"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sábado, 7 de novembro de 2009

O LIVRO DE ECLESIASTES



A razão porque ele é tão pouco lido nada tem a ver com sua profundidade ou complexidade, pois, como em toda genuína sabedoria, o que é verdadeiro se faz entender com simplicidade.

Portanto, não são as dificuldades de compreensão que impedem a Leitura, a aceitação e vivência proposta por Deus em Sua Palavra no livro atribuído a Salomão.

O que dificulta é justamente o poder esmagador de sua simplicidade baseada na observação da História, tal qual ela se mostra aos olhos, sentidos e percepções humanos.

E entre essas observações, aparece o desmantelamento de todas as fabricações de causa e efeito criadas pelos amigos de Jó.

No Eclesiastes a vida é como ela é: sem tentativa de abençoar a inegabilidade da Queda dos Humanos no Planeta Terra.

A outra razão da não apreciação do Eclesiastes é que ele não fala abertamente da eternidade—no máximo diz que o espírito volta a Deus, que o deu—, não fala nem do céu e nem do inferno.

E seca a vida aqui, na arena das competições, dos julgamentos, dos esforços inúteis, das jactâncias idiotas, dos sucessos imerecidos, dos insucessos injustos, dos poderosos insensatos, dos sábios desprezados, dos ricos sem apetite, dos ricos estéreis, dos justos esquecidos, dos esnobes afamados, dos governadores cercados de puxa-sacos incompetentes, dos bens materiais que não promovem nem paz nem sono, das vitórias logo esquecidas, das alegrias alienantes, das tristezas que melhoram a alma, dos afazeres que nada mais são que vaidade e correr atrás do vento.

Por esta razão o livro de Eclesiastes é insuportável, ele é histórico demais e realista demais.

Nele não há milagres.

Seu grande milagre é o discernimento de como a vida é, sem os auto-enganos aos quais nos entregamos a fim de diminuir a nossa dor acerca dos esmagadores fatos da existência humana na Terra.

Precisamos, todavia, lê-lo, pois sem a percepção de como a vida é, jamais cai a ficha!

E, enquanto a ficha não cair, não mergulhamos jamais no mundo da Graça e da Providência de Deus.

Sem o realismo do Eclesiastes não se faz a apropriação posterior da certeza de que no mal de hoje pode habitar meu bem eterno.

E também não nos entregamos com confiança à certeza de que o verdadeiro bem não está disponível aos sentidos!

Caio Fábio

Um comentário:

Regina disse...

Eu morria de medo do livro de Eclesiastes, assim como da Bíblia de um modo geral, quando estava morta espiritualmente.
Hoje é um dos livros que mais me fascina do AT, pois além de tudo isso dito com toda propriedade pelo CF, há uma denúncia escancarada acerca da nossa tola vaidade em tudo que fazemos.
Ainda bem que o relacionamento com Deus aponta um sentido para a vida em meio a tantas futilidades.