"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sítio Caldeirão - O Araguaia do Ceará




SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA




As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão

têm direito inalienável à Verdade, Memória,

História e Justiça!” Otoniel Ajala Dourado



O MASSACRE DELETADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA

No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi a CHACINA praticada pelo Exército e Polícia Militar em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato “JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA”, paraibano negro de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.


O CRIME DE LESA HUMANIDADE

O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.

A AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA PELA SOS DIREITOS HUMANOS

Como o crime praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL conforme legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza – CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos


A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO

A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.


RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5

A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que:

a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE,

b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;

A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA

A SOS DIREITOS HUMANOS, como os familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.

 
QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA

A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do “GEOPARK ARARIPE” mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?

 
A COMISSÃO DA VERDADE

A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e pede que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.

Paz e Solidariedade,



Dr. Otoniel Ajala Dourado

OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197

Presidente da SOS – DIREITOS HUMANOS

Editor-Chefe da Revista SOS DIREITOS HUMANOS

Membro da CDAA da OAB/CE

http://www.sosdireitoshumanos.org.br

sosdireitoshumanos@ig.com.br

http://twitter.com/REVISTASOSDH

(SOS DIREITOS HUMANOS) 29/06/10




terça-feira, 29 de junho de 2010

Localização exata



Mapas para esclarecimento àqueles que estão usando seus blogs "evangélicos" dizendo sandices sobre situação geográfica, crendices religiosas e blá blá blá. (Nada tem a ver com sertão, menos ainda com Padre Cícero).

Estes mapas apontam claramente onde ocorreu o evento (ZONA DA MATA) inclusive ajudando a algum desinformado a localizar áreas específicas de um exteeeeenso NE. (RF)






É como um efeito dominó. Em um dia chove em Pernambuco e no outro o nível das águas nos rios de Alagoas sobe, causando mais e mais alagamentos. Tem sido assim nas cidades banhadas pelos rios Mandaú e Paraíba há mais de dez dias e ontem, 27, não foi diferente.

A Defesa Civil agora faz um trabalho mais preventivo, retirando as famílias das casas inundadas antes que elas sejam destruídas. Assim, a probabilidade de garantir a vida aumenta, mesmo que o dano não consiga ser regulado ou diminuído.

Por causa das águas, muitas propriedades que ficam perto dos rios voltaram a ser inundadas nesta segunda-feira. Isto também impede o tráfego, bem como deixa as estradas ainda mais perigosas nos períodos entre chuvas, já que riscos de deslizamentos são aumentados.

novo-MUNDO








Antes que seja tarde...

Ivan Lins*



Com força e com vontade


A felicidade há de se espalhar

Com toda intensidade

Há de molhar o seco

De enxugar os olhos

De iluminar os becos

Antes que seja tarde



Há de assaltar os bares

E retomar as ruas

E visitar os lares

Antes que seja tarde


Há de rasgar as trevas

E abençoar o dia

E de guardar as pedras

Antes que seja tarde



Há de deixar sementes

No mais bendito fruto

Na terra e no ventre

Antes que seja tarde



Há de fazer alarde

E libertar os sonhos

Da nossa mocidade

Antes que seja tarde


Há de mudar os homens

Antes que a chama apague

Antes que a fé se acabe



(Ivan Lins/Victor Martins)





*Um dos compositores/músicos/artistas/gente mais completos que euzinha acho-RF.

... E VOCÊ?




Brasileiro é o que eu sou

Rapper brasileiro

Mas eu sou um brasileiro antes de ser rapper ou pagodeiro ou os dois ou nenhum

Posso assimilar a cultura do mundo inteiro

Mas sei que nasci no Rio de Janeiro - Brasil

Então não seja imbecil de pensar que eu não poderia cantar assim ou assado

Porque eu vou me expressar na forma e na hora que eu escolher

Aqui ou em qualquer lugar

Valorizando sempre as nossas

Raízes Costumes Cultura musical em geral

Então escuta o que eu digo pro americanizado débil mental

(Você é um burro e não vê a excelente cultura e os costumes do seu próprio país

E abre as pernas pro que os outros lhe impõe

Sem camisinha ou vaselina como o Tio Sam sempre quis)

Mas também não adianta o xenofobismo radical

Eu vou jogáforanolixo o que é ruim e usar o que é bom da cultura mundial

Vou ler assistir escutar e cantar

E nem por isso deixando de lado a produção cultural aqui do meu lugar

E no fundo no fundo todos os homens vieram da África

Principalmente alguns povos como por exemplo o nascido e formado aqui nessa pátria

E não (se) esqueça que cada cultura se forma de uma certa forma e cada sociedade cultiva suas normas mas junto nós todos formamos a Humanidade que engloba todos os seres humanos

Que podem se destacar dos outros animais pela sua capacidade de pensar

Capacidade que muitas vezes não é utilizada

E sendo assim não serve pra nada

Mas eu penso logo existo

Existo logo penso e tento utilizar essa capacidade de raciocinar a todo momento

Posso pensar na forma de Rap Livro Pintura ou Baião

Posso pensar certo mas também tenho o direito de errar

Vacilão

Mas eu tento enxergar tudo e se eu não enxergasse amigo eu usava óculos

Sou mais um inconformado sem partido feito a Denise Stoklos

E eu falo pra todos aqueles que querem me ouvir e vão concordar ou discordar

Talvez acordar

Talvez me seguir ou talvez me vaiar (mas eu vou defecar)

E eu falo pros meus conterrâneos mas posso falar pro estrangeiro

Mas "eu sou apenas um rapaz latino-americano"

Então em primeiro lugar o que eu falo é pros brasileiros

Inclusive pras "Lôrabúrras" pros playboys pros militares e pros crentes

Pra todos os fdp carentes que sofrem com a dominação cultural

Seja com a doutrinação social, militar, religiosa ou de origem internacional

Humanamente também tô do lado desses coitados que tão no caminho errado e por isso merecem e precisam ser esculachados

O brasileiro precisa fazer uma lavagem cerebral

Aproveitando o que vem lá de fora mas sem esquecer o nosso valor nacional

Cultural natural e da nossa história

É triste me olhar no espelho e saber que pertenço a um povo sem memória

E por culpa da gente é que nada muda no país

A miséria é permanente desde que os primeiros portugueses chegaram aqui

As deficiências dessa sociedade tão aqui desde cedo:

Fome Corrupção Desigualdade Povo covarde Desemprego...

Antigamente o sistema escravista não dava espaço ao trabalho livre

Hoje os problemas são outros

O espaço ainda é pouco e a superpopulação que o diga

E mesmo hoje em dia é bom que se lembre:

Os que trabalham não são homens livres e continuam escravizados como sempre

-Escravos- é isso o que somos

Escravos da própria falta de atitude

Alguns se iludem ficam esperando que alguma coisa mude...

