"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

JUGO (OU CANGA)


O jugo* - ou canga - era um arreio duplo em que se colocavam dois animais. Geralmente um dos lados era maior e destinado a um animal mais forte e mais experiente. O lado menor era usado por um animal em treinamento.


No AT, o jugo era usado como figura de linguagem simbolizando a escravidão e a opressão. Entendo, portanto, que o 'mais forte e mais experiente', era representado pelo poderoso sistema político-religioso que comandava e treinava as pessoas escravizadas a fazerem exatamente como lhes era ordenado.

Na Nova Aliança, Jesus alerta-nos sobre o jugo que líderes de sistemas religiosos colocam sobre as pessoas, pesando os ombros desses 'animais em treinamento' que em meio a um longo processo de escravidão, passam a viver debaixo de suas regras e legalismos.

Em um rico jogo de linguagem Jesus define o jugo da lei como pesado e difícil de carregar, oferecendo o próprio jugo por ser fácil de suportar e nele se encontrar descanso, paz, leveza, plenitude. Pois no jugo de Jesus, somos serenos e confiantes.

O que acontece é que, ainda nos dias de hoje, a coisa se repete. E nos deparamos a todo instante com líderes presunçosos.

- anulando o sacrifício perfeito da Cruz;
- insistindo em circuncidar os mais fracos na fé;
- colocando canga em seus tolos, ingênuos e fiéis seguidores.

Cego guiando cego, caindo ambos no abismo do conflito e da angústia que embaçam a visão, distanciando-se cada vez mais da alegria da salvação. Com o coração tão embotado pelas crendices religiosas, que não conseguem enxergar as palavras de alento de um Jesus amoroso que anseia por nos embalar em seus braços e segurar a nossa onda dizendo em verdadeira declaração de amor:
 
 
'Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados (oprimidos),
e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve'.
(cf Mt 11: 28 a 30)

Apenas a experiência da Graça nos oferece esse jugo suave, pois estando na Graça, a vida se torna em nós, plena, rica e abundante, independentemente das circunstâncias.

Em seu ministério, Paulo definiu, de modo perfeito, o verdadeiro perfil daquele que vive na Graça mesmo em meio à adversidade:

“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos.” (cf 2Co 4: 8 e 9)

Ou seja, vida prática e mente lúcida! Como diria ele: sadios na fé! Na Graça, ninguém passa a um estado de alienação, de viagem, de falta de senso. As atribulações do dia-a-dia são as mesmas, mas o nosso coração não está mais angustiado; nem mesmo a perplexidade diante de certos comportamentos nos tira a esperança e o ânimo de seguir acreditando; pode até haver perseguição, mas ela não nos impede de ir adiante e até pode nos abater, mas nunca nos destruir, pois sabemos Quem nos ampara. Havendo portanto, no coração, uma quietude, uma paz que excede todo o entendimento.

Por outro lado, as pessoas estão tão escravizadas, tão presas ao regime religioso, suas normas e regras, que não conseguem experimentar a leveza da Graça. Pessoas que se acostumaram às normas impostas e por isso não conseguem enxergar a verdade que liberta! A verdade que nos faz livres e leves como a borboleta que com toda a sua aparente fragilidade consegue alçar voos inimagináveis por aquele que tem a mente limitada e oprimida pelo jugo religioso. Um jugo cem por cento humano e arrogante, que encarcera e maltrata a alma de seres cada vez mais entristecidos, abatidos, angustiados, onde uma constante crise existencial os coloca em um confinamento individual e coletivo travestido de igreja usando o nome do Senhor Jesus.

Aos gálatas que vacilavam na fé, Paulo exortou a experimentar a liberdade em Cristo onde se faz uma escolha: a lei ou Cristo. De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.(5.4)

Já falei aqui da minha perplexidade, quando, certa vez, uma crente muito oprimida, muito sofrida MAS também (e certamente por isso!) muito equivocada acerca do Evangelho, comentou comigo sobre uma passagem bíblica que ela julgou ter-lhe sido enviada como verdadeira sentença, 'pela palavra' como costumam dizer em sua denominação. Então, eu pude perceber com imensa tristeza o quanto ela vem sofrendo... E só por falta de entendimento, pois a Palavra cura e liberta.

A passagem era a seguinte:  


'E Ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste? Subindo ambos para o barco, cessou o vento. E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus'! (Cf Mt 14:29a33)


Mas a leitura dela (sua interpretação) era:
- Pedro - que andava com Jesus - foi repreendido... Imagine eu!

E aqui - conforme tentei mostrar-lhe de acordo com as palavras de VIDA, eu coloco três questões:

Primeira:
Há uma confusão que muitos fazem pelo fato de Pedro ser discípulo e andar com Jesus literalmente. E aí está o xis da questão para muitos crentes nos dias de hoje. Muitos se dizem servos, mas nem mesmo são servos de Jesus e sim da denominação; ora, se não querem ser servos quanto mais ser discípulos!Quantas vezes já ouvi esses mesmos denominacionais dizerem ah, parecer com Jesus, ser como Jesus?! Como se fosse algo tão inacreditável e impossível que ninguém nem ouse tentar, nem se atreva a dar o primeiro passo. Então vi que essas mesmas pessoas que falam assim são aquelas mesmas legalistas que seguem a cartilha de sua denominação. É como se elas se enganassem dizendo para si mesmas em total e completa teimosia: já que eu resisto em mudar meu coração, meus conceitos, meu 'eu', então vou seguindo nesse faz-de-conta coletivo.

Gente que acha presunção querer ser parecido com Jesus, mas não enxerga a presunção das exterioridades pseudo-piedosas que camuflam os verdadeiros interesses do seu coração.

João diz: Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. (ler 1João cap. 2 todo)

Segunda:
Pedro andou com Ele e nós andamos também, só que viemos de uma cultura onde se confia no que se vê e se pega. E, como Jesus não está materializado do ladinho da pessoa então ela segue no crendo/descrendo, lá fora do barco. Ela O admira, sabe da sua fama de milagreiro, mas acha mais prudente ter seu próprio caminhar. Essa gente está na verdade, em cima do muro, embora admirando muito esse homem maravilhoso que teve um ministério incrível aqui na terra, mas como Ele não está mais aqui, então é melhor ela ficar na dela, seguindo os próprios passos. Inclusive nem arriscar entrar na água para subir no barco de Jesus!
Até porque a fé do outro lá era pequena e deu no que deu... Imagine a dela!


