, desfazendo conceitos, erradicando costumes, mudando a visão e o pensamento dos novos convertidos.
Esses são apenas alguns exemplos estritamente bíblicos de que não há qualquer imposição divina sobre a mulher não gozar do privilégio de evangelizar. Ao contrário! Jesus teve um relacionamento impressionante com as mulheres ao seu redor, quebrando todos os paradigmas já naquela época! A começar do seu nascimento, quando poderia ter sido usado de qualquer outro expediente e, no entanto, Deus usou uma menina comprometida (noiva), sabendo que, diante daquela cultura, tal acontecimento acarretaria implicações sociais devastadoras.
Pois é… 
Enquanto Deus age como quer, triunfando sobre TODOS os dogmatismos, o homem se acha no direito de impor regras, PRETENDENDO limitar o próprio Criador!
Já passou da hora de se rever alguns conceitos e parar de pregar equívocos em nome de Deus.

TEXTO RELACIONADO:


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dia de Culto



Mais um ‘Dia de Culto’.

Cheguei cedo, abri o prédio e, como de costume, fui recebendo os primeiros irmãos que iam chegando. Em seguida, me acomodei logo à frente. Fiz uma oração e abri a Bíblia para ler. Folheei algumas páginas e me detive em Lucas 10, na passagem do Bom Samaritano. Pensei:  seria uma boa pregação para hoje.

O culto iniciou bem leve e gostoso. Cantamos hinos que há tempos não cantávamos, oramos, e, na hora da leitura da Palavra, eu senti de ler a parte do Bom Samaritano mesmo.

Preguei sobre a arrogância do doutor da Lei em tentar a Cristo, em dizer entre as palavras dele que “Ele amava ao Senhor sobre todas as coisas, com toda a força, toda a alma, conhecimento e coração.”

Expliquei e fiz a igreja refletir que deveríamos amar ao Senhor assim, mas que nenhum de nós consegue fazer isso e nenhum de nós jamais conseguiremos. O único que assim fez foi Cristo.

Mas o doutorzinho era arrogante, e ele, implicitamente, disse que amava a Deus desta forma ao afirmar: Mas quem é meu próximo?

Daí Jesus propôs a parábola do desafortunado que foi assaltado e deixado meio morto no meio do caminho, ensanguentado, braço quebrado, rosto desfigurado… Logo, um sacerdote passa por aquelas bandas e, ao vê-lo, dá uns passos para o lado e finge que não o vê. O levita fez o mesmo. Mas quando um samaritano o vê, se move de compaixão, faz os primeiros socorros nele, o leva a um hotelzinho, cuida dele a noite inteira, só partindo no dia seguinte. Deixa ainda dois dinheiros adiantados e pede pra cuidar dele o tempo necessário, que ele paga quando voltar da viagem.

Cristo conclui, perguntando: Quem foi o próximo?
E o doutorzinho responde: O que usou de misericórdia.
Vai e faz o mesmo - finaliza o Mestre sem mais delongas
Fiz saber à irmandade quem eram o Sacerdote e o Levita. Homens de Deus, conhecedores das Escrituras. Viram a necessidade e passaram de longe.
Quem era o samaritano? O povo rejeitado pelos judeus.
Lembrei à igreja sobre a mulher samaritana no poço.
- Você é judeu e me pede água? Judeus não conversam com samaritanos!

Samaritanos eram um povo que os judeus ignoravam totalmente, não queriam contato.
Perguntei a irmandade:
- Quem na nossa sociedade você não quer contato? Uma prostituta, um assassino, um ladrão? Confesso que quis até dizer um travesti, mas achei que ia ser forte demais.
Foi o rejeitado, o excluído da sociedade, o ignorado que tomou uma atitude, que os “homens de Deus” não tomaram.

Quando Cristo perguntou “quem foi o próximo”, o doutorzinho até teve nojo de dizer “O Samaritano”, preferindo dizer “O que usou de misericórdia”.
Cristo disse: “Vai e faz o mesmo”.

O doutorzinho saiu pisando duro com raiva: “Que ousadia! Comparou-me a um samaritano!” Enquanto isso, na outra parte da Palavra, a samaritana do poço de Jacó ganhou “Água da vida eterna”.  E nos diz a Bíblia que Cristo ficou entre eles vários dias…

Tratar bem um ancião todos querem. Tratar bem um rejeitado pela sociedade e até pela igreja ninguém quer. Ter humildade para sermos um “Samaritano”, um rejeitado, ninguém quer. Ser um “Sacerdote, um levita” socialmente falando, com o mesmo status, todos querem.