Os mais afetados esquecem onde tão e aplaudem tudo o que for importado

Espero que tenha ficado bem claro de que lado eu tô

Apesar de ser um terráqueo

Gabriel O Pensador nunca vai se esquecer o pedaço do planeta de onde ele saiu:

Esse pedaço bonito cansado sofrido e explorado chamado Brasil

Então se você só dá atenção para o que vem de fora não me dê atenção

Me jogue fora

(Tchau! Vou embora)(Vai!)(Não! Fica aí)

Eu fico pra alegria e satisfação parcial da nação

Trazendo uma nova linguagem uma nova forma de comunicação que muitos brasileiros ainda não conheciam: O Hip Hop

Que não tinha Ibope porque muitos não entendiam

Mas hoje ele é universal e até no Japão ele é assimilado

E pra quem achava uma droga depois dessa dose cuidado pra não se tornar viciado porque eu aplico Hip Hop

Na veia Na mente Na frente Nas costas No peito

E não me esqueço que sou brasileiro então eu fabrico Hip Hop do meu jeito

Do nosso jeito

Desse jeito que você nunca conheceu

Com brasileiros tocando instrumentos ou mais Be Sample que a Fernanda Abreu (Rio 40')

É somente a capital cultural do território nacional que é o purgatório da beleza e do caos no verão ou no inverno

Purgatório que pra muitos é bem pior que o inferno

E ao mesmo tempo é o céu pra outros poucos sortudos

Brasileiros surdo-mudos que apesar de tudo estar sorrindo para eles continuam negando e cuspindo naqueles que tão pedindo e sentindo "o gosto amargo desse nosso egoísmo que destrói os nossos corações"

Será só imaginação?

Não Não Acho que não

E se você não quer realidade então vai ver televisão

Mas eu tô na vida real e não quero fugir dessa realidade

E eu acho que até passava mal se me olhasse no espelho e enxergasse um covarde

Então eu vou continuar o idealismo que parece arte

E se precisar mudo até de nome feito o Chico Buarque

E "apesar de você" não se mexer

Não sei porquê sua anta

Me escuta

De que adianta ser filho da Santa?

Melhor seria ser filho da luta

Seria bom se tudo fosse um sonho e quando eu acordasse estivesse tudo lindo e pronto

Mas isso nós não merecemos porque só vivemos dormindo no ponto

Então eu tento ficar acordado até na cama quando eu tô dormindo

E também não sou de nenhuma tribo urbana porque eu não sou totalmente índio

Eu tenho um pouco de índio no sangue mas não no sangue inteiro

Eu tenho um pouco de tudo no sangue porque eu sou brasileiro

Mas o que eu definitivamente não tenho no sangue é vergonha de ser o que eu sou

E não sei porque os brasileiros não têm auto-estima e não se dão valor

Mas eu me valorizo

Minha cabeça

Minhas idéias

Meus amigos

Minha liberdade de pensamento

Minha terra

O chão onde eu piso

Meu estilo

Minha cultura

Os costumes e o povo de onde eu vivo

Entre tantas outras coisas que eu valorizo e que depois você vai entender

E você amigo? Valoriza o quê?



(Agostinho Ferreira da Silva/Gabriel O Pensador/Fabio Fonseca/Marcelo Mansur)



segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eu dou o pé e ele quer a mão




Vez em quando, de um modo ou de outro, essa frase chega aos meus ouvidos, inquietando-me a alma, incomodando-me e intrigando-me mais, quando percebo que sai da boca de pessoas que se dizem cristãs. E, justamente por isso, hoje eu resolvi escrever algumas palavras meio fortes, tipo puxão de orelha mesmo, baseada nesse distorcido dito popular, pelo simples fato de ser oposto ao Evangelho.

Não que eu me escandalize, mas me entristece ver pessoas que vivem praticamente dentro da igreja, usando expressão assim, mesquinha e humilhante, tão carregada de desamor, e o que é pior, pondo em prática algo que nada tem a ver com o que Cristo nos propõe. Que, aliás, não é proposta. É mandamento mesmo!

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;

assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”

(Jo 13.34)

Vida em Cristo é seguir (seguir = praticar) esse NOVO mandamento que, na verdade, de novo nada tinha (Lv 19.18). Apenas tornou-se novo na boca de Jesus (Jo13.34) por tratar-se de um AMOR VISÍVEL, aliás, DO AMOR QUE ESTAVA ALI, em Pessoa!

Aliás, se atentarmos para Os Mandamentos perceberemos que os mesmos estão firmados em duas bases sólidas: no nosso relacionamento com Deus e no nosso relacionamento com o próximo.

Daí Jesus falar para a mulher da Samaria sobre os verdadeiros adoradores pelos quais o Pai procura... (Jo4.23)

Então, eu trago essas mensagens para o cotidiano refletindo no seguinte: de que me serve ir à “igreja” e adorar a Deus, entoando cânticos lindíssimos, ajoelhando-me e até derramar todas as lágrimas, esperando uma palavra que fale diretamente ao meu coração, SE ao chegar do lado de fora eu viro o rosto para o meu semelhante e sou indiferente às suas necessidades? (Ver Mateus 25: 31 a 46)

Dar o pé...

Fico aqui a imaginar o que significa, na prática, dar o pé. Vai ver que é porque com o pé que eu estabeleço o limite, o muro, o quadrado - Ah, sim! O quadrado, mais novo vocábulo que designa o mundinho pessoal - onde eu simplesmente empurro (com o pé, óbvio!)  a ajuda, a comida, o agasalho, seja lá o que for, e o suposto ajudado nem chega perto de mim. Eca. Seu cheiro, seu suor, seus costumes, suas diferenças... Beeeem longe pois não quero nem inalar, vai que eu me contamino...

Mantenha-se à distância, seria a palavra de ordem perfeitamente clara naquela atitude muda e gritante.

Na minha cabecinha inteligente e, portanto, repleta de justificativas e racionalizações, seria mais ou menos assim: bem... Vou dar uma ajudinha financeira àquele cara, acompanhada de meia dúzia de palavras ensaiadas, afinal qualquer coisa que eu fizer vai ser de bom tamanho já que ele está mesmo numa pior.

Por outro lado, eu saio beneficiada duplamente, pois ele me deixará em paz, ufa! – afinal já fiz a minha parte com ele - e assim alivio a minha consciência e de quebra, driblo as exigências divinas. E o que é melhor: as pessoas ao meu redor vão achar que eu sou a tamporosa. (Tampa* + piedosa)

E mais: que eu não misture as coisas e deixe bem claro na minha mente que é só isso: uma ajudazinha aqui, outra ajudazinha ali... porém sem mexer comigo, olhe lá! Sem me incomodar, faz favor! Sem me tirar da minha zona de conforto! Ele lá e eu aqui, afinal, cada um no seu quadrado, ora!  E ele nem me conte seus problemas que eu já tenho os meus!