Terceira:
(Ainda na percepção dela)
Jesus brigou, reclamou, irritou-se... Com o próprio discípulo! Ou seja: o enfoque dela recaía na suposta repreensão. O discípulo foi repreendido! Ponto! Para ela, essa era a questão principal. Carregando em seu HD - seu disco rígido - uma série de conceitos distorcidos acerca do caráter de Deus, ela não atinou para a sequência dos fatos:

Em primeiro lugar:
E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o....
Em segundo lugar:
... e lhe disse: - Homem de pouca fé, por que duvidaste?

Não houve repreensão, e sim, comentário reflexivo diante do óbvio! Pois a dúvida se instalara quando Pedro deixou de olhar pra Jesus e se ligou na circunstância (na força do vento)


Jesus estende-nos a mão prontamente! A verdade é que estando de olhos embaçados enxergamos a 'bronca' e não conseguimos ver o estender de mão prontamente! E muito menos ENXERGAR o final do texto:


'E os que estavam no barco O ADORARAM, dizendo: Verdadeiramente, és o Filho de Deus!'

Pois é nessa adoração que Jesus nos ampara e nos faz encontrar descanso para nossa alma, independente da dimensão da nossa fé. Ele age prontamente... Ainda que depois nos mostre o quanto somos frágeis. E que bom seria se permitíssemos que a nossa fragilidade fosse sempre proporcional à flexibilidade que nos faz rever velhos conceitos... Então enxergaríamos A Palavra como cura e não como repreensão. Como VERDADE que liberta.


Entretanto, o que se assiste com tristeza é a rigidez internalizada e arraigada na qual armando o próprio tribunal, nos tornamos nossos próprios juízes, julgando-nos com a nossa própria justiça, não nos perdoando a nós mesmos, chegando mesmo a acreditar que não há outra alternativa para se viver a não ser dentro de uma gaiola repressora que nos atraiu por usar o nome de Jesus; que esse é, de fato, o estilo de vida do crente, como se fosse proibido ser feliz, pois alguém disse uma dia que se tem que sofrer para poder ganhar a vida eterna, desprezando a oração que o próprio Jesus ensinou e que as pessoas repetem mecanicamente: Venha a nós, o Teu Reino!

Estes sentenciam - para si e para os outros - pois sua opinião já está formada; fundamentada em conceitos que lhes foram passados ao longo de um processo que se tornou costumeiro, habitual, tradicional; e sob pesado jugo, onde ombros e pescoço, de tão sobrecarregados, não permitem virar a cabeça ( a mente) para outras possibilidades. Afinal, o peso é tão grande que a visão não alcança outra alternativa, a não ser a de olhar apenas pela lente da rigidez daquela doutrina de homens que o empurra cada vez mais fundo para a escuridão do abismo.

Estes, tristes, angustiados e presos... Ironicamente, estão decididos, irredutíveis e inflexíveis, tal e qual a doutrina que os escravizou, em simbiose neurótica julgando que o jugo que carregam tem que ser o seu estilo de vida para ganhar bônus celestial.

Ao que julga que deve carregar o jugo religioso nos ombros, meu conselho é simples: ler o Evangelho. Porém, só funciona se o ler com os próprios olhos, despido da rigidez imposta pelos seus líderes que em diligente e velado proselitismo colocou-lhes a canga do animal em treinamento, embotando-lhes os sentidos.

Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (cf 2Co 3:14a18)

RF.

* JUGO (s.m. peça de madeira pesada também chamada de canga, utilizada para encaixar-se por cima do pescoço de dois animais - em geral dois bois- e ligada a um arado ou a um carro.)

domingo, 29 de janeiro de 2012

TENTAÇÃO




O Evangelho praticamente inicia com o tema da tentação.

Por isso, Jesus nos manda vigiar e orar, para não se cair em tentação. Conforme também Lhe aconteceu, Ele revela que as ‘estações’ da tentação têm a ver com as dinâmicas psíquicas de nosso ser.

Na fome, na necessidade de afirmação e no desejo de cumprir Sua missão, a tentação veio como indução para transformar pedras em pães – fome; como impulso para resolver quem Ele era aos olhos de todos de uma vez – Pináculo; e como um bypass no tempo, queimando etapas, sobretudo a etapa da Cruz (o Monte Alto).

Portanto, quando Ele mandou orar para evitar a tentação, não ensinava a devoção neuróticavou orar contra a tentação - nem a atitude paranóica - poderei ser atingido pela tentação a qualquer momento.

O que Ele ordena é que se encha a mente de oração, de um falar constante com Deus, que nada mais é do que um falar consigo mesmo em Deus. De tal modo, que o pensar não é de si para si, mas acontece em Deus, vivendo assim em permanente estado de conferência com Ele. Em tudo.

No Pai Nosso, Ele vincula o não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal - ao contexto antecedente, que fala de estar cheio e tomado pelo Pai, pelo desejo de que Seu nome seja em nós santificado, que seu reino cresça em nós (venha!), que a vontade Dele tenha seu lugar e chão em nós; além de nos remeter para a busca daquilo que é do céu aqui na Terra.

Desse modo, uma das maiores prevenções contra a tentação tem a ver com uma devoção profunda e não neurótica; porque se propõe a buscar o que é maior e mais elevado, ao invés de se deixar tomar pelo que é aqui da Terra. Botar as coisas da Terra sobre aquilo que é eterno, é o que abre o espaço existencial maior para a tentação.

Orar é o que mais e melhor previne a estação das tentações. Mas se alguém decide orar contra ou por causa da tentação, mais tentado ainda ficará; pois a tentação, pela via da oração e por ela própria, se torna algo fixo como pensamento e que apenas cresce mais e mais em nós. Quanto mais enfrentamos a tentação como tal, mais ela cresce em nós; e se orarmos contra ou em razão dela, mais ela se fixa em nós, tornando-se uma devoção diabólica; fazendo-nos orar contra aquilo que só se torna o que tememos quando é tratado como tal.

O tema da tentação é interminável, como infindáveis são as pulsões de tentação humana. Entretanto, sendo simples e prático, o que de melhor se pode fazer por si mesmo na hora da tentação, não é pensar que podemos vencê-la, mas sim que não temos o poder, em nossa carne, para combatê-la. E, assim, sabendo disso, virmos a descansarmos em relação à tentação, pois ela se alimenta de nossa luta contra ela.

A única maneira de enfrentá-la é deixando-a falando sozinha e sem resposta nossa, enquanto nos desobrigamos de conversar com ela ou de mostrar para Deus e para nós mesmos que temos o poder do livramento e que, por isso, a venceremos. O ‘poder do livramento’ do qual Paulo escreve aos Coríntios, só se efetiva na vida daquele que descansa no livramento que já é; e que não apenas será se o tornarmos real por nossas próprias forças!

