"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

Translate

terça-feira, 31 de maio de 2011

A MULHER MADURA

(Susan Sarandon)



O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos. De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. 

A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimée. Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda. 

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo. 

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs. A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito. 

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril. O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa. 

Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza. 

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador. Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. 

Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo. A mulher madura está pronta para algo definitivo. Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. 

A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo. 

A mulher madura é um ser luminoso e repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes. Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.

(Texto de Affonso Romano de Sant´Anna)

Grifos meus- Admiro a sensibilidade e a percepção deste homem ao desenhar quadro tão perfeito...
RF

Abismos...







"Ora, quando eu julgo alguém, 
mesmo que a pessoa não fique sabendo, 
mesmo que eu esconda tudo bem secretamente no meu coração, mesmo que eu tenha pouca ou nenhuma consciência do fato, 
esse julgamento cava entre a pessoa e eu 
um abismo de falta de franqueza 
e me impede, irremediavelmente,
 de lhe trazer ajuda eficaz. 
Pelo meu julgamento, eu o enredo em suas faltas
em vez de libertá-lo delas"
(Paul Tornier)


Grifos meus-RF

domingo, 29 de maio de 2011

Amigo







Amigos são como anjos que podem até salvar um dia! Como aqueles dias em que você fica meio para baixo... Pois é, eles aparecem e te fazem sorrir. E te dão a sensação de que você não perdeu o seu dia.

Eu creio em anjos. Sempre cri, apesar de nunca ter visto um desses, que existe no imaginário das pessoas.  

Sei que estes trabalham em silêncio. Já os de carne e osso... esses frequentemente os vejo. Não raras vezes são mensageiros de paz. 
Engraçado! Alguns deles se parecem conosco em quase tudo ou em muitas coisas. Até nos tipos de dores se parecem, como em algumas percepções da vida.
São anjos poderosos, os verdadeiros amigos e irmãos de alma e espírito. Talvez seja necessário um certo tanto de sensibilidade para sentir o poder desses anjos terrestres.
Ambos existem: os anjos da outra dimensão, como os que habitam a nossa dimensão - os humanos, os verdadeiros humanos. Estes últimos são os que mais me fazem bem. E, é claro, assim como os da outra dimensão, estes anjos terrestres também são enviados de Deus.
Hoje mais uma vez esta verdade foi comprovada por mim: os amigos são dádivas de Deus.
Título original: Eu Creio em Anjos, e Você?
Grifos meus-RF

sábado, 28 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sem Jesus não dá



(Só pra compartilhar com meus leitores...)

Deus é maravilhoso!

Amanheci cantarolando esse louvor...

Claro que estava precisando dessa 'força' e o Espírito de Deus ministrou meu coração quando eu ainda estava acordando...

E, como eu não curto mais aquele estilo de coreografia fantástica, saí procurando outro mais 'láiti', digamos assim rss para colocar aqui.

Achei esse reguiado... E amei!

(Ah, euzinha já cantei e dancei muito 'coletivamente' ao som dessa música, abafa rss)

Aos críticos ferrenhos de plantão, já adianto que não sei nada acerca de "Bola de Neve", portanto não tenho nada contra nem a favor, muito pelo contrário he he

E os músicos também não conheço, mas gostei.

É isso! Autoridade e Poder! O domínio em Suas Mãos. Pois O SENHOR É Rei dos povos. Cale-se diante DELE a Terra, dobrem o joelho, ergam as mãos, pois O SENHOR é DEUS!

Meu carinho,

Rê.




domingo, 22 de maio de 2011

"Novas" regras de concordância




Socooorro!

Assassinaram a concordância verbal/nominal da língua portuguesa.

Por favor, alguém me explique quando é que dizer "os livro" é adequado!

Também me explique quando é que corrigir se constitui em constrangimento.

Caramba!

Viramos o país dos melindres?!

Não entendi o discurso contraditório da autora.

Afinal, expressar-se de maneira correta está implicitamente ligado a ESCREVER CORRETAMENTE.

Verbalidade versus Oralidade. Uma coisa tem a ver com a outra. 

( "A VER", que fique bem claro! E não, "haver". Como escrevem, incorretamente, milhares de blogueiros, diga-se de passagem)

E, se o fato de corrigir se constitui em constrangimento, tragam as algemas, prendam-me!

Ai ai ai cadê meus sais...



Inversão de Valores




... E o Professor Sérgio Nogueira, muito bem intencionado, claro, ainda tem a esperança de que essa "professora" esteja cheia de boas intenções.

