"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

Translate

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rock Me Baby





Aprecie sem moderação...


E bom domingo!


R.

(Em homenagem ao René, o aniversariante do dia, que também é amante do BLUES. Detalhe: se ligue só no som, esqueça a letra  rsss)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Família



Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus; e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento. (Jo 2:1.2)

O primeiro movimento da Trindade, após criar a humanidade, foi celebrar um casamento.

Vale lembrar que a humanidade passa a existir após a formação da mulher, antes havia um espécime humano, não a humanidade.

Só após a celebração do primeiro casamento estava criado o homem à imagem e semelhança de Deus, a Trindade, porque estava instituída a família.

Porque Deus é uma família, criou à sua imagem, criou outra família.

A humanidade é imagem e semelhança de Deus porque, mutatis mutandis, guardadas, portanto, as proporções, somos as únicas criaturas de Deus capazes de expressar a unidade vivida pela Trindade.

Pessoalmente, cada humano, é imagem e semelhança de Deus porque nasceu da família, na família e para a família.

Quando rompemos com Deus, morremos espiritualmente, e essa unidade, essa família, se perdeu.

Cristo veio recuperar o que foi perdido: a vida eterna e a unidade humana; logo, ter, como primeiro movimento, o salvar a alegria numa celebração de casamento é, por demais, emblemático para o ministério do Cristo. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.(Lc 19.10)

E é por demais significativo para os alunos do Cristo, pois, define nossa visão de humanidade, e de missão, e de relacionamento humano: a humanidade passa a ser a nossa família, que queremos ver restaurada, a igreja passa a ser a família humana, a humanidade, em estado de unidade; as palavras irmão e irmã ganham uma amplitude universal; e o relacionamento humano passa a ser de interdependência e de solidariedade, onde cada um é responsável por amar e sustentar o outro.

Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim,
e eu em ti, que também eles sejam um em nós;
para que o mundo creia que tu me enviaste.
Jo 17.21


Ariovaldo Ramos

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Elogio ou bajulação?





O bom senso diz que o elogio é extremamente importante na construção da autoestima e até para ajudar alguém a sair de uma depressão. Elogiamos nossos filhos quando estudam e passam no exame, pois é uma espécie de prêmio; eles se esforçaram e recebem o justo louvor por isso. O problema é quando o elogio ocorre nas coisas de Deus. Aí estamos andando em areia movediça achando que é terreno firme.

Primeiro vamos ver o lado daquele que é elogiado. Uma das características dos fariseus que a Palavra aponta era que gostavam de ser elogiados pelos homens. Não gosto da Tradução na Linguagem de Hoje, mas vou usá-la aqui porque usa a palavra elogio ao invés de glória, e assim fica mais claro diante de sua dúvida: Jo 12:43 "Eles gostavam mais de ser elogiados pelas pessoas do que de ser elogiados por Deus".

Depois de ler este versículo, da próxima vez que você for elogiado por algo que fez na obra de Deus, vai perceber o que é sentir-se como um fariseu. Você vai gostar, porque gostar de elogios é um sentimento natural ao ser humano. Mas devemos nos lembrar de que foi essa mesma natureza nossa que ficou lá atrás, pregada na cruz.

Gl 2:20 - Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

Gl 6:14 - Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.

O sentimento adequado ao cristão é o que foi expressado pelo apóstolo Paulo em 1Ts 2:6 "Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros", e também pelo Senhor Jesus em João 5:41 "Eu não procuro ser elogiado pelas pessoas". Tal sentimento, obviamente, não é um sentimento da carne, mas da natureza que provém de Deus, do homem em quem Deus se apraz. É bom nos lembrarmos disso na hora de elogiarmos um irmão em Cristo; pode causar mais mal do que bem ao coração dele.