Ao final do culto um irmão de uma outra localidade me saudou e me perguntou se lembrava de um irmão chamado Lucas (nome fictício). Disse que sim, daí ele explicou que a vida dele é complicada, aprontou muito antes de batizar e ainda hoje se viu numas encrencas, precisando ir pra corte judicial algumas vezes.
Este irmão sempre aconselhava o Lucas a pedir a Deus perdão a Deus e a família, e consertar a vida dele. Por fazer isto, muitos irmãos diziam a ele: “Deixa o Lucas pra lá. Você tá arranjando problema com a tua mão.”, mas ele sempre insistia em ir lá, aconselhar o Lucas.

Neste final de semana passada, o Lucas numa besteira que fez, acabou sendo preso. Daí este irmão disse: “Vou largar de aconselhá-lo, mas vou hoje no culto pra congregar e ver se na Palavra sinto algo a respeito.”
Daí ele me confessou: “Mediante o conselho da Palavra eu vou continuar a aconselhar o Lucas, vou ajudar naquilo que eu puder, mesmo que todo mundo diga pra eu deixar ele pra lá, vou pedir a Deus pra que eu seja Samaritano e não doutor de Lei”.

Voltei pra casa com o coração cheio de alegria.

(Grifos meus-RF)




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A parábola da bola



Os dez homens importantes sentados ao redor da bola discutiam acaloradamente:

– A bola é grená, disse um.
– Claro que não, a bola é bordô, retrucou outro em tom raivoso.

Todos estavam fascinados pela beleza da bola e tentavam discernir a cor da bola. Cada um apresentava seu argumento tentando convencer os demais, acreditando que sabia qual era a cor da bola. A bola, no centro da sala, calada sob um raio de sol que entrava pela janela, enchia a sala de uma luminosidade agradável que deixava o ambiente ainda mais aconchegante, exceto para aqueles dez homens importantes, que se ocupavam em defender seus pontos de vista.

– Você é cego?, ecoou pela sala gerando um silêncio que parecia ter sido combinado entre os outros nove homens importantes. Era até engraçado de observar a discussão – na verdade era trágico, mas parecia cômico. Todos os dez homens importantes usavam óculos escuros, cada um com uma lente diferente. Talvez por causa dos óculos pesados que usavam, um deles gritou “você é cego?”, pois pareciam mesmo cegos.

Depois do susto, a discussão recomeçou. O sujeito que acreditava que a bola era cor de vinho debatia com o que enxergava a bola alaranjada, mas um não ouvia o que o outro dizia, pois cada um usava o tempo em que o outro estava falando para pensar em novos argumentos para justificar sua verdade. Aos poucos, a discussão deixou de ser a respeito da cor da bola, e passou a ser uma troca de opiniões e afirmações contundentes a respeito das supostas cores da bola. A partir de um determinado momento que ninguém saberia dizer ao certo quando, os dez homens tiraram os olhos da bola e passaram a refutar uns ao outros. Em vez de sugestões do tipo: – A bola é vermelha, todos se precipitavam em listar razões porque a bola não era grená, nem cor de vinho, nem mesmo alaranjada.

De repente, alguém gritou: – Ei pessoal, onde está a bola? Todos pararam de falar – estavam todos falando ao mesmo tempo, e foi então que perceberam um alarido parecido com aquelas gargalhadas gostosas que as crianças dão quando sentem cócegas. Correram para a janela e viram uma criançada brincando com a bola, que parecia feliz sendo jogada de mão em mão. Ficaram enfurecidos com tamanho desrespeito com a bola. Ficaram também muito contrariados com a bola, que parecia tão feliz, mas não tiveram coragem de admitir, afinal, a bola, era a bola.

Lá fora, sem dar a mínima para os dez homens importantes, estavam as crianças brincando e se divertindo a valer com a bola que os dez homens importantes pensavam que era deles. E nenhuma das crianças sabia qual era a cor da bola.

Ed René Kivitz

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Celebração da Ceia do Senhor




Em muitas igrejas os diáconos são encarregados da preparação antecipada da Ceia do Senhor. Esta é uma honra que estes servos de Deus têm diante da igreja local. Devem zelar para que os elementos sejam apropriados tanto em qualidade, como o corte do pão e a distribuição do cálice, e ainda a disposição na mesa. Todavia, após o término do culto, eles são responsáveis pelas sobras dos elementos da Ceia. 

A pergunta é: o que fazer dos elementos que sobraram?