Ora, de boas intenções, o inferno está cheio... Diria minha bisavó.

Estamos bem servidos de MEC, heim?!

Durma com uma bronca dessas!

Por uma vida melhor?! COMO ASSIM?!



Aprovação do uso incorreto da Língua Portuguesa para não constranger?

Como assim?!

Valeu, Alexandre!


sábado, 21 de maio de 2011

I Believe I Can Fly




Há 25 anos, surgia no Harlem, bairro de Nova York, um coral composto por negros que, por meio da música gospel, desejava cantar os ideais de Martin Luther King Jr. Assim, começa a trajetória do Harlem Gospel Choir, que se apresentou ontem em Brasília. 


“Nossos princípios são os mesmo de King. Tentamos espalhar esperança, amor e paz. Trabalhamos para construir um mundo melhor" diz Anna Bailey, participante do grupo, irmã do fundador e uma das entusiastas das ideias do ícone da luta dos direitos civis dos negros americanos. 


Todas essas mensagens são repassadas pela voz e a energia marcante da black music. O repertório do grupo inclui uma mistura de canções de coral tradicional com composições contemporâneas, sobretudo do mundo pop, abusando do suingue da black music norte-americana e apostando em uma animada mistura entre rhythm and blues, funk, soul e pop. 


Michael Jackson ocupa um lugar de destaque no repertório do HGC. Além da qualidade das gravações do rei do pop, Allen era amigo pessoal do cantor - eles se conheceram ainda na época do Jackson Five. O grupo cantou durante o funeral do popstar em 2009. O coral interpreta as canções mais famosas dele, adaptadas ao estilo gospel. Além de Michael Jackson, outros nomes importantes da música negra influenciam o trabalho do HGC. 


Cantores, cantoras e artistas como Aretha Franklin, Lionel Rietche e Kirk Franklin, são interpretados pelo coral. Com tantas referências de qualidade, o grupo construiu uma imagem positiva, sendo apontado como um dos mais representativos da black music contemporânea. Personalidades como Nelson Mandela, João Paulo II, Michael Jackson, Barack Obama, Paul McCartney, Bono Vox e Elton John, já escutaram o som dos coralistas.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nossa Gente








Em Dezembro de 93 estava entrando na Empresa como Secretária, na área de Logística. Hoje, como Líder  na Qualidade Assegurada ainda na Logística PE, acredito na Empresa que nos abre um leque de oportunidades. É desafiador para a mulher na busca do equilíbrio entre as responsabilidades da vida pessoal, sendo mãe e conciliando papéis com profissionalismo, ética, respeito.

Tenho uma história de superação quando seis anos atrás,  enfrentei o diagnóstico de câncer de mama. Recebi total apoio no meu retorno pós tratamento, assumindo cargo de liderança, ratificando uma aposta no meu potencial de trabalho. Não me refiro apenas ao processo de superação que uma doença assim imprime na gente, mas principalmente uma nova visão que passamos a ter de tudo à nossa volta.

Descobre-se uma interligação diferente que passa a ser parte imprescindível da nossa vida. A mesma vida acelerada de antes, pois a vida é dinâmica e o mundo não para; e que, paralelo ao nosso drama pessoal, precisamos estar atentos e fortes, para sintonizar as mudanças lá de fora com essa mudança drástica que se fez dentro do nosso corpo e da nossa mente.

É certo que do peito foi literalmente arrancado algo valioso como simbolismo feminino. Porém, foram acrescentadas possibilidades incríveis, pois lidar com câncer não significa um mero tratamento clínico, mas o início de uma nova jornada.

Gostaria de citar um fragmento de poema de um dos maiores poetas, que meu pai me ensinou a admirar:

A dor que abate, e punge, e nos tortura,
Que julgamos às vezes não ter cura
E o destino nos deu e nos impôs,
É pequenina, é bem menor, e até
Já não é dor talvez, dor já não é, dividida por dois.
(J.G. de Araújo Jorge)

Agradeço a Deus pelos profissionais competentes que me deram tratamento e muito apoio, verdadeiros amigos !


Agradeço todos os dias a Deus, sinto que Ele está na minha vida !

Depoimento de Eliane Farias (foto), homenageada de capa entre as seis mulheres escolhidas pela revista "Nossa Gente" (Walmart) na Edição 9 - Mar/Abr 2011




terça-feira, 3 de maio de 2011

Osama bin Laden e os crentes





Hoje pela manhã vi a notícia da suposta morte de Osama bin Laden (suposta, porque por enquanto, a história está bem mal contada, não é?). E vi também a comemoração histérica por conta disso, nos Estados Unidos. E o presidente Barack Obama, afirmando que tinha se feito “justiça”.

