"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 15 de agosto de 2010

Performance



Acaba sendo tema recorrente mas quem me conhece sabe que eu - emocionalmente falando - não tenho sentimento nenhum em relação a denominação alguma. Nem de amor nem de paixão, aversão ou mesmo indiferença. Digo isso por estranhar atitudes exacerbadas em relações a fiéis em defesa de suas escolhas religiosas entendendo esse apego como idolatria pura e simples. De repente tem a ver com a minha história particular de ser muito pé no chão (Pé no chão, leia-se transgressora mesmo) nesse lance de tradição, de igrejismo, de instituição religiosa. Ironicamente - por questões de origem cultural - passei uma vida inteira sendo católica PORÉM ainda que em época mais rígida na qual havia distância hierárquica entre os pobres mortais e o "Santo dos Santos" sempre desenvolvi senso crítico em relação à linha católica, tanto no seu sentido mais teológico quanto empresarial , digo, eclesiástico. Ou seja, nunca cultivei apegos, mesmo vivendo e respirando cada espaço físico religioso, sendo criada circulando dentro de conventos, de diocese, de colégio de freiras, transitando entre padres, freiras e bispos com muita desenvoltura e talvez seja por isso que eu estranhe esse apego que vejo nas pessoas religiosas, essa defesa com unhas e dentes, essa luta a ferro e fogo para guardar a tradição dos homens de alguns pentecostais.  (Hoje eu sei perfeitamente porque Jesus foi duro com os pretensos pastores do povo, alertando o quanto tradições podem ser perigosas, quando regras criadas pelas pessoas entram em choque com a Palavra de Deus).

Retorno a esse assunto sempre inesgotável, porque, comentando ontem em blog de um amigo findei por reafirmar por escrito meu sentimento de indignação com certas pessoas que se fazem de certinhas, de escolhidas, de especiais, de servas de Deus só porque seguem uma meia dúzia de regrinhas ligadas a usos e costumes denominacionais. Manipulando a Palavra de Deus, racionalizando, fazendo justificativas e proselitismo. Daí findar por repetir tudo aquilo que nos intriga e nos incomoda nas performances por aí em detrimento de uma real mudança no coração, e, consequentemente nas ações, no modo de ser/agir dentro do contexto social em que vive.

Minha maior indignação é ver líderes usando suas ideias para manipular outros em nome de seus deuses-denominações. E aí estão incluídas as tais profecias que acabam sendo profetadas, palavras vãs, tanto em relação a quem se acha no direito de incorporar uma entidade como se estivesse em plena sessão espírita, quanto aos que as ouvem. São as "profecias" que muitos dizem ouvir/haver apenas em seus átrios religiosos.

Tem de tudo! É um verdadeiro mercado onde o pregador diz que Deus disse isso e aquilo, que não vai faltar comida na panela, que o filho vai ser curado, que pode viajar pra Cochinchina que vai dar tudo certo.  Falando como se fosse Deus e os 'fiéis' como se tivessem ido a uma consulta à cartomante-igreja. Ambos seguindo em linha exatamente contrária ao que Deus nos diz sem que nem seja preciso marchar para a igreja-consultório, por ser uma questão de consciência, discernimento, bom senso. 

Falo de cátedra, por assistir de camarote e presenciando durante anos e anos  tanta encenação. E confesso que existe um incômodo maior em alguns casos específicos nos quais eu focalizo a minha indignação pela capacidade de tanto fingimento, tanto teatro em nome de Jesus; gente que vive dentro da igreja, que jura de pés juntos que é melhor que qualquer um, só porque está lá dentro e no entanto não faz qualquer esforço para quebrar as próprias resistências e simplesmente aprender a amar.

Pessoas tolas e arrogantes que acreditam piamente que é lá dentro que Deus está, somente lá, gente que vive lá dentro onde "Deus está falando"; gente que vive orando e 'louvando' durante décadas e não há nenhuma mudança em seu coração/ser/agir continuando sendo uma pessoa ciumenta, competitiva, cruel, maldosa, invejosa, facciosa, anti-ética, ressentida, mentirosa, bajuladora, enfim, tudo aquilo que Deus diz pra não ser. E "crente e abafando" que está salva, que está na listinha dos escolhidos PORQUE está em determinada denominação.