Mas você também encontra situações de elogio na Bíblia, como é o caso de 1Co 11:2 "Eu os elogio porque vocês sempre lembram de mim e seguem as instruções que eu passei para vocês", e também de 2Co 7:14 "Eu havia falado muito bem de vocês a ele, e vocês não me desapontaram. Temos sempre dito a verdade a vocês. Assim também é verdadeiro o elogio que fizemos a Tito a respeito de vocês".

É o caso também de 2Co 9:3 "Agora estou enviando estes irmãos para que não fique sem valor o elogio que fiz a respeito de vocês sobre esse assunto. Mas, como eu disse, vocês estarão prontos para ajudar", mas estas passagens parecem indicar que Paulo apenas revelou às pessoas que as havia elogiado para outras pessoas, ou seja, aqui ele estaria mais informando que em determinado momento fez um elogio a terceiros do que propriamente elogiando.

Eu acho que o mais prudente é andar sobre ovos quando o assunto for elogiar alguém nas coisas de Deus, pois posso estar criando nessa pessoa o sentimento de ela se achar alguém, e bem sabemos que não é assim. Se um irmão ou irmã faz algo no Senhor, é no Senhor que faz... "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" Ef 2:10.

Em Mt 11:2 João Batista, que estava preso, envia seus discípulos a Jesus para perguntarem se ele era mesmo o Messias ou se deviam aguardar por outra pessoa. O Senhor responde, porém espera eles irem embora antes de começar a falar bem de João Batista. Mat 11:7 "Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João".

Antes de me apartar das denominações para congregar somente ao nome do Senhor, cheguei a congregar por alguns meses com os batistas, e uma das coisas que contribuíram para que eu saísse dos sistemas criados pelos homens foi um culto de transferência de pastor que assisti em Brasília. Foi uma rasgação de seda tamanha, que criou em mim um sentimento de nojo.

O pastor que deixava o cargo e o que assumia pareciam estar competindo para ver quem elogiava mais o outro em seus discursos. Eu, novo convertido e sedento de ouvir falar de Jesus, senti-me numa churrascaria rodízio: era só carne que passava de um lado para o outro. Saí dali com fome e sede de Jesus, pois naquela noite deu para perceber que ali havia duas pessoas que se consideravam mais importantes que Jesus, e a festa era deles.

No meio religioso a bajulação é uma instituição que está tão arraigada nos costumes que a maioria dos cristãos nem percebe mal nisso. Parece até uma obrigação exaltar um irmão por sua fidelidade, seu empenho nas coisas de Deus, sua pregação. Uma vez ouvi falar de um irmão que tinha acabado de pregar o evangelho e foi abordado por uma irmã que teceu comentários maravilhosos sobre sua pregação, sua maneira de falar, seu talento.

Quando ela terminou, o irmão simplesmente lhe disse:

- Irmã, Satanás já tinha me dito tudo isso ali atrás, enquanto eu pregava.


Na íntegra AQUI

(Grifos meus-RF)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

B.B.B.



Eu já havia escandalizado o gueto gospel por ter escrito duas vezes o que penso sobre big brother brasil. Uma, acho que há dois anos em blog muito movimentado; outra, mais recentemente, em blog de uma amiga logo no início do programa global. E confesso que não estava nem um pouco disposta a ficar repetindo a mesma coisa a esse respeito. Ou seja, dei o meu pitaco e apertei a tecla dane-se quem se incomodar.

Mas volto a tocar no assunto por me intrigar a leitura de um texto grotesco que li casualmente em alguns blogs, atribuído erroneamente a Luís Fernando Veríssimo. E perdão por ativar o meu sincericídio, mas não tem como dizer de outra forma: tal atribuição é, no mínimo, levianamente imbecil. Primeiro, porque quem conhece seu estilo literário percebe claramente logo nas primeiras linhas que não é de sua autoria. Em segundo lugar - ainda que não se conheça seu estilo - qualquer criança de cinco anos de idade teria a perspicácia de sacar que uma pessoa amadurecida não seria tão tola a ponto de descrever em detalhes sobre algo que ela não assiste de jeito nenhum. Ou seja, fazer uma coisa e dizer/escrever/aparentar outra é de quem se mascara e prima pela performance, pela reputação. Aliás, diga-se de passagem, que quem se comporta assim é a turma do meio evangélico.