Assim, eu sigo esse meu próprio caminho que eu mesma tracei, embarco nessa minha falsa piedade cotidiana sempre agendando meus próprios horários, com o cuidado de aproveitar encaixes legais e bonzinhos, do tipo dar uma passadinha hoje lá na casa daquela “irmãzinha” que está tão dodoizinha, coitada, daí – com toda naturalidade - eu solto algumas frases de efeito e até deixo algum trocado... Ah, Já sei, umas flores e pronto! Perfeito! Ou não? Talvez uma “feirinha”...  Bom, vai tudo logo, pacote completo! O importante mesmo é não esquecer que saindo de lá eu dou um jeito de comentar “casualmente” com uma amiga, na primeira oportunidade.

Desse modo, meu perfil caridoso se fecha com chave de ouro naquela semana.

Além do mais vou ter a certeza de que tô bem na fita com Deus e ainda vou ter o reconhecimento das pessoas à minha volta. Isso sim, é que é ser cristã! Batam palmas pra mim!

Então, eu vou ficar tão cheia de mim, que nem vai dar pra eu perceber que aquela minha atitude tem tudo a ver com o meu ego, a minha vaidade, a minha arrogância, a minha própria conveniência, o meu narcisismo, a minha prepotência, e, acima de tudo, a minha falsa superioridade espiritual. Posto que a minha cegueira religiosa, seca e endurecida, vai se encarregar de me impedir enxergar que toda essa performance montada, robotizada, encenada, não tem absolutamente NADA a ver com o Evangelho. Nada a ver com uma vida em Cristo e TUDO a ver somente comigo: eu, euzinha e eu mesma!

Isso me reporta aos dias missionários de Jesus, quando ele rebatia com veemência a HIPOCRISIA e o DESAMOR dos fariseus e sua falsa aparência de justos e abençoados. Pois bora combinar, era quando Ele fazia barulho pra valer! E eu estou certa de que JESUS requer de nós a mesma atitude. Precisamos repelir com severidade a falsa ajuda que realimenta o vício da hipocrisia e da pseudo-compaixão, começando por nós mesmos, repudiando qualquer pensamento ou ação que nos remeta ao nosso exibicionismo pessoal em detrimento da verdadeira hospitalidade do coração.

Os fariseus, tão cheios de religiosidades, normas e rituais que só tinham a ver com suas próprias exterioridades, empenhavam-se nessa exacerbada preocupação e esqueciam-se do principal: a compaixão. Por isso Jesus os deixou perplexos com a parábola do samaritano. (Lucas 10:25.37)  Se observarmos bem, trata-se muito mais de ATITUDE do que de palavras, daí Agostinho dizer: Pregue o Evangelho, se necessário use palavras. O samaritano AGIU usando de poucas- e decisivas - palavras. Isso é Evangelho puro e simples! E mais: ilustrado em parábola pelo próprio Mestre! E ainda hoje tem gente perplexa com a simplicidade do Evangelho. E, como não querem enxergar o quanto é simples a vida com Jesus - porque para isso precisariam sair da sua zona de conforto - distorcem a Palavra de Deus e saem por aí maltratando as pessoas, crentes que estão sendo crentes. Pisando na cana quebrada em impressionante frieza acompanhada de frases feitas do tipo esquece, deixa pra lá,  foi melhor assim, isso vai passar...

Pois é.

A vida com Jesus é simples... mas não é fácil. Não é fácil porque tem gente que não quer sair da sua comodidade para cumprir verdadeiramente com o Seu mandamento. E vai seguindo seu caminho, cheia de justiça própria e cantando:

“Meu caminho pelo mundo eu mesma traço, quem sabe de mim sou eu”.

Quando Paulo escreveu a Timóteo usando a epístola para encorajar uma vida cristã coerente, ele fala de atitudes que iriam permear a sociedade constantemente, de tempos difíceis nos quais os homens seriam arrogantes e egoístas; e, entre outras características mais tenebrosas, ele fala dos desafeiçoados (desafeiçoado = sem afeição) alertando acerca daqueles com aparência de piedade.
E o que ele diz desses tais? Para FUGIR DELES!

Disse Jesus:

“E, por se multiplicar a iniquidade,

o amor se esfriará de quase todos.”

(Mt 24.12)



*Tampa de crush – “o cara” - expressão regional usando nome do refrigerante; com o tempo foi reduzida a “tampa”.

RF.

domingo, 27 de junho de 2010

Nossas dores




Algumas dores são localizadas. Outras se disseminam; tudo dói. Explico melhor. Algumas feridas só machucam no local; uma queimadura, um espinho, uma contusão, indicam exatamente o lugar e o tipo de dor. Mas há sofrimentos que se alastram de tal maneira que se perde inclusive a origem da ferida. Basta apertar onde foi machucado e sensações desagradáveis se espalham como ondas. A dor fica sistêmica. Mas isso vale não só para o físico.

Há feridas da alma que são septicêmicas.

As feridas narcísicas, por exemplo, não machucam apenas em um determinado ponto. Elas se transformam em agonias integrais. Feridas narcísicas são as que vêm da infância ou quando o esforço de firmar a identidade foi frustrado. E sempre que alguém toca nessas ulcerações da alma, tudo sofre.

Por isso, sejamos sempre cuidadosos com os juízos. Podemos lacerar uma pessoa por inteiro. Os juízos são sempre temerários. Quanto menos conhecemos uma pessoa, mais rápidas as sentenças. Caso tivéssemos acesso aos dilemas mais íntimos, às disfuncionalidades familiares mais antigas, talvez usássemos de mais misericórdia ao condenarmos.

O rei Davi optou ser julgado por Deus e não pelos homens porque sabia que Deus conhece os porões subjetivos do espírito, as hesitações da alma e os medos do coração. E os homens concluem com vereditos precipitados; com análises superficiais.

Zidane, o jogador de futebol francês, perdeu a distinção porque um adversário fez algum comentário danoso sobre sua mãe e irmã. Cutucado na ferida narcísica, todo o homem reagiu. Cristo advertiu àqueles que desprezam essas sensibilidades e partem para chamar o próximo de “raça”, que significa louco. Eles são dignos do inferno.

Já constatei o estrago que uma palavra mal dada produz, pois tratei de pessoas destruídas pela dor narcísica. Não existem xingamentos ingênuos, tudo o que se fala não produz efeitos momentâneos, mas consequências boas ou arrasadoras na autoestima de alguém. Em minha breve existência, cuidei de mulheres destruídas por comentários levianos. Conheci homens boicotados de se tornarem tudo o que podiam porque alguém, que conhecia suas feridas narcísicas, alfinetaram onde mais doía. Para destruir uma pessoa, basta lembrar malfeitos, vergonhas públicas, deficiências físicas, inadequações familiares.