Quando se confia na Graça e no amor de Deus por nós, toda tentação perde seu poder. E, se descansarmos na certeza de que Jesus já foi também tentado por nós - conhecendo cada uma de nossas fraquezas ou tendências -  mais vicária e transferível, pela fé, será a vitória de Jesus em nosso favor.  Se houver confiança e descanso, é claro!

Desse modo, descansando é que se vence a tentação, confiando na fidelidade e na imutabilidade do amor de Deus. Pois só assim recebemos o poder de resistir ou de suportar a tentação; desse ponto em diante as tentações deixam de ser sobre-humanas e se tornam apenas humanas; e, portanto, reduzidas ao nosso próprio nível, deixando de ser um poder irresistível.

Paulo e Hebreus ensinam que as tentações não suportam o nosso silêncio confiante na Graça; assim como não suportam nosso descanso na Cruz de Cristo. Afinal, o 'Está Consumado' vale também para as tentações.

As tentações crescem na medida em que nossas pulsões psicológicas, provocadas pelas nossas próprias cobiças (insegurança essencial) - e que são os agentes progenitores do que chamamos tentação - se aninham e se fixam em nós como medo de Deus e de Sua punição. (Neurose religiosa)

Por essa via elas apenas aumentam, visto que tal realidade existencial e psicológica aceita a provocação do medo de estar sendo tentado. Do mesmo modo, elas crescem em razão de nosso debate com elas.

Tentação come medo. E se alimenta do seguinte cardápio: oração amedrontada, debate psicológico, discussão com ela, medo de Deus; e também de seu oposto, que é a arrogância que julga que por força própria se pode vencê-la.

Quem já não tem justiça própria, não tem mais assunto com nenhuma tentação!

Quem desejar pratique.  E verá como as tentações não suportam a confiança e o descanso na Graça. E isso em silêncio que nem ora contra. Apenas ora em gratidão! O grande problema é aprender isso como confiança, e não como ‘teoria’. E mais: aprender a ser grato e natural com Deus mesmo em tais horas críticas.

Quando a gente aprende isso, a tentação começa a perder o poder uma vez que se alimenta de nossas importâncias e de nossa justiça-própria, de nossa necessidade de dar explicações a nós mesmos e aos céus; e, sobretudo, do medo de estar sendo tentado.

sábado, 28 de janeiro de 2012

MANDAMENTOS DA VIDA



Artigo 1º – Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois o Espírito da Vida em Cristo livra o ser humano de toda culpa para sempre.


Artigo 2º – Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os sábados e domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer pessoa terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.


Artigo 3º – Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas toda pessoa pode se lambuzar.

Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança, pois todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.


Artigo 4º – Fica decretado que o homem não julgará mais o homem e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.


Parágrafo que nada para: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade ao seu filhote para voar.

Artigo 5º – Fica decretado que as pessoas estão livres e que nunca mais nenhuma será diferente de outra por causa alguma. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silêncio. A alegria do ser humano será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.

Artigo 6º – Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.

Artigo 7º – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado e dela se alimentará por toda a eternidade.

Artigo 8º – Está decretado que, pela força da Ressurreição, nunca mais pessoa alguma apresentará a Deus a culpa de outra, rogando com ódio as 'bênçãos' da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o ser humano foi rasgado; e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.

Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.

Artigo 9º – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de uma pessoa. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.

Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue do Cordeiro estão cobertos mesmo quando andam nus.


Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.

Artigo 11 – Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará beleza alguma em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.

Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres; por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a comigo ninguém pode está liberta para ser somente a bela planta que é.

Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.


Artigo 13 – Fica ordenado que nunca mais se ofereça nenhuma graça divina em troca de nada e que o dinheiro perca qualquer importância nos cultos do homem. Os gazofilácios se transformarão em baús de boas recordações e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.

Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.


Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa que...”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.


Artigo 16 – Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.


Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.


Artigo 18 – Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer pessoa que o faça para exercer poder sobre o seu próximo e que melhor que a insinceridade é o silêncio. Daqui para a frente ninguém dirá o Senhor me falou para dizer isto a ti, pois Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que creem serão iguais e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.

Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.

Artigo 20 – Amém!


Extraído DAQUI <---

Grifos e negritos meus - RF


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Como a religião trata O EVANGELHO (Parte II)



Vejamos dois exemplos simples e básicos dos reflexos da neurose religiosa na vida cotidiana...

Estava eu conversando dias atrás com algumas pessoas queridas. Não era nenhum lugar público nem tampouco conversa formal, mas em ambiente residencial onde se fala com naturalidade e se mostra um pouco do que se pensa e assim... Se revela a alma.
A certa altura, uma religiosa* tirou um casaquinho (spencer) de manguinha curta que vestia por cima de um clássico vestido de manga cavada, perfeitamente decente, na altura do joelho... Enfim, para personal stylist nenhum botar defeito.
Conversa vai, conversa vem, entre risadas e papo totalmente descontraído, jogando a velha conversa fora, alguns minutos depois ela muda a expressão facial, fica séria e resolve vestir o casaquinho, dizendo com um sorriso amarelo e nem um pouco convincente:

- Tá meio quente aqui, mas o calor do inferno é maior, deixa eu colocar de volta o meu casaco.

Minha perplexidade diante daquele ‘argumento’ foi tão grande que eu fiquei sem ação. Apenas ri, balançando a cabeça, como que dizendo pra mim mesma: ‘não, eu não ouvi isso’.
Essa mesma pessoa, em outro momento não muito distante - fazendo uma analogia com alguns acontecimentos em sua vida - havia dado um enfoque nervoso e aflito numa passagem em que, supostamente, Jesus repreende Pedro severamente por causa de sua ‘pequena fé’. (Mt 14:22.33)
É impressionante e intrigante como a religiosidade do medo, de tão arraigada em sua alma, não permite que ela enxergue o que está escrito ANTES de Jesus falar acerca da ‘pequena fé’ de Pedro.
Mas dessa vez não me contive e me pronunciei. Aliás, desde que acordei pra Jesus* virou mania, bendito vício! Falou que está na bíblia, vou lá conferir. Prontamente, peguei a minha bíblia - sempre à mão - e convidei-lhe a examinar com carinho e cuidado aquilo que ela acabara de dizer. Afinal, se tem uma coisa que eu levo a sério pra valer, é quando alguém diz que Jesus disse isso e aquilo. Corro pra conferir. Além do mais (Ainda bem!) não era nada que pedisse exegese e sim uma simples linguagem, clara e concisa.

Então, li em voz alta todo o texto detendo-me no versículo 31:

E, prontamente, Jesus estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?

Daí, olhei bem nos olhinhos angustiados à minha frente e perguntei: cadê o Jesus turrão e questionador? Sim, pois o que eu estou vendo, em primeiro plano, é:
E, prontamente, Jesus estendeu a mão.