E eu não iria nunca a certos cultos e não somente por não concordar com gente falando na primeira pessoa como se fosse Deus ou não ter/aceitar pra mim o kit indumentária/véu, cabelo grande/aparência de piedosa. Mas, principalmente, porque me incomoda aquela gritaria imperativa, impositiva. Não faz muito tempo, na "minha" igreja, havia um pastor de outra localidade e um belo dia que eu lá estava ele "se empolgou" e começou a gritar (Eu disse GRITAR) no meio da pregação, instigando o público a fazer o mesmo. Eu simplesmente fui embora. Nunca mais apareci por lá, depois soube que ele tinha ido embora da cidade. (Já falei sobre isso aqui)

Sei que choco algumas pessoas robotizadas (Seria até grande progresso um robô se chocar) e já teve gente amiga e até da família que se ofendeu comigo por essa minha lucidez, inclusive sei de gente que a carapuça cai muito bem, mas que é mais cômodo não ler mais o que escrevo e continuar fingindo que é serva de Deus. Sei perfeitamente o que causa nas pessoas resistentes essa minha clareza em dar nomes aos bois, mas eu não vou deixar de ser fiel à Palavra para agradar pessoas.

Se, cada um de nós que enche os templos - pra cantar, tocar, orar, gritar, se exibir, orar em línguas, clamar, enfim, realizar seu teatrinho pessoal e coletivo - o fizéssemos sem nenhum fingimento, empolgação externa ou emocionalismo choroso, mas de coração sincero, despido de sacrifícios tolos e pretensiosos, determinados a nos livrarmos dessa casca grossa, estaríamos sim, no caminho da santificação onde tudo começa no PERDÃO tão bem colocado pelo amigo do texto comentado por mim.

É no perdão que somos reconciliados com Deus, com nós mesmos e com o semelhante. Semelhante este, que não é necessariamente meu irmão de irmandade. (Vixe, detesto esse termo "irmandade" que por si só já é FACCIOSO) E, havendo dentro da própria irmandade, irmãos facciosos, ressentidos, invejosos, maldosos, bajuladores- que nós sabemos que há, intrigando "aos de fora" acerca dessa relação neurótica, doentia e mal resolvida em sua grande maioria das vezes com os próprios irmãos da irmandade... Imagine com os "estranhos" e principalmente com Deus!

Ora, Jesus é claro: vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. E isso porque Jesus sabia que é nesse acordo sem demora que reside a nossa saúde emocional e espiritual. A essa obediência quase ninguém quer saber de cumprir porque dá o maior trabalhão sair do si-mesmo, das próprias teimosias, das próprias resistências, dos próprios conceitos equivocados. É mais fácil seguir uma linha tradicionalista que dá respaldo "eterno" e manter a performance de piedosa. Enganando a si mesma, aos "de fora", à irmandade e ao deus-denominação. Menos ao Deus que nos ESQUADRINHA e conhece todos os caminhos do nosso coração.


9 comentários:

Blog do Lu! disse...

Ufa!!!li com tanto gosto cada palavra que suei as mãos!!!rsrs,puxa vida que desabafo!, é exatamente o que penso e fico preocupado pois a religiosidade, o imperalismo, a gana nçia estão tomando conta da humanidade(cristã),faço faculdade de teologia e estou desanimado. fica com Deus.

João Carlos disse...

É bispa...

Alguns acham que somos sambas de uma nota só, disquinhos riscados, mas enquanto tiverem que ouvir a mesma coisa até aprenderem seremos instrumentos de Deus para isso.

Eu ontem testemunhei umas profetadas que até deram vergonha, a tal da vergonha alheia.

Vou postar a respeito.

Sua benção bispa (vai me matar!)

Jão...

Tiago Scala disse...

Uma coisa me incomoda muito. Sempre quis entender por que Deus ditou para Paulo escrever: "Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus" (cf. Ef 3.10) - Este agora era sinal de um novo tempo ou se referia somente àquela época. Também não sou adepto de religiões, nem de igreja A ou B. Amo minha igreja, mas conheço muito bem suas falhas. Amo seus ideiais e seus membros falhos, do contrário eu não estaria lá - "como caminharão dois juntos se não estiverem de comum acordo?" - perguntou o profeta (Am 3.3) e eu digo Amém!

