Metáforas à parte, quando Deus fez o primeiro homem, viu que não era bom que ele ficasse só, da mesma forma que nunca quis que a mulher ficasse em segundo plano em absolutamente nada. No casamento então, nem dois seriam, mas "uma só carne”, PORÉM, sempre exaltando a individualidade da mulher, dando-lhe valor e responsabilidade ao longo da existência humana, tomando inclusive medidas preventivas para o caso do casamento não dar certo ou em situação de viuvez.
Os povos antigos já seguiam o princípio de que a mulher que se tornasse espólio de guerra poderia ser usada como escrava sexual ou para o trabalho; mas Deus deu a seu povo regulamentos totalmente diferentes, que serviam para proteger a dignidade da mulher capturada. (A Bíblia da Mulher – O cuidado de Deus com as mulheres)
No AT vemos o exemplo de Débora que era profetisa e uma simples dona-de-casa sendo escolhida por Deus para liderar uma nação, tornando-se juíza e líder militar, libertando seu povo em tempos de guerra.
Tem também Ester, a quem Deus concedeu enorme coragem e grande sabedoria para livrar Israel da destruição.
Tem Rute, a moabita, que renunciou à sua herança cultural (adoradora de deuses pagãos) para ir viver com a sogra, em uma das maiores demonstrações de compromisso da História; mesmo tendo havido um casamento entre culturas e nações diferentes, Deus lhe deu a oportunidade de experimentar do Seu amor.
Miriã, que desde criança mostrou-se inteligente ao conduzir e vigiar o irmãozinho, tornando-se mais tarde grande líder; considerada a mais notável mulher hebraica da sua época, foi ainda grande musicista e profetisa.
Havia ainda tantas outras mulheres expressivas tais como Ana, mãe de Samuel, e Abigail, que ao usar de grande habilidade mudou o rumo da vida do futuro rei Davi.
Tempos depois, em Sua perfeita Soberania, Deus não precisaria de uma mulher para realizar Sua obra salvífica, mas escolheu uma menina-mulher - Maria - como instrumento, fazendo triunfar a fé sobre o dogmatismo. Esta, por sua vez, compreendendo que o foco era Jesus, disse: "Que se cumpra em mim conforme a Tua Palavra".
Isabel, parenta e mãe espiritual de Maria, destacou-se duplamente: como sua mentora extraordinária e como mãe do pregador que viria a ser o portador da mensagem de arrependimento, preparando o caminho para o Messias.
Quando Jesus nasceu, outra Ana servia no templo e vivia ajudando no serviço religioso oficializado naquele local. (Lc 2:36.38)
Nos tempos do NT, Jesus SEMPRE enfatizou o ministério das mulheres no evangelismo, ficando bem evidente sua atitude revolucionária quando apareceu para a mulher no poço de Sicar, já que por razões culturais era considerado impróprio para um rabino abordar uma mulher, principalmente uma mulher com aquele perfil.
Enquanto ela era discriminada, Jesus a restaurou fazendo-a evangelizadora, com o dom de exortação, persuadindo e incentivando outras pessoas a conhecerem-NO.
" Muitos samaritanos daquela cidade creram nele EM VIRTUDE DO TESTEMUNHO DA MULHER!" (Cf. Jo 4.39)
Observe-se que no Sermão do Monte, onde Jesus deixou a todos maravilhados com Sua doutrina, não existe nenhuma alusão-proibição no que concerne à atuação da mulher evangelizadora. (Mt caps : 5-6-7)
Jesus exaltou o fato de Maria de Betânia ficar aos seus pés, ouvindo seus ensinamentos e repreendeu Marta, sua irmã, que queria que a mesma a ajudasse no serviço doméstico, numa reação típica de uma cultura que achava que uma mulher não devia receber ensino sobre as verdades espirituais. Jesus rebateu com o intuito de ensinar-lhe e encorajá-la a aprender. “Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”. Se Ele seguisse a cultura judaica à época, diria: Ela tem razão, Maria. Por que você não vai pra cozinha, ajudar sua irmã?