É quase impossível estabelecer uma regra absoluta quanto ao assunto. Devemos nos orientar por um princípio geral, isto é, que o preparo, o manuseio, e o eliminar dos elementos devem evitar qualquer superstição, erro doutrinário, ou a prática da veneração do pão e do cálice, antes, durante ou após a celebração da Ceia do Senhor, atribuindo-lhes algum poder inerente, ou valor permanente

A Confissão de Fé de Westminster declara que "os elementos exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação com o Cristo Crucificado, que, verdadeiramente, embora só num sentido sacramental, são às vezes chamados pelos nomes das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; se bem que, em substância e natureza, conservam-se verdadeiro e somente pão e vinho, como eram antes." 

Há diferentes práticas adotadas pelas igrejas evangélicas:

1. Muitos guardam as sobras, tanto do pão como do cálice, para a próxima realização da Ceia. O problema é que quando a celebração seguinte demora, ou sendo realizada mensalmente, os elementos podem não ter a mesma qualidade, por causa da fermentação, decomposição, ou até mesmo por serem inaproveitáveis por causa da sua inadequada preservação.
2. Em alguns casos há diáconos que após o culto, enterram as sobras do pão e do cálice. Mas, isto apenas aumenta a ignorância e piora o misticismo irracional que, diga-se de passagem, é uma herança do catolicismo romano.
3. Há aqueles que jogam no lixo as sobras da Ceia. O fato de se jogar fora pode ser por não querer aproveitar os elementos, porque uma vez cortados não é possível aproveita-los para uma refeição posterior. Mas, corre-se o risco de fazê-lo pelo mesmo motivo daqueles que preferem enterrar.

Esta confusão é desnecessária, mas ofende a consciência de alguns amados e sinceros irmãos que não foram corretamente instruídos sobre a natureza da Ceia do Senhor. 

Eis alguns motivos desta comum confusão:

1. Por serem instruídos sem base nas Escrituras a divinizar o pão e o cálice inconscientes da heresia que estão praticando.
2. Por esquecerem que o pão e cálice são meros símbolos, e que não há nenhuma mutação essencial nos elementos. Apenas a presença espiritual manifesta-se durante a Ceia nos alimentando com a graça (por isso, é um meio de graça). Os elementos da Ceia não se tornam (transubstanciação), nem contém (consubstanciação) o corpo físico de Cristo. Embora separados do uso comum, continuam sendo o que sempre foram, o pão e cálice; não sofrem nenhuma mutação substancial, mas apenas representam uma realidade espiritual presente durante a correta celebração da Ceia. Cristo está presente espiritual e não fisicamente.
3. Por confundirem que o importante na Ceia são as palavras, o ato, e o momento da celebração da comunhão nada acrescentando, nem permanecendo nos elementos de modo que devem ser considerados como objetos de veneração.

Algumas recomendações pastorais sobre "as sobras da Ceia":

1. Não alimente o sentimento pelos elementos como se eles fossem o próprio Cristo! Não podemos cair no sutil erro da idolatria como o fazem os romanistas.
2. No manuseio dos elementos não os vulgarize. Este é o outro extremo, também praticado por ignorância. Não devemos brincar com aquilo que é sério. O símbolo [pão e vinho] mesmo quando não usado na Ceia não deve ser banalizado, se separado para este fim.
3. Não há nenhum problema em se comer as sobras do pão e beber do resto do cálice, porque após o término do culto, eles se limitam a ser apenas o que sempre foram, pão e vinho, porque após a celebração perderam o seu significado e eficácia espiritual como meio de graça.
4. Se os diáconos resolverem dar as sobras dos elementos para as crianças (o que acontece em alguns lugares), deve-se inevitavelmente, com clareza, ensiná-las que aquilo que elas estão comendo não é a Ceia do Senhor (nem permiti-las brincar de Santa Ceia), mas apenas as sobras do pão e do cálice. Isto deve ser feito, de modo que, seja evitado escândalos, uma concepção errada, e a confusão na mente dos infantes que ainda não possuem discernimento da seriedade da Ceia do Senhor.

A minha real preocupação com este artigo não é com as sobras dos elementos da Ceia, mas com o pressuposto teológico. A crença modela o comportamento. Então, não é apenas durante a Ceia que manifestamos a nossa convicção de fé, mas após o seu término quando vamos nos desfazer das sobras dos elementos. Infelizmente, um expressivo número de igrejas locais são absurdamente incoerentes quanto a este assunto! Mesmo aqueles que durante a Ceia confessam que ela é apenas um mero memorial (zwinglianos), ou, ainda outros que creem que embora sendo um símbolo representa o corpo e o sangue, a presença de Cristo é somente espiritual, e não física (calvinistas); entretanto, após a Ceia acabam por negar o seu credo com ranços do romanismo. Com isto, não somente negamos a nossa doutrina na prática, mas desonramos o ensino do nosso Senhor.

Extraído daqui: Jornalismo Gospel
(Grifos meus-RF)

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