A minha perplexidade era perceber que ela não conseguia enxergar duas colocações inquestionáveis acerca do amor prático de Jesus: ‘prontamente’ e ‘estendeu a mão’.
Ou seja: a inflexibilidade da crença no Deus turrão só a permitiu ‘ler’ a pergunta, que aos olhos dela, era uma crítica acirrada: Por que duvidaste?
Esse é o ensino e a orientação da religião inflexível e cheia de regras que a impediu de enxergar o Deus do amor e da misericórdia que PRIMEIRO estende a mão; e que, em segundo plano, leva você a refletir sobre sua confiança Nele. Esse é o mesmo ensino neurótico e religioso que a empurra para o inferno em vida, por causa de alguns centímetros de pano em seus ombros; e essa mão que a empurra para o inferno em vida é a mão do deus intransigente, implacável e vingativo.
O deus da religião não deixa você enxergar a disponibilidade incondicional de um Jesus extremamente amoroso que percebe a nossa ‘habilidade’ para ir de um extremo a outro da fé, em curtíssimo espaço de tempo, como reflexo de nossa insegurança.  Afinal, andar por sobre as águas requer confiança absoluta sem reparar na força do vento (circunstâncias). Confiança absoluta Naquele que reconhecemos, não apenas como o Senhor da nossa vida, mas também como PAI que simplesmente diz: ‘Vem!’.  
Esses dois exemplos são apenas pequenos fragmentos do universo religioso que eu presencio ao longo da minha existência. Assusta-me, pois percebo essa neurose fixando-se nas mentes cada vez mais aprisionadas e adoecidas pela CRENÇA que tem a ver com religiosidade e que não tem absolutamente NADA a ver com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É por essas e outras que eu não me canso de repetir, como em comentário ontem em um blog, que há, SIM, uma enorme responsabilidade por parte de ALGUNS líderes religiosos, quando eles exigem de forma velada que suas seguidoras obedeçam a determinadas regras inflexíveis travestidas de ‘recomendação e orientação’ para uma boa conduta cristã.
Pois, conforme disse o próprio Jesus, enquanto vamos nos apegando a regras e mais regras, vamos nos esquecendo que Deus está interessado em mudar é o nosso coração, pois que é de lá que saem todos os males, que é de dentro do coração que procede TUDO que contamina o homem.
Ora, repito: QUANDO alguém se converte ao Senhor (Ao SENHOR, e não, à denominação) o bom senso é perfeitamente EFICAZ, uma vez que está atrelado à CONSCIÊNCIA que se recebe, independentemente do senso comum (comunitário, igrejista, doutrinário). O nosso BOM SENSO e a nossa lucidez são presentes PESSOAIS (individuais) e INTRANSFERÍVEIS.  Não há como confundir e, por isso, a prudência e a sensatez INDIVIDUAIS jamais podem ser classificadas como equívoco.
O grande equívoco é confundir aconselhamento com imposição de regras fixas. O equívoco é achar que as regras, por si só, estabelecem a ordem e a decência. O equívoco - e a tremenda ingenuidade - é acreditar que impondo regras, a jovem não sentirá vontade de experimentar o mundo livre, leve e solto que ela observa através da obscura e tenebrosa gaiola religiosa.
O Livro de Provérbios é uma excelente referência, principalmente para os jovens, porque indica um estilo de vida saudável, dando ‘dicas’ valiosas para a vida prática no relacionamento com as outras pessoas onde verdades de valor eterno refletem um relacionamento correto com Deus. Inclusive, é no Livro de Provérbios, que está a máxima: ‘repreende o sábio e ele te amará, dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio ainda’.
Vale lembrar ainda que, quem falou com veemência acerca dos fardos pesados da religião foi o próprio Jesus aos fariseus, chamando-lhes a atenção para a SUPOSTA lealdade deles para com as Escrituras. E sua linguagem foi de ACUSAÇÃO acerca do ensino deles sobre falsas regras de purificação e salvação.
O medo, a fuga, a transgressão e o prazer de sair dos limites - limites do bom senso e não da ‘moral’ SISUDA e intolerante - são a antítese da Graça. E, onde está a lei, não há revelação da Graça. Nessa revelação (que é pessoal e intransferível, não é coletiva nem de nenhum líder) não há nenhuma garantia de perfeição, mas a certeza de que não existe alternativa fora da Graça.

Por isso eu discordo que a igreja seja a detentora dos ensinamentos ao jovem. Esse ‘ministério’ cabe aos PAIS como lição viva e objetiva, responsabilizando-se pelo ensino de verdades espirituais, pela palavra e pelo exemplo. E não de maneira pesada, mas de forma leve, saudável, lúdica; onde a disciplina é aplicada com firmeza mas de forma amorosa e coerente com a própria conduta no cotidiano intenso e intensivo. Daí essa tarefa não poder ser relegada à Igreja ou a uma escola cristã (escola dominical).
'Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.' – diz o provérbio bíblico, não como promessa, mas como conselho prático; não apenas para ensinar ao pai a manter o filho sob sua autoridade, mas também para conduzi-lo para a vida, como INDIVÍDUO, a um convívio saudável com outras pessoas; ensinando-lhe a fazer escolhas e a tomar decisões sábias e coerentes; e assim, evitando que ele se submeta à falsa apreciação de um kit religioso opressor.

Textos relacionados:

A MÃO DE DEUS

ENSINANDO A PALAVRA

'Somente quando se toma consciência de que Jesus se fez pecado, culpa e vergonha por nós, é que se está no caminho da libertação da culpa, a fim de que se vá aprendendo a viver sem ela, até que se entre na Paz.
O homem que anda sob o signo do perdão perscruta sempre a sua consciência em cada coisa, sentimento ou ato.
Sou discípulo de Jesus, amo a Sua Palavra, reconheço a irmandade profunda na comunhão com aqueles que discerniram o mistério de Deus em Cristo e tenho prazer em anunciar esse Amor, bem como vivê-lo, especialmente com aqueles que também amam o mesmo Amor que a eles se revelou em Cristo.
No livro de Atos, tal andar comunitário e os que a ele pertenciam eram chamados de "os do Caminho". E no Caminho cada um faz o seu próprio caminho pessoal, e também o faz de modo comunal e coletivo. O discípulo é o indivíduo. A Igreja é a comunhão dos discípulos'. (Caio Fábio)


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* religiosa é diferente de crente no sentido real da palavra.
* acordar pra Jesus - maneira leve e descontraída de dizer: converter-se a Jesus

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Como a Religião trata O EVANGELHO



Alguns foram ter com Ele conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se Dele, por causa da multidão, descobriram o telhado no ponto correspondente ao em que Ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.
Em que igreja alguém teria a liberdade de quebrar o telhado e baixar alguém para dentro do culto sem ser preso ou ter que indenizar a igreja por danos no telhado?
...

Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.
Pode haver desejo mais puro, mais humano, mais divino e mais sublime, do que este desejo de que os pecados sejam perdoados? Qualquer interpretação maligna viria do fato que eles sabiam que Jesus não só falava sério, mas que o que Ele dizia era também verdade para quem ouvia.
...

Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?
Somente almas adoecidas pelos ritos morais de doutrinas de pedra podem se infelicitar com a afirmação de que os pecados de outro homem estão perdoados. Questionar tal realidade é questionar a essência do ensino de Jesus quanto ao fato que Ele mesmo ordenou que Seus discípulos perdoassem pecados, como Deus mesmo perdoa. O cerne do ensino de Jesus acerca de Deus em relação aos homens, e dos homens em relação uns aos outros, é que pecados são perdoados. Mas isso escandaliza a religião, que  se julga a detentora do poder de dizer quando ou não Deus perdoou ou deve ter perdoado algum pecado.
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E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!
O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados! A ironia é que os homens creem muito mais que paralíticos podem ser curados do que pecados podem ser perdoados. Aceitar que o Filho do Homem tem autoridade para perdoar pecados, e, aceitar que os pecados estão perdoados, os nossos ou os dos outros, é que é um grande desafio para a alma. Por isso todos creem em ‘milagres’, mas poucos creem em perdão; no seu próprio e no concedido e recebido por outros.
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De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e Ele os ensinava. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. 
Procurar a Levi no escritório, no lugar das cobranças de impostos, o qual estava lotado de devedores, os quais bem conheciam quem era Levi, ou Mateus, era algo profundamente provocativo em todas as perspectivas. Mas Jesus escolhe o homem mal visto para ver o bem.
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Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com Ele e com Seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam.

O fato de Mateus ter sido convidado e aceito andar com Jesus, certamente criou no coração de todos os cobradores de impostos (publicanos) e de todos os demais indivíduos que se sentiam marginalizados pela religião e suas leis e morais (os pecadores), bastante confiança diante de Jesus. Ele não julgava as pessoas e nem se deixava sequestrar por estereótipos. Por isso os homens normais confiavam Nele.
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Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos Dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?
Comer e beber sempre foram gestos de amizade e companheirismos. A palavra companheiro significa ‘aquele que divide o pão’ (com-pan). Mas nos dias de Jesus aquele ato e com aquelas pessoas evocava uma união e uma identidade que assustava a casta dos religiosos, com suas Morais Separatistas, com seus Apartheides e com seus Campos de Separação dos demais homens. Assim, comer com publicanos e pecadores - coisa simples e normal, comum, sadia, e própria da vida - se torna algo imenso, descomunal, carnal, impróprio, impuro, sacrílego, blasfemo. A alma que se torna moral no sentido julgador da palavra tem em si o poder de chamar à existência as coisas que não existem. Neste caso, neste texto, nada estava acontecendo. Jesus estava apenas comendo com outros seres humanos. Mas a religião não reconhece humanidade senão nos que são clonados por ela.
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Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.

Jesus veio para todo aquele que diz: Miserável homem sou; ou para quem diz: Sou o maior dos pecadores; ou até para quem diz como Friedrich Nietzsche: Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens. Os fariseus ouvem Nietzsche, e dizem: Vejam! Ele próprio se condena! Jesus, porém, pode ouvir de outra maneira, de tal modo que até o que a religião ouve como blasfêmia, pode, para Jesus, ser apenas confissão de necessidade. Mas os fariseus não podem se igualar desta forma aos homens. Eles podem até se dizer doentes. Porém, sempre dirão que ‘eram’ doentes, ‘antes’ de conhecerem a sua religião de agora. Mas jamais se colocarão em igualdade com os doentes crônicos e que se internam para o resto da vida aos pés de Jesus.
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Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?

Ninguém perdia a chance de tentar enquadrar a Jesus. Ele tinha que ceder. Alguma concessão à idiotice Ele teria que fazer. Sim, Ele precisa transigir como fazem todos os seres que guardam alguma forma de interesse nas importâncias deste mundo. Por isso, talvez animados pelo fato de que Jesus demonstrava respeitar e amar João Batista, alguns fariseus ousaram tentar pegar Jesus em alguma forma de cooptação. Se Ele desse um dia para que tal coisa acontecesse ou se aceitasse que se instituísse O Dia do Jejum de Jesus, na mesma hora tudo o que Ele ensinava viraria religião e perderia o poder subversivo do Reino de Deus.
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Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.

Jesus lhes diz que ser Seu discípulo é discernir e possuir senso de propriedade. Não se faz jejum em dia de festa. Jesus vai mais além e os provoca evocando uma imagem de Festa, de Bodas do Noivo, de algo que tinha suas raízes no chão da maior alegria humana - o casamento - mas que também remetia para a imagem e o arquétipo de uma Boda Escatológica. Ele diz que há algo Do Outro Mundo acontecendo entre eles, enquanto eles pensam em jejuar. Jesus diz que quem fosse Seu discípulo, então, que entrasse naquela festa de publicanos e pecadores, pois, era ali que estava o Reino de Deus; posto que onde quer que Jesus seja bem-vindo, aí o Reino faz pouso. E prossegue, denunciando a impossibilidade de que aquela ‘nova’ maneira de ver a vida pudesse ser aceita por ‘olhos antigos’. Ele diz que não tentará fazer tal implante de consciência. Na realidade, Ele diz que seria e ficaria ainda pior. Ele sabe que certas consciências se cristalizam em certos estados, e começam a perder o viço da vida. Aceitar a vida no Reino e seu espírito de Bodas é inaceitável para aqueles que vivem do luto. Aquelas pesadas estruturas de tradição jamais aceitariam o Evangelho do Reino. Assim, Ele também indica que o novo estava no mundo, entre publicanos e pecadores, nas esquinas, nas vielas, nas ruas, nas festas, nos caminhos, e nas veredas todas desta existência, onde houver alguém querendo. Jesus também ensinava que nem mesmo perder tempo quebrando paradigmas Ele perderia. Ele diz que põe novo no novo e não insiste em meter o novo no velho. É grande o estrago... Com isto Ele diz que estruturas mentais que se tornam coletivas e engessadas, são como algo que envelhece como pano ou saco de couro de odres de vinho. Para Ele elas deveriam acabar por si mesmas. Mas não há aqui uma fixação de nenhum estado de inconversibilidade. Qualquer individuo pode mudar. Mas o espírito de um tempo não se converte.
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Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?