A música interpretada por Ana Carolina carrega uma sensibilidade especial. Ela fala de um “vendedor de flores que ensina seus filhos a escolher seus amores”. Quanta ternura! O mundo seria diferente se lidássemos com o próximo com a delicadeza de quem mexe com pétalas de rosa.

Educação, finesse e sensibilidade não vêm de berço. São construções que demoram às vezes a vida toda. Nesta geração individualista, em que as pessoas mal se preocupam com a felicidade alheia, já faltam espaços para cuidar de tantos que pedem ajuda para dores que nem eles mesmos conseguem expressar.

Zelemos para que nossas palavras produzam vida, nunca morte.

Na íntegra aqui ---> RG


sábado, 26 de junho de 2010

Afinal, qual é a vontade de Deus para minha vida?





O homem crê que é “capaz de Deus”, e, sobretudo, de dizer aos outros humanos qual seja a vontade de Deus para o outro.

Ora, a vontade de Deus é uma só: que nos amemos uns aos outros!

Deus não tem planos profissionais para ninguém. Nem de qualquer outra natureza tópica.

O plano de Deus, não importando onde eu esteja, é que eu ame e pratique o amor. O resto é insignificante!

É o que Paulo diz quando afirma: “... ainda que eu...”  fale línguas de homens e anjos, ou profetize, ou saiba todas as ciências e adquira todas as sabedorias, ou me entregue às praticas de martírio ou de entrega social de todas as minhas produções aos demais homens necessitados, mas, “se não tiver amor, nada me aproveitará”;  e mais: nada será vontade de Deus.

Paulo nunca discutiu nada disso. Sabia fazer tendas. Mas era chamado para pregar. Por isso, tendo dinheiro para entregar-se apenas à pregação, assim fazia. Mas se não tinha, então, fazia tendas, e, pregava nas horas possíveis.

Ou seja:

Paulo tratava tudo com simplicidade, pois, a vontade de Deus era amor, e, amor, cabe em qualquer oficina de tendas.

As pessoas perguntam, referindo-se aos detalhes da vida, como se eu ou qualquer outro ser ameba humano pudéssemos responder: Qual é a vontade de Deus para a minha vida?

Ora, eu posso responder, mas a resposta que tenho a dar não satisfaz as pessoas que querem saber a vontade de Deus como um guia afetivo e profissional das jornadas na Terra... Então, não sei! Afinal, nessas coisas, à semelhança de Paulo, apenas uso o bom senso para decidir, e nunca o faço como quem consulta um “guia de jornada”, mas apenas como uma decisão de agora, da circunstância do existir; e isto, sempre, apenas conforme o espírito do Evangelho, que é amor.

A vontade de Deus são os Seus mandamentos, embora Jesus tenha nos dito que até os mandamentos, sem que sejam vividos em amor, são desagradáveis a Deus; pois, sem amor, todo mandamento não passa de presunção e arrogância.

A vontade de Deus é amor, alegria, paz, bondade, longanimidade, mansidão e domínio próprio!

Se você faz isso entregando o lixo, operando na mais rica clinica de neurocirurgia, ou se o faz pregando como um ensinador da Palavra, não importa; pois, a única coisa que importa para Deus é se você vive ou não o amor como o mandamento de seu ser.

O que Deus quer de mim? Onde quer que eu trabalhe? Com quem quer que eu case?

Ora, Jesus não respondeu tais perguntas a ninguém!

Quando Pedro quis saber... Jesus apenas disse: “Que te importa? Quanto a ti, vem e segue-me”.

Quanto mais a pessoa se dispõe a andar em amor e fé, sem buscar mais nada, tanto mais ela encontrará uma sintonia fina com Deus e com a vida, e, assim, sem que ela sinta, irá sendo posta no leito do rio de sua própria vida.

É claro que Deus tem a vontade que diz “não”. Mas essa é a não-vontade de Deus. É o que Deus não quer, pois, é o que Deus não é.

Deus não é mentira, nem engano, nem ódio, nem cobiça, nem traição, nem injustiça, nem maldade, nem indiferença, nem descrença, nem altivez, nem orgulho, nem arrogância, nem vaidade, nem medo e nem frieza de ser.

Assim, a tais coisas Deus diz “não”, mas não como quem diz a Sua vontade, mas apenas aquilo que não é vontade Dele.

Portanto, a vontade de Deus não é “não”, mas “sim”, embora a maioria apenas pense na vontade de Deus como negação.

Ou seja:
Para tais pessoas Deus é Aquele que diz “Não”.

A proporção, todavia, continua idêntica à que foi estabelecida no Éden. Pode-se comer de tudo, e, apenas diz-se não a uma coisa: inventar a nossa vontade contra essa única coisa à qual Deus disse “não”.

Todas as árvores do Jardim são comestíveis, mas continuamos discutindo a única árvore proibida, tamanha é a nossa fixação na transgressão como obsessão na vida.

Entretanto, a vontade de Deus é sim, e, para aqueles que desejam fazer a vontade de Deus, e não apenas discuti-la, Deus revela Sua vontade como fé e amor, e, nos diz que se assim vivermos provaremos tudo o que é bom, perfeito e agradável, não porque a vida deixe de doer, mas apenas porque o pagamento do amor transcende a toda dor.
A vontade de Deus é que eu desista das coisas de menino nesta vida e abrace as coisas de um homem segundo Deus.

Agora, se você vai trocar de casa, de carro, de mulher, de emprego, de cidade, de país, de nome — sinceramente, é melhor consultar um bruxo, uma feiticeira ou um profeta que aceite pagamento para contar tal historinha.

Você pergunta a Jesus:

- Senhor, qual é a Tua vontade para mim?

Ele responde:

- É a mesma para todos os homens. Sim! Que você ame e pratique o amor, pois, sem amor, nada será vontade de Deus para você, ainda que você distribua todos os seus bens aos pobres e entregue o seu corpo para ser queimado em martírio de dignidade pela consciência e pela liberdade.

Dá pra entender ou é difícil demais?

Que tal a gente parar de brincar de vontade de Deus? Vamos?

Chega, não é, gente?


(Na íntegra, aqui ---> Caio Fábio)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Gente, serve?




Como é bom conviver com gente, de carne e osso, portadoras de idiossincrasias avassaladoras, polaridades, alterações de humor, talentos deslumbrantes e defeitos horrorosos.

Neste momento da minha vida faço economia emocional para suportar a ideia de seres ideais, principalmente os que se postam como interlocutores entre o terreno e o sagrado e que se arvoram como projetos sem defeito.


Hoje tenho aprendido com tudo que é simples, meus filhos me ensinam, pessoas sem grandes pretensões intelectuais mas que sabem viver e vêem a vida com bons olhos, são o alvo do meu fascínio.