Não estou aqui defendendo nem o suposto autor e menos ainda o programa citado. Pois, independentemente da velha e sempre presente crítica gospel pseudointelectual, quero crer que ambos vão muito bem. O que eu defendo é que tenhamos mais cuidado com o que postamos nos nossos blogs. O que eu defendo é que façamos escolhas criteriosas. Essa conveniente distração por meio da qual se atribui algo a alguém de forma desonesta e irresponsável recebe o nome de fofoca. Ou maledicência. Ou falso testemunho, como quiser. Isso para usar de eufemismo, pois quando não temos o cuidado em definir a fonte daquilo que postamos, tamanho deslize se constitui em crime, bora dar nomes aos bois.

Por outro lado, que coisa mais chata essa preocupação. Deixem quem quiser assistir o que bem entender. Programa degradante, cultura inútil ou seja lá como se queira nomear, cada um lê e assiste o que quiser, na proporção que quiser, absorvendo “informações” conforme o próprio bom senso, a própria consciência. Deixemos de lado a vida alheia e que cada um empregue seu tempo e dinheiro como lhe aprouver. Ora, aquilo que para alguns é inaceitável, para outros é mero entretenimento casual e para outros tantos é um divertido jogo em 3D.  E daí?! Não transformemos escolhas e antipatias pessoais em bandeira. Bora parar com essa neurose de se achar o detentor das normas e guardião dos bons costumes, pois isso sim é que é avidez por ibope.

Aliás, para os desavisados de plantão, que não são ávidos pelo BBB, mas igualmente ávidos por levantar uma bandeira inglória só pra ter ibope, devo dizer que tal texto a que me refiro e me envergonho de linkar - seja por sua pobreza literária, seja pela breguice da apelação - é coisa antiga, mera repetição que vem rolando no meio web há muitos anos. Ou seja: nada de novo há. E aí... LFV continua dizendo que o texto não é dele e o povo continua caindo na mesma cilada. Quanta bobagem... E quanta demagogia!

Mazenfim, para não redundar no mesmo extremismo e considerando que o texto em si não é assim tão ruim na sua totalidade, penso que menos mal seria se nesse afã em passar adiante - como sugerem alguns comentaristas mais empolgadinhos com tal achado antigo de autor desconhecido - pelo menos houvesse o cuidado em fazer algumas adaptações/supressões (E põe adaptação/supressão nisso!) para tornar o texto menos tosco, menos tendencioso, menos extremista, menos hipócrita e menos apelativo.

Menos, né?!



“Repreende o sábio e ele te amará”. (Pv 9.8)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Seguir a Jesus ou à Religião?




O seguidor ama ao próximo. O religioso se afeiçoa conforme a adesão religiosa.

O seguidor diz que Jesus é a verdade. O religioso diz que a verdade está com ele.

O seguidor se torna uma boa pessoa. O religioso faz bondade.

O seguidor faz por amor. O religioso faz por interesse.

O seguidor ora com olhos abertos conforme a vida vai acontecendo. O religioso fecha os olhos para não ver a vida.

O seguidor entende que o céu começa aqui, por isso ama o planeta. O religioso odeia o planeta, pois acha que ele pode condená-lo.

O seguidor entende que Cristo é adorado através da vida. O religioso acha que temos que nos franksnteinizar para conseguir adorá-Lo.

O seguidor vê vida onde o religioso vê morte. O religioso vê morte onde o seguidor vê vida.

O seguidor contribui para ajudar. O religioso contribui por querer algo em troca ou para não ser condenado.