Agora a questão é o dia do Descanso Obrigatório, o Sábado, pois é isto aquilo no que ele se tornara. Era lícito segundo a Lei de Moises que as espigas das esquinas fossem deixadas aos pobres e necessitados, para que não houvesse fome na terra, mesmo que alguém não tivesse uma propriedade. A questão, no entanto, é se no Sábado isto poderia ser feito. Essa era a preocupação da religião, sempre aflita pelas causas importantes e sempre disposta a defender Deus das irreverências dos homens. Parecia que Deus não teria descanso se tudo não parasse na Terra. O homem teria que morrer de fome por amor a Deus nas beiradas dos campos de cheios de espigas de vida. O Deus da religião é do tamanho da mediocridade e da mesquinhez dos fariseus.
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Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele?

Jesus então escracha. Literalmente. Afinal, eles falavam de algo que existia em campo aberto e que poderia ser licito ou não dependendo do dia—no caso, o Sábado; mas Jesus vai além, e coloca logo uma questão—perguntando se nunca haviam lido acerca do assunto—que está muito mais para além de todas as expectativas. Ele diz que Davi comeu o pão sagrado, e comeu daquilo que era proibido comer em qualquer dia e por qualquer pessoa que não fosse o sacerdote, e, ainda assim, conforme o rito..., e não pecou por isso. Assim, Jesus diz que a necessidade é maior do que qualquer lei da religião, e que o sagrado se faz santificado pela necessidade que é essencial à vida. Além disso, Ele declara o sacerdócio de Céu Aberto que Ele inaugurava, no qual todos os homens poderiam ganhar a consciência livre para saber a diferença entre o atender a uma necessidade básica da vida e uma transgressão.
...

E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.
Jesus se identifica com os humanos ao dizer que o Sábado foi feito para o homem, e não o contrário; para então concluir que sendo Ele humano, e, entre os humanos, o Filho do Homem; tanto pela Sua humanidade, quanto também pela Soberania do Significado dela, Ele era o Senhor do Sábado. Todavia, o tom no qual Ele se apresenta como o Filho do Homem é de Senhor do Sábado, o que equivale a Senhor da Criação. Aquele que diz quando é a hora do descanso. Para os ouvidos puristas e doentes de religiosidade dogmática e tradicional como os dos fariseus, aquela declaração era como alfinete nas nádegas da alma religiosa. Simplesmente não dava para ser menos explicito. Quem falava era o Senhor Homem.
...

De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio.

Tudo começou com Jesus sendo provocado acerca de Sua amizade com pecadores. Depois Ele deu respostas. Agora Ele mesmo toma a iniciativa da provocação. Entra na Sinagoga e provoca. Põe um problema. E mais do que isto: Ele assume que para a mente religiosa fazer o que Ele faria seria uma 'transgressão' e faz assim mesmo. E faz tudo se explicar pelas razões de um coração paterno.
...

Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida. Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia-o da Galileia uma grande multidão. Também da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele.

Ao fim desse intenso encontro as motivações ficam estabelecidas. A religião precisa matar Aquele que a desestabiliza tão radicalmente, tirando de suas mãos o poder e o controle. Já o caminho do Reino segue para o ar livre, não para os conluios da morte e nem para a conspiração dos mesquinhos e empedernidos de justiça própria, mas sim para as gentes, para todas as pessoas, abrindo-se em todas as direções, suscitando desejo por Deus em corações muito diferentes entre si. Todos, porém, abertos para Jesus. Esta é apenas uma página do Evangelho Segundo Marcos, mas poderia ser muito bem o resumo histórico acerca de como a Religião trata o Evangelho.

Nele, que é maior que todas as religiões e não cabe em nenhuma delas.
Caio Fábio

Grifos meus - RF

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A mulher e as transições da meia-idade



A crise da meia-idade é a expressão pela qual é conhecida a fase que passa pela metade da vida, 'entre quarenta e cinco e cinquenta e cinco anos', quando uma pessoa é muito velha para ser jovem e muito jovem para ser velha.

O foco interno se desloca. A questão mental, emocional e psicológica muitas vezes não reside no quanto já se viveu, mas no número de anos que ainda se tem pela frente.

Para muitas mulheres, a meia-idade é um período de transição, de se fazer uma avaliação de prioridades, relacionamentos, direção e propósito de vida. (Mt 6.33)

É semelhante a chegar ao topo de um morro e ser capaz de olhar em todas as direções. Essa fase da vida leva a mulher a refletir sobre questões, tais como de onde ela veio, mudanças que ela quer fazer para que o restante de sua jornada seja produtiva e espiritualmente frutífera.

Uma característica da mulher virtuosa (mulher de força) é uma atitude de regozijo e sorriso em direção ao futuro porque ela confia em Deus. (Pv 31.25)

Esta é a descrição de uma mulher que conduziu bem sua vida e que se sente bem na meia-idade. Esse período oferece maravilhosas oportunidades de renovação emocional e espiritual de forma que a mulher não mais se preocupa com o que ficou para trás nem ansiosa com o que está para acontecer. (Fp 3.13)

Todas nós estamos em contato quase constante com transições ao longo da nossa vida. Umas são voluntárias e outras forçadas pelas circunstâncias. Algumas trazem alegrias, outras sofrimento, confusão e dor. Porém, todas as mudanças podem tornar-se positivas, experiências fortalecedoras para aquelas que se colocam sob a autoridade de Deus.

Eis o desafio para a mulher cristã!  Pois enquanto somos testadas a aceitar uma realidade cheia de mudanças drásticas, somos ainda impulsionadas a levar palavras de encorajamento a outras mulheres que passam por mudanças semelhantes.

E o mais maravilhoso nessa experiência, é quando se percebe que tais mudanças vêm como presente de Deus para ampliarmos nosso relacionamento pessoal com Ele. Conciliando fé pessoal com vida prática. E, assim, atingindo uma vida cada vez mais equilibrada e serena.

RF

(Adaptado de fragmentos de 'A Bíblia da Mulher')


TEXTO RELACIONADO ---> A MULHER MADURA


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

UNIÕES CONTAMINADAS




Tem gente que pensa que gente se entrega a outra gente e nada acontece. Tem gente que se dá a outra gente sem saber que a gente é feita de gente. Tem gente que se ilude com a ideia de que gente não transfere gente para outra gente. Tem gente que não entende que gente é contagiada quando se faz ‘um’ com outra gente. Tem gente que pensa que é brincadeira quando Deus diz pra gente não misturar o espírito com o espírito de certas gentes.

Sim, gente passa gente pra gente.

Serão os dois uma só carne...

Faz-se um com ela...

Grande é este mistério...

Paulo disse que na união conjugal tais ‘misturas’ atingem seu clímax para o bem, mas também pode ser para o mal. Ele diz: ...dela cuida como de sua própria carne...