Diante das possibilidades que a vida apresenta, saber escolher um amigo pode ser o fator preponderante para se estar bem acompanhado ou apenas cercado de pessoas.


Existe uma máxima que diz que "nas dificuldades é que se conhece um amigo", este pensamento virou lugar comum, acredito que até tenha perdido seu peso, porque se torna uma generalidade na boca de quem só se presta a ser solidário em tragédias, doenças e no momento do desespero existencial alheio. Existe o egocentrismo solidário, um tipo de "doença" do super-sensacional-amigo. Percebe-se sua atuação quando aquele que estava em desespero consegue se reerguer e o até então solidário se afasta, já que suas ações não serão mais trombeteadas aos quatro cantos.

Claro que nem todo amigo da hora da angústia é um ser vaidoso e interessado no próprio umbigo, mas corremos o risco de ser alvo deste mecanismo ou sermos protagonistas deste teatro.

Proponho então uma relativização da tal máxima, e ficaria assim:

“É nas alegrias que nós conhecemos os verdadeiros amigos também”

Como é bom ter amigo gente, que é capaz de "chorar como os que choram", na mesma proporção que é capaz de"se alegrar com quem se alegra". Gente que está presente no momento da tormenta brava, mas quando o sol aparece e o mar começa se acalmar, está do teu lado para comemorar. Amigo verdadeiro é gente. Amizade de verdade é compartilhamento de alegrias e conquistas, há sintonia de alma. Cada um é plenamente capaz de decidir quem que ser e qual pessoa continuará chamando de amigo. Decidir rever critérios não é uma tarefa fácil, requer coragem, mas nos dá a possibilidade interessante de sermos mais verdadeiros nesta escolha.

Eu decidi que gosto de gente, porque eu me vejo e me encontro.
 
Adriana Chalela Curdoglo
 
 
Afanado DAQUI

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pedras na alma




Não costumo recomendar certos livros, mas confesso que pensei em  dar dica do  Evangelho Maltrapilho* a alguém que, em forma de desabafo, detonou em e-mail pessoal, a alma do cristão atirador de pedras.  E quem não o é?! Inclusive mensagem muito bem escrita, estilo literário impecável! Embora escrever não seja nenhum mérito... Afinal, apenas escrever, ler e saber, não nos torna diferentes ou melhores dos que os que 'não são nem fazem'. Eu, particularmente, quanto mais escrevo, mais vejo o quanto somos imperfeitos e carentes do amor de Deus.

E mais: o cristão, antes de carregar esse rótulo de atirador de elite, carrega dentro de si uma natureza que não tem rótulo e que só a misericórdia de Deus o coloca em condições, digamos, aceitáveis, diante dessa horrível nueza de alma que ora se expõe. E olhe que essa capacidade em atirar pedras é apenas uma das facetas dessa alma...

Todos nós, ao longo da vida, atiramos pedras. Todos nós estamos constantemente armados delas, é só pisar no calo, no ego, na vaidade pessoal, nas dores, que elas já vão logo sendo atiradas, de imediato. E encontramos adeptos com rapidez estrondosa também! Ninguém está isento disso, é suficiente que seja um ser humano, pois é da natureza deste. Fazendo pré-julgamentos com frequência assustadora, em pensamentos e ações, uns drásticos e irreparáveis, outros nem tanto, mas capazes de provocar seus danos, TODOS NÓS, em maior ou menos escala, exercemos esse ato perverso diariamente, da hora que acordamos até a hora de dormir.

É uma estratégia quase bélica, uma luta inglória, um verdadeiro caos no nível do coração. O que atira também recebe pedras. E as guarda vingativamente para momento oportuno! E o que recebe, também o faz com a mesma maestria e perversidade. E isso é todo dia e a pedra é de todo tamanho e formato. Há uma troca diária e constante, seja sutil, velada, escancarada, silenciosa, gritante e até com o clássico beijo na face.

E quando somos envergonhados por algo e temos uma reação emocional, a tendência é nos protegermos bloqueando as emoções e deixando de percebê-las conscientemente, incapazes que somos de demonstrá-las de maneira adequada e saudável gerando um entorpecimento emocional onde todas as outras emoções agradáveis se diluem e findam por serem enterradas junto com aquelas dolorosas. Tal incapacidade tem sua origem na nossa teimosia e no nosso orgulho exacerbado que nos cega e nos impede de exercer a humildade para dar o primeiro passo, reconhecer as vaciladas e correr pra o abraço sincero e despretensioso.

Essa é a grande questão! Quem atira a pedra - e quem a recebe e se envergonha lá no mais recôndito de sua alma, porém não exterioriza, não verbaliza, não pede perdão, não consegue ZERAR e seguir feliz, PORQUE não abre mão de seu orgulho, da sua teimosia, de conceitos pré-estabelecidos, de costumes e hábitos enraizados nessa alma tão cheia de gambiarras que a tornam feia e desprezível. E essa é a nossa alma. A alma daquele que se diz cristão, do que não se diz cristão e do que julga o cristão.


Esse hábito de atirar pedras no meio da arena é perigoso e sutil posto que em cadeia e trazendo repercussões desastrosas que amarguram a alma. E, só a Graça de Deus, que não tem qualquer ligação com nenhuma igreja, nenhuma denominação e tão somente com o sacrifício feito na Cruz, é que nos encaminha a uma conduta saudável e positiva que nos permite viver em serenidade com a nossa própria consciência, livrando-nos de que se instale o azedume em nossos corações e consequentes ações maléficas.

Parafraseando o autor de Hebreus, a amargura é resultado de intensa animosidade e raiva que cria raízes amargas e que, desenvolvendo-se, produzem frutos amargos como má vontade, ira não-resolvida, ciúme, dissensão e imoralidade. Ele diz: "... Nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados." (Hb 12.15)

Identificar emoções e atos consequentes ( E inconsequentes), aprendendo a canalizá-las de maneira saudável, é a atitude inteligente e positiva que vai reverter esse quadro caótico. E isso só é possível quando usamos de um dispositivo chamado HUMILDADE e nos permitimos desnudar por Aquele que é o único capaz de enxergar, perdoar e lavar essa alma. Só Ele pode remover tanta sujeira num lavar definitivo que nos transforma, não em santinhos de altar ou em falso piedoso cheio de boas obras no currículo pra driblar sujeiras escondidas. Transforma-nos sim, em seres capazes de reconhecer que nada somos sem a Sua misericórdia. Tira-nos do nosso pedestal falso e arrogante. E esse lavar definitivo é maravilhoso e eficaz porque é também um lavar constante e diário por meio de um pacto onde nos surpreendemos tão feios, tão deformados, que caímos por terra e nos arrependemos pedindo perdão e cura. Pacto feito com um vaso de barro que tem a chance de se deixar ser remodelado em sangue pelo Autor desse pacto definitivo e perfeito em meio a todas as imperfeições da alma. E o nome disso é GRAÇA!