O seguidor vive sua vida e vê Deus espargindo graça em todos os lugares. O religioso se encaverna na igreja e espera Deus se manifestar na boca do pastor.

O seguidor se reúne com outros seguidores para compartilhar as boas-novas do mestre e ajudar cada um conforme sua necessidade. O religioso se reúne com outros para bater continência, cumprir a presença obrigatória e se inchar de ideologia sectária.

O seguidor chama todos para uma conversão de mente e coração. O religioso chama todos para uma adesão proselitista, pesada e operacional.

O seguidor entende que filho pode brotar até de uma pedra. O religioso entende que os filhos de Deus são apenas aqueles que se uniformizam.

O seguidor entende que Deus amou o mundo. O religioso entende que Deus amou as pessoas, quando não, diz que amou algumas pessoas.

O seguidor entende que fé não é um ato de crença, mas um estado de ser. O religioso entende que fé não é de “crer e ser”, mas apenas uma absorção da informação bíblica.

O seguidor crê em Jesus e prega que ninguém se chegará a Deus senão através deste Caminho. O religioso crê na bíblia e prega que ninguém se chegará Deus através da bíblia.

O seguidor se encanta com a música que nos faz pensar em Deus. O religioso precisa criar a música evangélica para pensar n´Ele.

O seguidor anuncia as boas novas aos que querem crer. Os religiosos fazem apologias às doutrinas.

O seguidor entende que a religião de Deus é a ligação de Homem com Homem, onde Deus é a coroa. O religioso entende que a religião é a ligação entre o Homem e Deus, onde o dogma é a comprovação do elo.

O seguidor cura algumas pessoas. O religioso adoece a todos.

O seguidor batiza os que crêem. O religioso batiza os que aderem.

O seguidor entende que “quem não é contra nós, está a nosso favor” (em relação aqueles que não seguem o mestre, porém não advogam contra). O religioso rouba a fala de Jesus: “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha.”

O seguidor acredita que os filhos de Deus habitam os quatro cantos da Terra. O religioso diz que no Oriente Médio não há um filho sequer.

O seguidor pergunta para um garoto de 11 anos, sentado numa calçada paulistana, se ele quer comer ou beber algo. O religioso dá o endereço de sua igreja.

O seguidor lamenta a miséria africana. O religioso diz que é castigo.

O seguidor arrisca em afirmar que seu inimigo se arrependerá. O religioso deseja que seu inimigo não se arrependa e pague seus pecados no inferno.

O seguidor é livre. O religioso é livre até onde sua coleira permitir.

O seguidor é reconhecido pelo que é. O religioso é conhecido pelo que faz.

O seguidor gera obra como consequência de quem ele é. O religioso gera obra para sua salvação.

O seguidor lava os pés do próximo como uma forma de prestatividade. O religioso lava os pés para cumprir um mero ritual.

Na íntegra AQUI

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Deus ou a tradição denominacional?



Deus é maior que nossas tradições e nossas denominações. Muitíssimas pessoas dizem que creem nisso, mas negam em suas doutrinas e práticas. Se Deus quer ordenar a alguém, ele na verdade não precisa de nenhuma aprovação ou reconhecimento humano. Ele frequentemente arranja o reconhecimento humano para manter a boa ordem, mas nada na Escritura indica que isso deva acontecer ou que deva acontecer de determinada forma. Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Não devemos permitir algo em nossa política eclesiástica que pareça negar isso.

Se Deus quer entregar suas palavras ou suas bênçãos por meio de homens, isso é direito seu. Mas se Deus deseja entregar essas diretamente, não cabe à igreja proibi-Lo. A igreja é uma comunidade de pessoas individualmente redimidas e chamadas por Deus. Ele arranja pessoas para crerem no evangelho pelo ministério de agentes humanos, tal como a pregação de um pastor ou membro de uma igreja particular. Ele faz isso por inúmeras razões, tais como a ordem estabelecida, a comunidade e os relacionamentos entre os homens e para exercitar aqueles que pregam. Mas Deus não precisa de agentes humanos mesmo quando diz respeito à pregação do evangelho e não devemos rejeitar alguém se ele recebe algo da parte de Deus sem nossa mediação.