A bíblia relata também a passagem da mulher que em silêncio, estava prestes a ser apedrejada e Jesus dirige a palavra justamente a ela - ignorando questões culturais hipócritas que responsabilizavam a mulher pela luxúria (ora, ela transou sozinha?!) e por isso deveria estar isolada do homem – sendo essa mulher particularmente discriminada não apenas pela sua condição feminina, mas ainda pela sua conduta.
Ressalte-se também a permissão de Jesus para que Maria Madalena fosse a primeira mulher a vê-Lo e a falar com Ele, tendo sido inclusive, a primeira pessoa a contar as Novas aos outros, ainda que nos moldes da época o testemunho de uma mulher fosse considerado inválido.
E muitas outras mulheres cooperaram das mais diversas formas, no ministério de Jesus... (Lc 8:1.2.3).
Há destaque até para a mulher intituitiva de Pilatos que, convencida da inocência de Jesus, mandou-lhe um bilhete em meio ao julgamento, descrevendo-o como um homem justo.
O Evangelho se propagou e, mais tarde, Paulo começou a enviar cartas específicas para as localidades.
Em algumas denominações religiosas atuais há certa confusão em interpretações doutrinárias devido a uma suposta discriminação feita por Paulo às mulheres de Corinto, quando na verdade tratava-se de um meio disciplinador, uma vez que as mulheres da alta sociedade manipulavam grande parte do poder econômico e faziam valer suas vontades.
Era comum elas usarem de capricho para com seus maridos, influenciando-os sobre o que deveriam ou não fazer. Esse era um costume feminino quase generalizado permanecendo por muito tempo na igreja primitiva.
Na carta que escreve ao povo de Filipos (4.3), fica claro que Paulo não dispensa a ajuda das mulheres, lembrando ainda de Lídia e Priscila que eram cooperadoras em seu ministério de evangelização.
Aos gálatas (3.28), ele diz que não há distinção de sexos.
Em Tito 2:3.5 as mulheres recebem ordem para ensinar na igreja.
Quando ele diz aos efésios para a mulher ser submissa ao marido, deixa claro que o marido AME a mulher, comparando à relação de Cristo com a Igreja (Ef 5.23), numa alusão ao que Deus requer numa relação conjugal, pois ELE não quer submissão em detrimento da responsabilidade da esposa de andar em santidade e retidão diante dEle. Afinal, o marido não é Salvador e sim, protetor. Dessa forma, na submissão VOLUNTÁRIA, a esposa serve a seu marido, com liberdade e dignidade, ASSIM COMO, a Igreja serve a Cristo.
O objetivo de Paulo era impor uma nova concepção conforme o que Jesus havia pregado sobre a vida espiritual, desfazendo conceitos, erradicando costumes, mudando a visão e o pensamento dos novos convertidos. Daí ele achar por bem interferir até mesmo na indumentária e performance das novas mulheres convertidas de modo que se destacassem das prostitutas e falsas profetisas.
E, este, continua sendo o nosso objetivo – nós, mulheres cristãs – quando precisamos estar cada vez mais atentas ao papel que nos foi confiado, pois mesmo tendo passado mais de dois mil anos, ainda existe enorme disputa e grandes equívocos em nome de Jesus e onde ironicamente, nós mulheres, nos tornamos vítimas da nossa própria influência no meio religioso em que vivemos.
Nesta data, uma manifestação de reivindicação por uma vida mais digna culminou em tragédia covarde e criminosa. Por isso, não apenas se comemora a atuação da mulher na sociedade, mas principalmente, promovem-se debates e conferências que discutem o papel da mulher no contexto atual. A ideia é erradicar o preconceito e a desvalorização da mulher em relação a salários, violência doméstica, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na área profissional. Na verdade, tudo conforme o plano que Deus sempre teve para a mulher em Seu profundo cuidado e amor visando sua proteção e restauração.
Regina Farias