Na passagem bíblica que caracteriza a suspensão de saraivada de pedras tem algo maravilhoso, curativo, definitivo, dito por Aquele que AMA, PERDOA e ZERA nossos erros. Pois em meio  àquele frenesi doentio onde fariseus querem cumprir a lei severamente, testando a Jesus e gritando pelo castigo à mulher adúltera, ESTE vai ao cerne da questão, no âmago da alma de cada um daqueles que, envergonhados, largam suas pedras cabisbaixos e vão saindo, um por um, a começar pelos mais velhos. E para a mulher, (Que não adulterou sozinha) Ele diz, simplesmente: "... Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais!"  Esse 'NÃO PEQUES MAIS' é a palavra chave. E vale para TODOS os que atiram pedras. Ou seja: para TODOS os seres que respiram e raciocinam.

E o fato de sabermos que seremos julgados por Deus, não significa cair no simplismo da frase, mas buscar viver da forma mais saudável e positiva que nos for possível, aqui mesmo nessa vida que nos foi presenteada e que é apenas um arremedo da vida eterna que Ele nos brinda.


Que a Graça e a Paz do SENHOR estejam sempre em nossos corações!

RF.



(E cá pra nós, euzinha sou muito mais essa música secular abaixo do que o lixo gospel que vendem por aí em nome de Deus.)


TUDO BEM (Lulu Santos)


Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa, tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é "so easy" se viver


Hoje eu não consigo mais me lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão eu já deixei
Tanto bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
E quase, quase nunca a vida é um balão


Mas o TEU AMOR me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no Teu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem... Tudo bem!


Já não tenho dedos pra contar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão eu já deixei
Tanto bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
E quase nunca, quase nunca a vida é um balão


Mas o TEU AMOR me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no Teu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem
Tudo bem, tudo bem

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*Evangelho Maltrapilho

(Ele é para os sobrecarregados que vivem ainda mudando o peso da mala pesada de uma mão para a outra. E para os vacilantes e de joelhos fracos, que sabem que não se bastam de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável. E para os discípulos inconsistentes e instáveis cuja azeitona vive caindo para fora da empada. E para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados. E para os vasos de barro que arrastam pés de argila. E para os recurvados e contundidos que sentem que sua vida é um grave desapontamento para Deus. E para gente inteligente que sabe que é estúpida, e para discípulos honestos que admitem que são canalhas. O evangelho maltrapilho é um livro que escrevi para mim mesmo e para quem quer que tenha ficado cansado e desencorajado ao longo do Caminho. BRENNAN MANNING )

terça-feira, 22 de junho de 2010

NOVO TEMPO



No novo tempo


Apesar dos perigos

Da força mais bruta

Da noite que assusta

Estamos na luta


Pra sobreviver

Pra sobreviver

Pra sobreviver



Pra que nossa esperança

Seja mais que a vingança

Seja sempre um caminho

Que se deixa de herança



No novo tempo

Apesar dos castigos

De toda fadiga

De toda injustiça

Estamos na briga


Pra nos socorrer

Pra nos socorrer

Pra nos socorrer



No novo tempo

Apesar dos perigos

De todos os pecados

De todos enganos

Estamos marcados

Pra sobreviver

Pra sobreviver

Pra sobreviver



Pra que nossa esperança

Seja mais que a vingança

Seja sempre um caminho

Que se deixa de herança



No novo tempo

Apesar dos castigos

Estamos em cena

Estamos nas ruas


Quebrando as algemas


Pra nos socorrer

Pra nos socorrer

Pra nos socorrer



No novo tempo

Apesar dos perigos

A gente se encontra

Cantando na praça

Fazendo pirraça

Pra sobreviver

Pra sobreviver

Pra sobreviver

(Negritos meus - RF)

sábado, 19 de junho de 2010

Triste prisão





(Abaixo uma das cartas escritas a alguém muito querida que vive há 16 anos sob jugo opressor do cônjuge).


Minha querida:

Muito me entristeço cada vez que a encontro ou sei de notícias suas, de suas explicações e justificativas confundindo “ensinamentos” e pregações bíblicas para se iludir e se dar um falso conforto. E peço-lhe que me perdoe pela intromissão, mas é que eu não me conformo e sinto-me impulsionada a alertar-lhe acerca desse tipo de cilada que só serve para confundir e escravizar cada vez mais.

Quero começar citando o autor de Provérbios ao exaltar a mulher de fibra. Ele inicia fazendo a pergunta "quem a achará?",  apontando-nos a mulher que agrada a Deus. A mulher que não deixa de ter seu valor como pessoa ao assumir o papel de ajudadora mas que ao mesmo tempo é mulher de atitude em todos os sentidos, principalmente na sua individualidade dentro da relação conjugal:

Ela tem liberdade de ação (v16), tem credibilidade junto ao marido (v11) e tem capacidade de assumir responsabilidade. (v21)

“Examina uma propriedade e adquire-a; planta vinhas com as rendas do seu trabalho” não são predicados exclusivos da mulher dos dias atuais. Esse modelo está lá em Provérbios 31.16.

Veja que essas pinceladas são na verdade apenas para ilustrar as qualidades de uma mulher como pessoa, como indivíduo, como ser humano, pois se fosse para citar outras virtudes, nos estenderíamos muito já que Provérbios 31 trata disso largamente, abrangendo desde a generosidade, os cuidados com a própria beleza e aparência assim como seu próprio crescimento intelectual e espiritual.

Também desconheço qualquer passagem nas Escrituras onde Deus consente que um dos cônjuges fique à mercê do outro, em servidão; nelas não encontro nenhuma referência que aponte para um Deus que aprove um marido opressor e manipulador.

Minha irmã,  não caia no equívoco de “se pegar” nas cartas de Paulo, pois o que ele enfatiza na carta que você cita é que a vida de um dos cônjuges, que  é cristão e age  como cristão, pode vir a ser canal de bênçãos de Deus na vida do outro cônjuge e outros membros da família. (1Co 7:14.16)

Em sua carta aos coríntios ele se baseia no AMOR como um caminho “sobremodo excelente”, ensinando-nos que o amor não se conduz inconvenientemente, não procura os seus próprios interesses e não se alegra com a injustiça. Até fala da real importância da fé e da esperança, mas coloca O AMOR como o principal deles.

Quando ele diz aos efésios para a mulher ser submissa ao marido, deixa claro que o marido AME a mulher, comparando à relação de Cristo com a Igreja (Ef 5.23), numa alusão ao que Deus requer numa relação conjugal, pois ELE não quer submissão em detrimento da responsabilidade da esposa de andar em santidade e retidão diante dEle. Afinal, o marido não é Salvador e sim, protetor. Dessa forma, analogamente, na submissão VOLUNTÁRIA, a esposa serve a seu marido, com liberdade e dignidade, ASSIM COMO, a Igreja serve a Cristo.