Se você teme que isso leve ao caos, então mostra que você adotou grandemente a mentalidade dos fariseus e católicos. Essa é a mentalidade que pensa que precisamos usar tradições humanas para reforçar os preceitos divinos, e isso se removendo a liberdade que a revelação divina permite, incluindo a liberdade que Deus reserva para si. Se alguém se converte à fé cristã ou possui um ministério à parte do nosso controle, sua fé e ministério ainda estão sujeitos à palavra de Deus e podem ser testadas pela palavra de Deus. E essa é a única base legítima para testar sua conversão ou chamado ao ministério. Ele não tem nenhuma obrigação de responder ou se submeter a tradições humanas que não prometeu cumprir. E se essas tradições violam a palavra de Deus, ele tem obrigação de romper com elas.

Pode ser verdade que a igreja está em tempos difíceis. Muitas pessoas estão se afastando das congregações locais e as falsas doutrinas abundam. Contudo, a resposta não é uma teologia de controle por meio de tradições feitas por homens, mas uma teologia de liberdade em Cristo. Que Cristo atraia o povo que Ele escolheu e chamou! Quanto aos cristãos, eles são responsáveis perante Cristo, não a tradições humanas. Portanto, desafie-as quando apropriado e necessário. É frequentemente aceitável se submeter a costumes humanos em prol do amor e da ordem, mas não porque seja requerido de você como uma questão de princípio.

Marcos 9 nos diz que um homem estava expulsando demônios em nome de Jesus, mas os discípulos disseram-lhe para parar de fazê-lo por não ser um deles. Jesus respondeu: “Não o impeçam. Ninguém que faça um milagre em meu nome pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor”. Quem ordenou a essa pessoa? Por mãos de quem Deus conferiu dons espirituais a esse homem? Nem mesmo Jesus na Terra fez isso. Mas Deus no céu o fez, e aparentemente sem qualquer agência ou aprovação humana. Como observa um estudioso do Novo Testamento, o próprio Jesus não teve sanção humana oficial para o seu ministério. As tradições humanas são frequentemente tão perigosas quanto as ameaças à ordem que elas procuram eliminar. E eles, frequentemente, se afastam da ortodoxia que alegam proteger, ao ponto que até mesmo ordenariam o assassinato do próprio Filho de Deus. Todos os cristãos devem ser livres para servir a Deus, sob as diretrizes estritas, mas algumas vezes amplas, da Palavra de Deus, e não das restrições de tradições humanas.

Na íntegra AQUI

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma tortura chamada solidão




Ando lendo Fernando Pessoa.
Não seus poemas e tratados, mas suas cartas íntimas.
Escritas de Lisboa ao amigo Cortes-Rodrigues nos anos entre 1914 e 1916, quando a Europa se debatia nos horrores da primeira guerra. Nego-me a chamá-la de “grande”, para mim toda guerra é pequena, posto que o é em seus motivos e propósitos.

Confesso que me sinto intruso em um universo secreto feito, não para mim ou para os que as leem hoje, mas para aquele em quem confiava o coração do poeta, a ponto de lhe falar de suas crises emocionais, seus desertos criativos, suas frequentes depressões, suas ambições revolucionárias… a ponto de lhe pedir - com frequência, diga-se - dinheiro emprestado. Até nisso as cartas me consolam. Notem que, diferentemente do que se diz alhures, a condição econômica nada tem a ver com o gênio dos homens ou com as empresas a que se dedicam. A história está cheia de “quebrados” brilhantes, com imorredouros legados. Mas não façamos disso uma virtude… Há aqueles que nem sábios, nem doutos, nem empreendedores são apenas desafortunados, no sentido etimológico da palavra.