Para mim, a reação dos norte-americanos diante da morte de Osama bin Laden, mostra bem o tipo de “cristianismo” e de “Jesus” no qual eles dizem acreditar. Condiz com o Jesus das imagens que ilustram essa postagem, um Jesus frequentador de McDonalds, armado até os dentes, violento e vingativo, que comemora a morte de quem considera serem seus inimigos. Um Jesus que não tem nada a ver com o Jesus do novo testamento, que era manso e humilde de coração, e que perdoou os soldados que o pregaram na cruz. O “american Jesus” jamais morreria numa cruz, pois teria ogivas nucleares para lançar contra seus inimigos. 

É lamentável assistir pessoas comemorando isso, como se a violência fosse capaz de algum dia, gerar paz. O povo norte-americano não demonstra estar sendo educado para a paz e para a não violência (como se esperaria de uma nação que se diz cristã), e sim, para sempre estar em guerra contra alguém, mesmo que seja um inimigo imaginário (ou criado pelas próprias políticas dos governantes norte-americanos – que cria os monstros e depois não consegue mais controlá-los – caso do Bin Laden). Como já disse Ghandi, olho por olho, e o mundo vai ficando cada vez mais cego. E se você é cristão, não me venha falar da lei de talião (a famosa olho por olho, dente por dente), porque quem é cristão, deve pautar seu comportamento no que Jesus ensinou, que foi a orar por quem nos persegue e amar os inimigosJesus nunca ensinou ninguém a matar, buscar vingança, desejar a morte ou comemorar a morte de inimigos.

E outra coisa: francamente, se todos aqueles que causam a morte de homens, mulheres e crianças inocentes devem ser punidos com a morte, a lista de pessoas que deviam morrer por serem culpadas desse tipo de coisa, é bem grande.Terrorismo é apenas UMA forma de causar morte de inocentes, existem várias outras. A exclusão social, o consumismo desenfreado, o preconceito racial, o egoísmo, as políticas que favorecem uns em detrimento de outros, também causam a morte de pessoas inocentes, que não têm acesso às necessidades básicas para se manterem vivas, ou são exploradas feito escravas. Se for para começar a matar todos os “culpados” pela morte de homens, mulheres e crianças inocentes, vai sobrar bem pouca gente viva por aqui, portanto, deixem de ser hipócritas. 

Ser culpado da morte de pessoas inocentes não se dá apenas por atirar nelas ou explodir bombas em atentados, e sim, com todas as atitudes de descaso e falta de compaixão perante o sofrimento alheio. Os japoneses que foram vítimas das duas bombas atômicas, eram pessoas inocentes também, não eram? Quem decide quem é culpado ou inocente? Quem define o que é “justiça” ou “injustiça”? Quem tem mais poder, dinheiro, melhores armas ou exércitos mais poderosos? E chamam isso de “justiça”? Pelo amor de Deus. A justiça de acordo com o entendimento dEle, é algo bem mais amplo e profundo do que essa “justiça” baseada no direito de quem pode mais.

Chamar isso de “fazer justiça”, num mundo onde 20 milhões de crianças morrem de fome por ano, faz sentido? Matar pessoas em atentados terroristas, é pior do que matá-las lentamente, de inanição? Será mesmo que somos tão melhores assim do que um terrorista, só porque não vemos as vítimas do nosso descaso e omissão morrerem? Fazemos de conta que elas não existem, e dormimos tranquilamente, enquanto condenamos outros à morte, e nos achamos superiores a eles.

Um “cristianismo” medíocre como o norte-americano, misturado com ideologia política, só podia gerar esse tipo de gente, que acha que assassinar os inimigos é fazer “justiça”, e deitam suas cabeças nos travesseiros, e dormem como se fossem santos, como se as atitudes arbitrárias do governo dos Estados Unidos mundo afora, não causassem a morte de nenhum inocente. Um bando de hipócritas do mais alto grau. E vale lembrar também, que Osama bin Laden, antes, era aliado dos EUA, ajudava e era ajudado pela CIA, na luta contra o inimigo da vez, a ex-União Soviética. Não se iludam, a morte do Bin Laden não muda coisa alguma, porque o ódio continua firme e forte nos corações das pessoas.

E o pior é que esse “Jesus” americanizado foi importado para o Brasil. Aposto como deve ter crente brasileiro festejando também.
Lamentável.


Copiei DAQUI e assino embaixo! (Negritos e grifos meus-RF)