"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sábado, 5 de dezembro de 2009

ÁGUA da VIDA ou água dá vida?






Sem nenhuma pretensão exegética ou hermenêutica, pois não tenho essa capacidade acadêmica, hoje eu ouso fazer algumas colocações acerca do que particularmente eu considero contraditório dentro de certos segmentos religiosos.

Começando por  enfatizar o quanto eu  estranho o endeusamento que certos grupos de fiéis dispensam a seus líderes sem atentarem para que - sem qualquer exceção - por mais que busquemos manejar bem a Palavra, TODOS somos falhos, passíveis de erro e inclusive como falei em post anterior, que o Pedro "milagreiro" era o mesmo que dizia a quem se prostrava a ele: ergue-te, que eu também sou homem! Sim, esse mesmo Pedro escolhido por Jesus, que andou com Jesus e que chegou a vacilar feio fazendo discurso herético em uma de suas missões.

Imagine...

Isso sem falar dos personagens bíblicos cada um com as suas estranhezas e doenças de alma...


"Normal" – diria distraidamente um amigo meu.


Afinal o homem tem dessas pérolas: vai acrescentando, criando, inventando...

Reinventando Deus, anulando o Sacrifício da Cruz.


Enfim!


Mas qual seria o primeiro passo para corrigir esse vício terrível ?


Ora, com certeza um passo lúcido e coerente é ter humildade e admitir que precisamos rever conceitos e valores todos os dias, lendo a bíblia e aprendendo diariamente a manejar a Palavra, pedindo a ajuda de Deus.

Como eu comentei no blog de um amigo: em conexão banda larga com o Espírito Santo que nos capacita a ler, estudar, pesquisar, discernir. Pra mim, o nome disso é REVELAÇÃO. Só que não vem acompanhado de show pirotécnico (num é nem Ano Novo nem Copa do Mundo, ué! rsss) nem tem fogo ou anjo descendo do céu em efeitos especiais de gelo seco ao som de trombetas.É um cicio suave...E que LIBERTA mentes e corações! ISSO é ação do Espírito Santo!

 


Só esses preciosos ingredientes como resultado de um estudo sério e criterioso é que eu entendo como "sabedoria lá do Alto". O mais, arrisco-me a dizer que é auto-engano fruto de emoções e sentimentos; e Jesus não nos conclama pra sentir mas para SER.


O certo é que eu sempre estranhei algumas práticas igrejistas que não dá pra citar todas aqui por serem numerosas.


Mas vamos ser honestos e admitir que existe um invisível e potente telefone sem fio que vem rolando aí durante quase um século no meio do que convencionou-se chamar de pentecostalismo e neo pentecostalismo, que tem proporcionado inúmeros VÍCIOS ao longo desse tempo trazendo fortes jargões e estereótipos determinantes para uma cultura doutrinária que paradoxalmente foi se distanciando do Evangelho.


Falo com tristeza na alma, pois vivo em meio a essa realidade há mais de 30 anos e de uns seis anos pra cá fazendo os meus questionamentos à luz da Palavra, sempre intrigada com a resposta à íntima pergunta que nunca quis calar: que nada disso serviu para uma mudança real e interior que proporcionassem uma boa qualidade de vida a essas pessoas que vivem e agem (?) conforme tais determinações ligadas exclusivamente à exterioridade exigida.

Não falo à toa e sim por conviver com gente sincera, gente de boa-fé que amo de paixão, que tenho toda a intimidade, e no entanto, quando chega nessa questão eles se fecham em copas e aí fica sem condição de um diálogo franco e transparente, dada a forte conotação de uma "obediência" a ensinamentos de uma crença exacerbada em detrimento da e da GRAÇA que anulam toda lei e todo rigor ascético.

E aí eu vou observando o contraste da proposta de Jesus para uma vida de qualidade. Uma vida em abundância, não de coisas. De plenitude, independente de circunstâncias. Esse mesmo Jesus, que em seus dias missionários, sai DERRUBANDO velhos conceitos com uma maestria tão desconcertante que muitos não conseguiram captar a mensagem como ainda hoje acontece de tão arraigada a tradição e o doentio apego à performance.

Bom, mas especificamente, o que eu quero dizer mesmo é que há uma contradição gritante com a Palavra em relação a essa exigência divina feita por "revelação" acerca do batismo.


É essa ênfase toda que eu não consigo entender, sabe?


Com todo respeito, note-se que geralmente essas revelações são concedidas a uma única pessoa, Deus concedendo informação "preciosa" somente a um, para então, este, impor a determinados seguidores que serão os futuros residentes do condomínio celestial.

Este, por sua vez, passa a ser o cara.