Pessoa é uma alma outonal.
Lendo-o sinto o vento frio e cortante das tardes em que caem descansadas as folhas na capital lusitana. Na verdade, ele deveria se chamar Fernando Pessoas, já que seus heterônimos - outros nomes com que escrevia - são pessoas completas, com data de nascimento e morte, com quem dialoga o poeta. Ele não simplesmente os cria, ele cria neles, ele sofre e convive com eles. Imagino ser o resultado da busca de convivência, de laços comunais, na vida de quem a solidão machucava tanto. Esta é a razão pela qual, no final de cada carta, Fernando não apenas pedia que seu amigo lhe escrevesse logo de volta, mas, também, que o fizesse longamente.

O ser humano não foi feito para a solidão, esta lhe é agressiva e enlouquecedora. Os generais sabem disso, e fizeram da “solitária” uma das mais severas e profundas torturas. Não precisam bater, humilhar ou ameaçar o detento. Basta deixá-lo sozinho, sem acesso a sons, imagens ou figuras; sem que se dê conta se é dia ou noite; sem que sinta sequer a presença das sombras externas, como no Mito da Caverna de Platão. Quando um homem é posto assim, em absoluto isolamento, a sua própria mente se converte em seu mais cruel algoz.

É num contexto como este que a nossa natureza animal revela um dos mais curiosos expedientes de adaptação e sobrevivência. No início, o ser isolado começa a conversar consigo mesmo, fala de suas raivas e frustrações; relembra a sua caminhada e as razões que o levaram àquela punição; pensa no que fará assim que sair dali. Contudo, não demora muito até que este solilóquio seja interrompido por um “mas”. Após a adversativa vem o esforço de compreender o “outro lado do assunto”. O monólogo se transforma em debate interior, como nos filmes de desenho-animado em que um diabinho fala à altura de um dos ombros e um anjo se coloca na posição oposta. O diálogo interno, tantas vezes uma salutar relação dialética interior, vai se fixando e as “personas” vão se cristalizando. Não tarda para surgir o necessário mediador entre os dois, uma terceira voz. Outras muitas vão chegando à medida que o isolamento prossegue. Se a liberdade não chegar logo, ao ser solto e se perguntar: Qual é o teu nome? Corre-se o risco de ter como resposta: “legião, porque somos muitos”.

Os nossos irmãos, monges tibetanos - se Francisco chamava o sol e a lua de irmãos, como não chamaria de irmãos seres humanos como eu -  desenvolveram, após milênios de estudo e meditação, uma forma de aplacar esta fome voraz da alma por companhia. Chamam de Nirvana, um estado de quietude da mente, conduzindo-a, como quem poda bonsai, à uma libertação da tirania dos pensamentos, manifesta em uma condição profunda de silêncio emocional. Acho isso tudo lindo, mas prefiro um bom e simples “papo de mesa de bar”, técnica desenvolvida pelos “monges” cariocas de neutralizar o processo de multifacção da mente. Compreenderam que a melhor maneira de evitar que a sua mente se divida e fale um monte de besteiras é permitir que outras mentes o façam, ao sabor de um filé com fritas, tão essencial para os últimos sábios, quanto o incenso é para os primeiros.

A verdade é ainda mais antiga do que todas as até aqui referidas. Foi dita pelo Criador pouco antes da história humana começar: “não é bom que o homem esteja só”.

Nada que é realmente significativo e importante se faz sozinho. A arte da vida é viver com e para os outros, sem ter a necessidade de viver como os outros. Aprender a ser quem é, em respeito e comunhão com todos que são como são, na certeza de que tanto nós quanto eles somos “um processo”.

Somente Deus É o que É.

Paz e Bem!

Adaptado DAQUI



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Caiofobia

 
 
 
“Deus foi o primeiro a ser canonizado”. Essa é uma das frases da música “O Artista e o Santo”, de autoria do desconhecido Ulisses, e cantada por Oswaldo Montenegro.