Nessa condição o laço dominador que a prende não é de amor, até porque amor não prende. Amor liberta. Amor vem de Deus. E isso que chamam de relação, casamento, ou seja lá o que for, no qual existe dominado e dominador não passa de uma triste prisão para ambos. Porque, definitivamente, amor não se constrói em cima de dor, lágrima, humilhação e constrangimento.

Amor não divide, não afasta familiares,“não se ensoberbece nem se alegra com a injustiça”.

No amor não existe imposição, coação, medo, insegurança.  Quem ama não agride física nem moralmente.  Quem ama cuida.

O amor não é orgulhoso nem provocativo. É permanente, incondicional. Tem consideração pelos outros e constitui a base para se administrar qualquer dom espiritual, resultante da poderosa presença do Espírito Santo.

Não tem como explicar, esse amor você simplesmente vivencia. E qualquer ansiedade que porventura queira se instalar, é neutralizada pela sua leveza desconcertante que imprime no peito a verdadeira alegria, disseminando por todo o ser. E ele aflora, transborda, repercutindo na vida profissional, na vida social, nos relacionamentos fora da vida doméstica invadindo  outras vidas da forma mais benéfica que se possa imaginar.


Não há como confundir e não ser feliz nesse AMOR.

Portanto, o que  a denuncia como esposa oprimida é justamente a ausência dessa alegria em seu sorriso, em seu olhar, em suas explicações. Por mais que se racionalize, se justifique, se doure a pílula, a própria voz vai estar dissonante por soar sempre artificial.

E o mais deprimente não é a insistência em querer convencer familiares e demais pessoas acerca do convívio supostamente saudável. O mais triste e deprimente é a tentativa de convencer a si mesma. É nessa hora que precisamos reconhecer que precisamos de ajuda. Ajuda de amigos sinceros, de familiares, ajuda de um especialista. E eu sei de um que é infalível. Aliás, O Especialista que é a própria Cura. Mas para essa Cura faz-se necessário abdicar das velhas vestes, é preciso se desnudar, é preciso coragem. É preciso entrega total e irrestrita para salvar-se de relação tão doentia e quem sabe até salvar a própria relação.

Mas é preciso querer...


RF.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pedofilia - minha opinião.




Já disse aqui nesse blog que não tem nenhum tema que seja visto por mim como tabu. E com a pedofilia não é diferente. E, embora sem a pretensão - nem cacife - de estudo profundo na área, confesso que tem um bom tempo que eu venho pesquisando sobre essa prática terrível que assola os lares no mundo inteiro, pois sempre desconfiei tratar-se de um comportamento ligado ao estilo de vida de determinados indivíduos, sendo que os estudiosos hoje em dia têm encontrado até fatores biológicos relacionados a esse distúrbio de personalidade.

O certo é que antes mesmo de estourar na mídia esses escândalos todos envolvendo inclusive autoridades religiosas, já me chamava à atenção desde quando se suspeitou de uma situação no mínimo estranha há uns cinco anos, em família bem próxima de mim, mas que por alguma razão, a mãe preferiu fazer vista grossa, típico de quem bota sujeira debaixo do tapete e sai por aí rindo amarelo e sem graça dizendo que tá tudo muito bem. Ora, convenhamosatitude bastante inconsequente, pois afinal, guardar lixo não é bem a mais apropriada. É até perigosa e irresponsável.  E principalmente quando envolve nossas crianças pelas quais somos responsabilizadas diante de Deus.

Enfim, por outro lado, quem me conhece e/ou lê meu blog com certa frequência, sabe dessa minha fascinação pela mente, pelas nuances do estranho comportamento humano, e que eu não vejo as atitudes e acontecimentos na vida das pessoas de forma isolada. Vejo uma conectividade em tudo. Existe toda uma história, um contexto. Não sou nenhuma autoridade no assunto, repito, mas sei que isso me ajuda a conhecer melhor a situação de maneira ampla fazendo-me cumpridora do meu papel de cidadã cristã da forma mais consciente possível.

E o pedófilo é um desses seres que me chama à atenção, pelas suas características bem particulares de baixa auto-estima e sentimento de inadequação social. Ele não é exatamente um criminoso, já que se trata de um transtorno mental, sendo assim a pedofilia classificada, segundo a OMS. Sua prática, evidentemente, é que se caracteriza como crime.

A pedofilia basicamente caracteriza-se por uma estranha atração que adultos sentem por pessoas bem mais jovens - mais precisamente adolescentes e crianças - sendo essa deficiência considerada como uma deficiência psicológica sem que seja necessário qualquer contato físico. Só desejar, pensar, imaginar determinada situação de erotismo já caracteriza esse transtorno. E não precisa atingir “as vias de fato” para ser considerado crime. O menor constrangimento instalado já denuncia o mal. E aqui eu quero me referir a um tipo específico de pedófilo: aquele que usa de manipulação erótica direta, porém velada. Pois ainda que aparente "apenas" um carinho exagerado, sua sutileza é extremamente invasiva e prejudicial à criança assediada. Diga-se de passagem que o pedófilo não sente atração pela pessoa mais jovem, simplesmente. Portanto, a atração não é pela jovialidade em si. É a questão da vulnerabilidade, do lado indefeso. Alguém do seu tamanho, ele não "encara", digamos assim, justamente devido a essa sua lacuna emocional e psicológica.

E, claro, não é por se tratar de uma doença que se deve cruzar os braços e/ou sentir peninha do indivíduo que assim pensa ou age. Deve sim, ser combatido com veemência, deve ser denunciado e deve haver punição adequada embora não haja uma lei específica. Quando falo de sentir peninha e correr o sério risco de pensar duas vezes sobre que atitude tomar é porque geralmente o pedófilo é alguém da convivência, alguém querido. E colocar embaixo do tapete é, no mínimo, leviano. Por isso mesmo que a qualquer suspeita, deve-se dobrar a vigilância e no caso de fato concreto, tomar as devidas providências. Afinal, isso é um ato covarde se lembrarmos que a vítima é uma criança indefesa e sem parâmetros para aquela estranha situação. É diferente do assédio feito de adulto para adulto, onde o agredido sabe perfeitamente que atitude tomar. A criança, não. Ela ainda não tem definido em sua cabecinha o que seja o conjunto de regras morais, sabe apenas que a situação é profundamente desagradável. Ela sabe que é algo muito ruim de assimilar, mas não tem como contestar, pois geralmente o oponente é alguém da família ou muito próximo e considerado de confiança,  sempre presente e quase sempre muito solícito e agradável e que nas reuniões com os adultos se comporta normalmente. Isso basta para que a criança assediada fique confusa e se cale.