O líder. O modelo. O deus.

Daí O Nome de Deus e o Em Nome de Jesus, passam a ser utilizados só para efeito ilustrativo, pois na prática usam-se mesmo os “ensinamentos” determinados por aquele a quem foi revelado o segredo de Deus.


Mas o mais intrigante mesmo é que toda essa doideira que salta aos nossos olhos dá a entender que foi em vão tudo acerca da Boa Nova e que um belo dia, quase dois mil anos depois um Deus caprichoso resolve, por exemplo, que o batismo por imersão é determinante para a cura de enfermidades físicas e para... a salvação!


E veja que interessante.


O próprio Paulo- escolhido para “levar o NOME” a todos os povos – não recebeu revelação a quatro chaves nem em sonho nem nada escondido ou pessoalmente.

Ele ia “estrada afora”, em campo aberto, ao ar livre, exposto! E mais: os companheiros dele testemunharam. Ouviram tudo!


E outra particularidade: ele foi batizado DEPOIS que recuperou a visão e tendo ficado cheio do Espírito Santo.


Observe a sequência!


E mais interessante ainda e que me faz refletir com muito cuidado e atenção é que não há qualquer ênfase para o batismo em si, até porque fazia parte dos rituais religiosos, nada dizendo acerca de transformação interior. (Cf Atos 9: 1.19)


Ora, o próprio Jesus curava de montão, gente vinda de todos os lugares e de todos os credos os mais sinistros, fazendo muitos outros sinais que não estão escritos, segundo João, que acrescenta que os registrados foram para crermos que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos vida em Seu Nome.


O certo é que se houvesse qualquer relevância no Sacrifício da Cruz como Nova e Eterna Aliança centrada em tais coisas, teríamos no mínimo um "Evangelho dos milagres, das curas e dos batismos segundo apóstolo tal"



Ora, a cura física fazia parte de Seu Ministério. Se havia cura espiritual, aí era outra coisa! Essa sim, era a cura que interessava, mas Ele não impunha a ninguém.


Quantas vezes Jesus perguntou: "Queres?!"


E quantos dos dez leprosos voltaram para glorificar o Nome de Deus?


E o que disse Ele ao único que voltou?


Isso me diz que o que ele fez e disse em relação a CURA referia-se a transformação INTERIOR não havendo absolutamente NADA com exterioridade.


E quanto à "exterioridade" que Ele institui na Ceia para ser feita “em SUA memória”, simboliza o Reino de Deus, como manifestação de AMOR, e não como determinava no cerimonialismo imposto pelo homem na antiga aliança com riqueza de detalhes em como se portar, se sentar,que tipo de copo usar, quantos copos rss, se pão asmo ou inchado e tostado, qual a safra de vinho e quantas vezes por dia mês e ano.


É forte e determinante o diálogo que Ele trava com a mulher da Samaria e em nenhum instante Ele a conduz para cerimonialismos e rituais.

(A menos no caso em que Ele cura  e manda  a pessoa ir ter com os sacerdotes  simplesmente para, conforme os moldes culturais da época, o mesmo ser reintegrado à sociedade como cidadão. Aí é outra história!)


E muito menos quanto a revelações pessoais para conduzir em comoção todo um coletivo inconsciente.


Pelo contrário, "contagiada" de maneira pura e transparente, ela larga o cântaro e o sentimento de rejeição lá mesmo no poço e entra na cidade ALTIVA - lavada, regenerada! - levando a Boa Nova sem qualquer constrangimento, tocando a todos que a ouviam. E por causa do seu testemunho, muitos creem em Jesus.


O Evangelho é assim: simples e claro.


Jesus é assim: simples e claro.


Transparente como a água.


E, citando o tipo de adoradores que Deus está à procura, é justamente com a ÁGUA que Ele emprega uma metáfora...






Um comentário:

Ricardo Mamedes disse...

É... Ele busca adoradores que "o adorem em espírito e em verdade".

Engraçado como esses "pregadores" contemporâneos buscam o acessório, ao invés do principal.

"Eles" fazem apologia de curas e milagres, mas se esquecem da graça, esta, "dom gratuito de Deus" - que na verdade não se exterioriza, atuando no âmago do ser.

"Eles" ainda se esquecem que não somos nós quem escolhemos Jesus, mas é Ele quem nos escolhe, recebidos do Pai, mediante a justificação pela fé.

Rituais e memoriais são apenas isso: rituais e memoriais. A vinda do Deus homem tirou a sua importância (Gálatas 3:13), "e eis que tudo se fez novo".

NEle, são todas as coisas, fora dEle não há salvação. Símples assim...

NEle, que nos resgatou da servidão do pecado.

Ricardo