A canonização parece ser algo inerente ao ser humano. Temos nossos deuses ou ídolos ainda que não admitamos isso. Lutar contra essa realidade é lutar contra nós mesmos, por isso o Evangelho é a negação do eu, é o negar-se a si mesmo, não só nas vontades, mas também - e principalmente - contra os deuses que nos habitam a alma.

Mas... O que tem o Caio Fábio com isso?

Bem, como gosto muito do Caio - tanto de ouvi-lo como de lê-lo - e sinto que há em relação a ele uma caiolatria, ou então uma caiofobia - aversão total a qualquer menção do nome Caio Fábio, creio ser um bom exemplo daquilo que pretendo falar neste texto. E é também uma homenagem ao Caio, que quer por um extremo (o da idolatria) ou por outro (o do medo) acaba por ter em sua imagem a não-ideia de que “é homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos”.

Qual o problema da latria e da fobia humana? Quase sempre brotam da mesma raiz: impotência. O não ser bom ou me faz destruir tudo o que é melhor que eu, e acabo por me tornar um iconoclasta insaciável - sempre pronto a destruir qualquer vestígio de ídolo à minha frente - ou então me faz “fabricar” um ídolo, alguém melhor em que eu despeje nele todas as minhas falhas, angústias e, principalmente, fracassos.

O ídolo sempre será o continuar de minhas doenças da alma, o propagar das minhas insuficiências, minhas faltas, meus desejos. Creio que é por isso que Deus odeia a idolatria, ata mesmo quando Ele se torna o ídolo, porque a idolatria é doentia, o ídolo não fala, não respira, não anda, não vê. O ídolo não vive, simplesmente porque quem o adora também não vislumbra vida em seus atos. Está doente. Está morto.

Caio Fábio foi ídolo de muita gente. Nem tanto por culpa dele, mas principalmente pela doença evangélica de substituir os ídolos da igreja católica por ídolos de carne e osso. E isso não foi bom, nem para a igreja nem para o Caio. Ele é gente, não um deus menor. Cobrar isso dele foi como matá-lo aos poucos. Se ele deixou-se cobrar assim, errou também. E aí pode ter sido o princípio da queda.

Quando falo da queda aqui, não falo em tom julgador. Deus me livre de ser juiz, não tenho vocação, desejo e nem autoridade para isso. Falo de queda como falo de um ser HUMANO, que numa falha HUMANA deixou-se enganar pelo coração HUMANO. Errar é HUMANO. Deus é o único que nunca erra. Ele é o único absoluto, tudo mais é relativo. O homem é relativo e querer exigir dele o absoluto é idolatrá-lo, é torná-lo Deus, e no fim de tudo matá-lo, pois homem nenhum suportaria ser Deus.

Quando falo de queda, falo do pecado, que de tão perto nos rodeia, e que vez por outra nos acaba encontrando. Falo de queda com a convicção de que o erro do Caio foi tão grave diante de Deus quanto o foi hoje de manhã eu ter pedido que dissessem que eu não estava só para não atender o telefonema de um “amigo” chato. Tão graves foram esses erros que a grave Cruz foi o único meio de saná-los e a imensa Graça veio para alcançar a mim. E ao Caio. E alcançou.

Do outro lado da história estão os caiofóbicos. Aqueles que nem podem ouvir o nome “Caio Fábio”. Ouvir esse nome causa neles a mesma reação que aquelas hienas tinham ao ouvir a palavra “Mufasa” no filme-desenho “O Rei Leão”. Lembram-se delas? Era só dizer “Mufasa” e elas tremiam. Entravam em colapso nervoso.