Infelizmente está cada vez mais comum a prática desse ato terrível e não apenas devido aos grandes escândalos eclesiásticos que têm chamado a atenção da sociedade. É dentro dos lares mesmo, onde acreditamos que as nossas crianças estão em segurança. Essa prática repulsiva precisa ser combatida e para isso devemos estar atentos aos sinais estranhos e ao que dizem as nossas crianças para que no início, e antes que se alastre o mal, sejam tomadas as devidas providências. Pois ela destrói valores essenciais à formação do jovem e, consequentemente, à formação da família e da sociedade, traçando um sinistro caminho para a tragédia no âmbito psicológico assim como acontece com todas as formas de comportamento sexual inadequado.

Como cristã, eu vejo que embora sejam atos indignos, diante de Deus não significa que sejam imperdoáveis, por isso eu não vou me permitir jamais esquecer da misericórdia e do perdão de Deus. Não quero me portar como a boazinha cheia de racionalizações em cima da historinha sinistra, mas tenho aprendido que essa nossa natureza caída pode ser perfeitamente e definitivamente CURADA por essa Misericórdia em forma de Perdão. No perdão somos restaurados. Há uma cura completa. Definitiva. Para isso precisamos nos arrepender dos atos passados, sejam quais forem. Essa é a palavra “mágica”: arrependimento. No arrependimento sincero e verdadeiro, o mal (pecado) é removido completamente e passamos a viver de modo diferente. Para alguns mais incrédulos pode parecer coisa de Pollyana que passou do ponto, papo de sonhadora boba, mas eu prefiro sonhar os sonhos de Deus. Sonhos transformadores.

E aqui, parafraseando o autor da carta aos hebreus, não falo de dons nem sacrifícios, posto que estes, no tocante à consciência, são ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto. Falo de algo superior e perfeitamente eficaz. Falo de uma relação com Deus que nos reconcilia de fato com Ele, e, em consequência, com nós mesmos e com o próximo. Seja esse próximo uma criança, um adolescente ou um adulto.

É esse o verdadeiro sentido do sacrifício definitivo realizado na CRUZ.

R.F.

“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos;
converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele;
e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”.
(Isaías 55.7)

“Pois, para com as suas iniquidades,
usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei”.
(Hebreus 8.12)

“Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.
Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte.”
(Jeremias 29:13.14)

“Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda.”
(Isaías 58.8)





quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Rei está nu






Há poucos dias vi essa clássica, sucinta e contundente frase sendo usada em comentário de blog muito polêmico, aliás, texto bem antigo, de mais de quatro anos, mas que rende assunto até aos dias de hoje, vez que se trata de um rei posto, deposto e reposto e que continua incomodando a muita gente com sua subversão. Isso me tomou a mente e me fez refletir desde então.

Mas vou logo adiantando que euzinha conto o milagre, mas não conto o santo. E não que eu queira ser a certinha, só quero sossego, pois por andar a navegar por aí, sei do risco de transformar meu cantinho em mera fonte de fofoca, do tipo “vou lançar a bomba e assistir de camarote o circo pegar fogo”. Pelo menos essa é a forte impressão que tem aquele que lê com olhos imparciais, o que eu li no citado blog, entre outros por aí afora. E cá pra nós, parece uma briguinha de comadres onde só se vê uma na arena saboreando os ataques e lambuzando o ego com os tomates e os ovos podres que caem, já que não atingem o alvo,  posto que protegido por sábia e silenciosa indiferença. E depois, pra mim é imensamente cansativo e eu considero uma eterna perda de tempo, ter que ficar no bate bola dos comentários, fora que não me convêm essa invasão sádica de abordar acerca de pessoas com seus nomes completos, endereços, rg´s, idade, família, gostos e escolhas pessoais e sua vida pregressa... Mas tão somente as idéias dessas pessoas. Idéias! E ainda que tenha a ver com a vida pregressa, mas sempre no campo das idéias, pois definitivamente contra pessoas não é jamais a minha luta...

Bem, todo mundo sabe que na historinha do Hans Christian Andersen, o exibicionismo do rei era tanto que dois espertalhões trataram de tirar partido dessa sua fraqueza, porém em desfile especial a inocência de uma criança desmascara os três: os espertinhos e o rei inchado de vaidade. Só que os espertinhos novos ricos já estão longe e o rei ali triste e envergonhado diante de tamanho constrangimento.

Aí eu me pergunto: qual o prazer de se vangloriar com isso? Quem correu pra cobrir as banhas caídas do coitado? Sua vaidade o condenou e o depôs para sempre?

Por outro lado, alguém lançar mão da fábula para fazer certas analogias toscas, e dizer que determinadas pessoas de repente estão completamente despidas, não causa qualquer comoção. Ou pelo menos não deveria causar, bora combinar. Não deveria causar porque o próprio rei em questão foi quem se desnudou a si próprio, só que as pessoas não se deram conta posto que essa nudez é sempre feia aos olhos humanos acostumados a admirar a beleza, a superficialidade, a exterioridade.

Ora, tal rei está nu faz muito tempo e as pessoas não conseguem enxergar isso.

Irônica e estranhamente, tão bela veste é o próprio povo quem coloca. E o próprio povo que o cobre é o mesmo que cobra friamente. É o povo quem alimenta o próprio ego por meio do rei supostamente vaidoso. Na verdade, elas – as vestes – não estão lá. Estão nos olhos de quem assim vê. E nessa minha historinha particular roubada de comentário em blog polêmico, o rei sempre estivera nu. É certo que vez em quando paga caro a espertinhos que querem tirar partido da sua trajetória, do seu desfilar, da sua vida pregressa em meio a principados com suas forças políticas, sociais, suas fortes estruturas com seus encantos e seus fascínios. Mas pagou caro e sempre deu a cara pra bater. E isso incomoda a quem não tem peito pra isso.

Ora, em beeeem menor escala, recentemente eu quase saí do alto do meu salto 12 e também quis quebrar uma meia dúzia de dentes de uma fulana que ousou falar de um filho meu. Fale de mim que no máximo eu só vou achar engraçado, mas não fale de um filho meu não, e principalmente injustamente, que eu viro leoa. E me segurem, por favor! Ainda que depois eu respire fundo e volte a raciocinar e agir como gente equilibrada completamente apta a engolir os sapos que a existência me conferiu. Mas que dá vontade, isso dá...

E eu fico a pensar...

No avesso do avesso o possuído nem sempre é aquele que baba, que se contorce, que revira os olhos, que chama pra briga, que vai à forra e desforra. O possuído pode ser simplesmente o aparentemente calmo, equilibrado, sorridente...

Este se gaba de não possuir o temperamento sanguinário nem usar como arma o próprio corpo preparado para lutas e defesas.

Este tem suas próprias vestes.

E nem por isso livre de ser manifesta a vergonha da própria nudez...

RF.