E mais: ... posto que já não são dois, porém um... E em outro lugar: ... a mulher crente santifica o marido incrédulo... De outra sorte seriam impuros...

Eu creio em vampiros psicológicos, em seres que comem você por dentro, em relacionamentos que são como o ‘bicho da goiaba’ e o amazonense tapuru.

Ninguém se une a ninguém sem contágio, para o bem ou para o mal.

Uniões têm o poder de mudar interiores, alterar almas, atingir o espírito.

Se alguém sai de casa e contrata uma prostituta, e faz isso uma vez, corre o risco de contaminar-se fisicamente e pode desenvolver um vício para a alma. Mas se alguém sai de casa sempre para se prostituir, essa pessoa, mesmo que mude de prostituta todas as vezes, será contaminada, não necessariamente no corpo, e não necessariamente pelo espírito de uma delas, mas com certeza o será pelo espírito de prostituição, que não é algo muito forte na prostituta (que não se entrega por prazer) mas o é na alma do freguês, visto que ele é quem procura ‘algo’ com avidez física e psicológica.

Amizades longas com pessoas ruins podem acabar com a gente. Da mesma forma, amizades curtas e breves também têm o poder de contaminar e desviar uma pessoa de seu caminho.

Nada, porém, é mais profundo no seu poder de contágio do que uma união conjugal. Nesse caso, se as pessoas são de espírito bom, mesmo que não se amem, provavelmente não se façam mal. Mas se ambas ou apenas uma delas for de outro espírito, então, é muito difícil que o parceiro não seja contaminado na alma.

Por esta razão nada há melhor do que a união de duas pessoas do mesmo bom espírito, especialmente se tiverem a ventura de se encontrar bem cedo na vida, e se manterem em união por toda a vida.

Tais pessoas são as mais leves, livres, felizes e simples!

Há quem queira muita ‘variedade’... Meu Deus, que ilusão!  Mal sabem que a tal ‘variedade’ vai deixando gambiarras penduradas pela gente, como fios desencapados e ‘em curto’. Se pudéssemos ver espiritualmente tais pessoas, as veríamos como troncos cheios de cabeças, braços, olhos, e pernas. Completamente monstrificadas. Simbiotizadas de tantas formas e de tantas maneiras, que elas mesmas assustar-se-iam se pudessem se enxergar.

Mas não é preciso enxergar para ver. Basta que se olhe para dentro do coração, para as legiões de seres, para sentimentos que cada vez mais se complexificam na alma, para mentes cada vez mais compartilhadas pelos entes psicológicos que foram sendo agregados no caminho.

Por isso o homem de coração simples é bem mais feliz do que aquele que sofisticadamente se autodesigna de complexo. Quando a sabedoria ordena ao jovem que guarde puro o seu coração, que simplifique os seus caminhos e que seja focado em seus sentimentos, ela quer apenas dizer o que acabei de expor.

Não é nada moral como se pensa. É algo que tem a ver com a saúde do ser, com a paz para viver, com a unicidade existencial, com a pureza psicológica.

Hoje, porém, é moda ser infeliz, complexo, sensível (significando ‘sofrido’), indecifrável, misturado e multiuso, de tal modo que essa pessoa tem que ter ‘seu próprio analista’.

Toda gente é uma ‘mistura’ de todas as gentes que passaram pelo coração, para o bem e para o mal.

Nessa viagem da formação do ser há aquelas pessoas que são inevitáveis para nós, como os pais e os irmãos—nossos primeiros e involuntários casamentos na existência.

Ora, muitos são os estragos que essa ‘mistura’ pode causar quando mal discernida.

As piores misturas, todavia, são aquelas que escolhemos—consciente ou inconscientemente—para viver e fazer parte da gente pela via da união.

União é coisa muito séria. Ela pode nos erguer ou nos afundar; pode nos abençoar ou nos amaldiçoar; pode nos trazer paz ou pode nos trazer angústias; pode nos salvar ou nos destruir.

Por isso, se você está só, ou vindo de algo que como ‘união’ fez mal a você, não tenha pressa. Abrace sua solidão com respeito e dignidade. E agradeça a Deus o livramento. E não sucumba à tirania de se fazer acompanhar. Afinal, veja bem quem vai lhe ‘acompanhar’.

Mas se você está lendo isso e pensando: E agora? Depois de tanto ‘experimento’, ainda haverá esperança para mim? Eu lhe digo: Sempre há esperança. O Espírito Santo é real. O amor de Deus limpa e cura. Mas o homem haverá de ser curado enquanto discerne cada pedaço de outros que foram largados no baú de sua alma. E terá que ter a coragem de discerni-los e jogá-los para fora de si mesmo.

Essa cura implica em discernir ‘qual carne e qual sangue’ fazem parte de nossa comunhão existencial e espiritual. E obviamente isto só tem a ver com quem permitimos entrar e ter algum pedaço de nós, especialmente em uniões. Tal exercício de discernimento é doloroso, porém libertador. Portanto, se você discernir tais espíritos na presente constituição de sua alma, mande-os sair... Pois eles sairão.

Depois disso, encha a sua casa do que é bom e não a deixe vazia, posto que essas coisas se vão... Mas de vez em quando voltam a fim de ver como anda o lugar antes ocupado, conforme nos ensinou Jesus, tanto sobre espíritos demônios, quanto também acerca de qualquer espírito, inclusive os espíritos dos humanos que já nos possuíram ou tentaram fazê-lo.

Esses ‘entes’, todavia, cansam de voltar. E é assim que se vai alcançando PAZ mais e mais...

É por tudo isso que lhe peço:

Veja bem com quem você está se unindo.

E mais:

Veja bem que espíritos você contraiu durante vínculos adoecidos.

E, assim, trazendo todas as coisas para a luz, deixe que a verdade expurgue de seu ser aquilo que não é você.

E não esqueça:

É na Luz e na Comunhão verdadeira que o Sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.

Pois se andarmos na luz, como Ele na luz está, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Seu filho, nos purifica de todo pecado.

 Na íntegra, AQUI <---


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Resposta a um comentarista...