A fobia ao Caio tem sua origem também na incompetência e na insegurança daqueles que lhe são avessos. E o que é pior: muitos dos que hoje sofrem de caiofobia foram seus fiéis adoradores no passado. Essa doença é mais grave ainda, pois junta a caiofobia com graçofobia. Medo da Graça! Simplesmente ficam desesperados ao menor vestígio de Graça, pois isso anula a lei com a qual vivem seguros. É muito mais fácil ser legalista do que viver a Graça e pela Graça. Caiu? É só punir. Errou? Discipline-o (disciplina aqui é sinônimo de envergonhar, pois essa tem sido a prática nas igrejas... expor a vergonha os que erraram). Gente assim cheira a mofo. Mofo dos rolos da lei, guardados por séculos em corações já empedrados.

Também existiam aqueles que já não gostavam do Caio antes de conjugar em seu próprio nome o erro. Caio pode ser conjugação do verbo cair, mas também pode significar alegria, gozo. Creio que os dois devem ser levados em conta, pois quando se cai, e se é levantado pela Graça, a alegria brota, renasce, faz nascer esperança e perdão onde havia erro e desespero.

Havia gente que torcia por uma queda do Caio. Infelizmente havia. Nosso meio tem dessas coisas. Gente que não suporta a felicidade dos outros e, principalmente, a verdade. Caio incomodava em seus livros, em seus sermões. Incomodava aqueles que barganhavam da fé. Ousou enfrentar poderes... Foi tragado por eles.

Caio é inocente? Não! Mas eu também não sou. Você também não é. “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”. No dia em que essa verdade se misturar com a nossa crença, muita coisa mudará.

A idolatria cessará porque ao reconhecer meu pecado saberei que não há ídolo que me possa purificar. A fobia ao que é bom também cessará, pois saberei que aquela pessoa é tão pecadora quanto eu, e que se Deus a usa, também poderei ser usado, não para tomar o lugar dela, mas para batalhar com ela, lado a lado, reconhecendo em mim limitações que o outro pode suprir e suprindo limitações que ele venha a ter.

E Deus? Deus precisa ser descanonizado. Deus não quer ser “santo”, ele quer ser Deus! A canonização de Deus é o princípio da canonização dos seres humanos. Ao ser descanonizado, Deus sai do altar da idolatria e passa a ser “o Rei assentado sobre um alto e sublime trono”, passa a se relacionar, pois ídolos não se relacionam. E, principalmente, passa a viver em mim, coisa que ídolo nenhum jamais alcançou. E, ao viver em mim, transbordarei Graça, Graça para com os que estão acima e Graça para os que estão abaixo... "Considerando os outros superiores a mim mesmo..."

Isso é Graça. O resto é des-graça, é a negação do Deus e a absolutização do ídolo.

Caio caiu. Eu já caí. E se você ainda não caiu, vigie, pois “aquele que pensa estar de pé, olhe para que não caia...”, “porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana.”

Se dói? Perguntem a quem caiu.

Finalmente, deixem o Caio ser Caio. Não o atrapalhem mais. Nem o idolatrando nem o temendo. Deixem-no ser ele mesmo, ouçam-no como ouvem um homem, que precisa ser respeitado acima de tudo, como qualquer outro homem precisa. Deixem que ele pregue a Palavra, Palavra pela qual ele foi salvo e pela qual procura viver, assim como eu e você procuramos. Deixem que ele escreva, e o leiam, não como leem um exilado de guerra, mas como um combatente que está na mesma frente de batalha que você. Deixem o Caio amar e ser amado, como algo que é inerente ao ser humano, pois Deus não criou ninguém pra solidão.

E deixem Deus ser Deus, restaurando a quem quiser, distribuindo seus dons a quem quiser.
Deixem Deus chamar para a sua obra quem ele quiser chamar.
Deixem Deus derramar da sua graça sobre quem ele desejar assim fazer.
Deixem Deus sair do altar de ídolo que criaram para ele, Deus é maior que isso.
Bem maior...


Na íntegra AQUI

(Grifos meus-RF)