Mas me pergunto isto por presenciar tanta aparente falta desta sabedoria mencionada pelo Apóstolo. Não me refiro ao clã Hernandes!

Saudações,

Tiago Sc

Anônimo disse...

Oi Regina.
Obrigada pelo seu comentário em meu blog.
Aká...vc tem twitter?
Beijo.

Ricardo Mamedes disse...

Regina,

Deus exige corações verdadeiramente voltados para Ele. E o Eterno é Soberano, a Sua Palavra o diz.

Gostei das suas últimas considerações:

(...)"menos ao Deus que nos ESQUADRINHA e conhece todos os caminhos do nosso coração.
Enfim, essa obediência a gente tem que querer, mas... Se é Deus quem realiza esse querer?!! "

Hummm... difícil não é? "nós temos de querer, e ao mesmo tempo é Deus que realiza esse mesmo querer (Fl. 2.13). E não somente o querer, mas também o realizar, "segundo a sua boa vontade". Mais complicado ainda... E, para completar, nada disso nos exime da nossa responsabilidade por não querer (ufa!!).

Essas aparentes contradições se dissolvem quando nos entregamos ao senhorio dEle, tornando-nos dependentes do "seu querer", uma vez que, inexoravelmente, os desígnios eternos de Deus se realizarão providencialmente em suas criaturas.

Eu costumo reconhecer que a soberania de Deus se materializa quando reconhecemos que a causação de todas as coisas vem dEle, sem, contudo, eliminar a nossa vontade, que é bem real. É nesse momento que eu me amparo na certeza de que Deus é insondável na sua inexpugnável profundidade (Romanos 11.33). E então descanso nesse lago plácido e sereno...

E não tem nada a ver com calvinismo (rsrsrs), ou melhor, com o sexo dos anjos.

Abs.

Ricardo.

Unknown disse...

Já de cara gostei do teu blog....muito bom...parabens

João Carlos disse...

Por onde anda todo mundo?

Vocês foram arrebatadas e eu fiquei????

Affff.......

Tô com medo!!!!!!!!

Regina Farias disse...

Luciano,
Eu também suei as mãos ao escrever rss
e confesso que vindo à tona assim, também me desanima um pouco, mas logo depois há uma renovação que não tem como explicar, mas ainda bem, né?
Abs,
R.

Jota
Deus te abençõe, meu filho espiritual rss
E nem pense que fomos arrebatados sem vc junto, o ungidão he he
E a demora, sorry, é pq esses dias, desde o sábado, estive envolvida no niver de uma sobrinha amadíssima que completou dez aninhos na quarta. E ontem eu fiquei só na preguicinha curtindo a ressaca rss
Abs

Tiago, meu irmãozinho
Quem sou euzinha pra responder isso,(Tá mais pra o Ricardo Mamedes responder) mas certamente é super atual e faz referência a gregos, troianos e baianos (não necessariamente nessa sequencia rss)
Abs,


Leila, minha linda
Eu sempre tô por lá lendo, embora não comente. Gosto muito do seu blog.
E não tenho tuíte rss e até excluí orcúti faz mais de ano. É muita responsabilidade :)
Mas qualquer coisa pode se comunicar comigo pelo meu e-mail reginafarias@hotmail.com que será um imenso prazer.
bj

R.

Ricardo,
Nesse lance do "querer" já vi muita gente fundamentalista acomodada dizendo que "é Deus que quer assim" pra justificar as mais absurdas situações.
E obrigada por esclarecer tão bem.
Quanto ao sexo dos anjos que citei dias atrás nem me lembrei do calvinismo(com todo respeito) e outros ismos, mas de um blog ali meio clubinho onde o ego aflora (Ui, foi mauz, mas já disse, pronto!)

Fábio,
Valeu, eu também ando por lá, faço as minhas leituras, embora não comente.
Bora ativar isso, né?
Abs,

R.

Ricardo Mamedes disse...

Regina,

Pra mim esse lance de se "acomodar" tem muito mais a ver com quem é negligente mesmo e pensa que "pode tudo" porque a graça lhe autoriza - como no caso dos Gálatas. Nada a ver com a responsabilidade bem real que temos, mais ainda quando alcançados pela graça - ainda que esta seja dom de Deus. Foi o que eu disse.

Grande abraço!

Ricardo.