Thiago:

Fique em paz. Você não me ofendeu em absolutamente nada, pois eu não vejo isso tudo que se fala aqui como uma coisa pessoal. Vejo Deus agindo, somente isso.
E eu não sei bem se responde tua pergunta, mas incomoda-me PRA CARAMBA, ver qualquer pessoa sendo manipulada em qualquer situação. E, BEM MAIS, quando se usa o nome de Deus como pretexto. Pois, quando Jesus subiu aos céus, Ele estabeleceu aqui na terra uma ligação íntima com cada um daqueles que quer ter essa ligação, substituindo todas as ordenanças externas da antiga aliança.  O véu que havia no santuário foi rasgado em duas partes DE ALTO A BAIXO. (O véu do templo era uma imensa, grossa e pesada cortina que ficava entre o 'Lugar Santo e O Santo dos Santos' como lembrança constante da separação entre a humanidade e Deus. Sua remoção, sem qualquer ação do homem, significa que está quebrada qualquer barreira que existia entre Deus e qualquer pessoa que aceita o sacrifício de Jesus - Ver 2Co 3: 12.18 e Hebreus 6.19)

Por meio do sacrifício perfeito e eterno, temos uma conexão com o PAI, que nos proporciona um relacionamento pessoal e intransferível.  A nenhum sacerdote, a nenhum líder espiritual, a nenhuma denominação foi concedida essa 'patente' de representante de Deus.

A nova e eterna Aliança (ou Novo Testamento) nos concede o privilégio especial de acesso ilimitado a Deus e a oportunidade de servir com sacrifícios agradáveis a Ele; o que não tem absolutamente NADA a ver com desempenho religioso.

O autor de hebreus diz que os sacrifícios agradáveis são o continuado louvor, a prática do bem e a mútua cooperação. "Com tais sacrifícios Deus se compraz" - diz ele quase no final da sua epístola, justamente a um povo que estava desistindo da GRAÇA e voltando aos ritos, práticas, crenças e legalismos do judaísmo. Eles estavam voltando ao 'velho homem' em oposição ao sentido da palavra 'hebreu' que sugere estado constante de progressão, fruto da desinstalação, da capacidade de andar pra frente, de seguir, de cruzar fronteiras. Eles, de fato, tiveram que sair, fisicamente, mas em analogia para os dias atuais, coloco tudo isso metaforicamente, pois essa desinstalação, essa progressão, vem de uma disposição no coração dos que têm o ‘VIVER PELA FÉ’ superior ao legalismo, na certeza de que o sacrifício de Cristo é suficiente para a salvação.

Diariamente, eu vejo religiosos envaidecidos com uma tradição centenária sem o menor sentido, anulando o sacrifício realizado na cruz, estabelecendo um kit religioso ACIMA do AGIR soberano de Deus. Ironicamente, usando Seu Santo Nome.

Isso tudo me incomoda, me entristece, me assusta. E não porque me atinge diretamente, porém, de certa forma me sinto atingida, porque SOFRO com o que vejo à minha volta; pois convivo com pessoas de boa fé, MAS totalmente equivocadas porque lhe enfiaram goela abaixo um deus ranzinza, sisudo e vingativo que só reprime, oprime e que finda por ESTIMULAR a pessoa a ser medrosa e a usar a máscara da falsa piedade; e o mais grave: em nome de uma denominação.

Em relação à outra pergunta, posso dizer que estou aprendendo a cada dia, que servir a Deus é, antes de tudo, se colocar como total dependente, não por meio de práticas exteriores, mas entregando-LHE diariamente o 'eu' cheio de pretensões. Esvaziando-nos, olhamos em direção ao outro também, tendo compaixão e perdoando do mesmo jeito que fomos perdoados. E tudo isso acontece ao nível do coração. E, JAMAIS, dentro de uma igreja ou quando se filia a uma instituição religiosa, cumprindo meia dúzia de regrinhas determinantes para a 'salvação'.

Deus não está interessado em nossas exterioridades, no tamanho do meu cabelo e do comprimento da minha saia; Ele quer que entreguemos o nosso coração a Ele. É no nosso coração que Ele quer fazer morada. Ele não habita mais em casas feitas por mãos humanas. Nós nos reunimos na comunidade que escolhemos, não para idolatrar a comunidade escolhida e suas determinações, mas para louvá-LO e adorá-LO em grupo, estendendo isso para o nosso cotidiano, nossa vida lá fora, sendo sal e luz com nossas atitudes; não nos reunimos para ganhar bônus para o céu, pois isso seria negociação, mas pela busca de uma convivência em harmonia, exercendo o ministério que Jesus nos confiou: o da reconciliação. Apenas isso.

Só que isso só se realiza de maneira prática e eficaz, quando nos despimos do nosso 'eu' pretensioso/religioso e deixamos o Espírito de Deus agir no nosso coração; de modo que eu esteja reconciliada com Deus, comigo mesma e com o outro. Apenas essa reconciliação é capaz de promover a paz e a boa vontade entre os homens.

Você pode saudar cem vezes uma pessoa no mesmo dia com o ato mecânico e repetitivo 'a paz de Deus' mas se você não tem isso realizado, verdadeiramente, em seu coração, de nada serve. Isso é apenas um exemplo de como as pessoas religiosas se acostumaram a coisas repetitivas e vãs que estimulam a hipocrisia. A hipocrisia religiosa tão abominável aos olhos de Deus.

Esse é o meu cuidado. Esse é o meu zelo.

E é somente disso que venho falando...

RF.

TEXTO RELACIONADO: O AMOR QUE NEUTRALIZA O MEDO <---

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

PLIM PLIM

Há alguns dias, cantores conhecidos do meio evangélico tiveram um pequeno espaço na maior emissora de TV do país. Não demorou muito para que nas redes sociais começassem protestos por pretensos formadores de opinião sobre as motivações que implicaram aquelas apresentações.


A primeira vez que ouvi uma música  'evangélica' foi por uma rádio secular, e depois, no programa da Xuxa (vergonha... acontece...)


Eu era um adolescente e morava em um centro de Umbanda, já que minha família era espírita como eu. A música era 'Consagração'  cantada pela então menina de 14 anos, Aline Barros, e lembro-me perfeitamente que ouvia e chorava, me trancava no quarto e aumentava o volume, gravei pedaços em fita K7 (talvez você não saiba o que seja isso) e ouvia até a Aline ficar rouca.


Anos depois, convertido, ainda choro ao tocá-la.


Não sabia das motivações da menina - ou da igreja onde congregava - quando a ouvia, não sei o que fez com os cachẽs, não é da minha conta. Só aquela música me enchia a alma. Não entendia a máquina midiática que estava por trás daquela simples canção (que a própria Xuxa insistia em divulgar).


Hoje eu entendo. E continuo cantando a canção, e louvando a Deus intimamente.


Como li em uma rede social, o povo cristão começa a reclamar sistematicamente, sem lembrar como Deus trabalha. Parecem hebreus no deserto.


Afinal de contas: Qual tipo de crente poderia cantar louvores a Deus na Globo? Que tipo de contrato ele teria que assinar com os inquisidores das redes sociais para provar que cantam legitimamente?


Em suma: tem crente que é chato pra  caramba.


Pronto.


Desabafei.


Zé Luís <---clique aqui pra ler o texto na íntegra.