"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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terça-feira, 21 de abril de 2009

O Começo do Fim da Igreja Evangélica Brasileira

O título deste artigo pode parecer dramático ou sensacionalista, mas segue na esteira do que muitos importantes líderes cristãos têm apontado como sendo uma posição pessoal e/ou comunitária, uma espécie de “fim para mim”.

Refiro-me a figuras como o pastor de origem batista Ed René Kivitz, que em seu recente livro “Outra Espiritualidade”, afirma estar à procura de um outro modo de expressar a sua fé em Deus e a sua fidelidade a Cristo, que não àquela que ganhou a alcunha de evangélica. Ele diz não mais se ver naquilo que pode hoje ser identificado por este adjetivo.
Antes dele Ricardo Gondin, líder internacionalmente conhecido da Igreja Assembléia de Deus, escreveu em carta aberta amplamente veiculada na Internet, seguindo o mesmo diapasão, que não é mais evangélico.

O texto de Gondin me soou mais acre que de Kivitz, nele o pastor que começou o seu ministério na capital cearense, mas que hoje está radicado em São Paulo, diz que a igreja evangélica no Brasil transformou-se numa fábrica de medos e neuroses, marcada por um forte legalismo e com seu corolário que é a burocracia forense, de tribunais eclesiásticos e assembléias deliberativas, onde muito se discute, machuca, humilha e constrange, mas pouco se delibera.

Um outro cristão de renome que parece ter declaradamente deixado as fileiras do evangelicalismo tradicional foi Caio Fábio.
Tendo sido um dos maiores evangelistas da história de nosso país com as cruzadas de evangelização que literalmente cruzaram o país nas décadas de 80 e 90 e o principal articulador da Aliança Evangélica Brasileira (AEVB), Caio guarda hoje muitas reservas em relação à maioria das iniciativas eclesiásticas tidas como evangélicas que têm notoriedade na mídia televisiva e radiofônica.
Suas acusações carregadas de uma terminologia psicanalítica apontam um grande segmento das igrejas evangélicas como estando a torturar emocional e espiritualmente os fiéis, quer seja instalando neles “culpas fabricadas em laboratório”, quer pelas promessas de saúde e prosperidade à “preços módicos”.

Por que será que estas e outras tantas figuras de peso estão se “desassociando” do movimento evangélico? Creio que poderíamos apontar pelo menos duas razões: em primeiro lugar o conceito de “evangélico” se esgarçou tanto que já não sustenta nada. Em outras palavras, cabem tantas formas diferentes de crenças e cultos debaixo desta rubrica que ela já não designa claramente nada.

A Igreja Universal do Reino de Deus se diz evangélica e a Igreja de Confissão Luterana faz a mesma coisa, mas não há sequer um aspecto em que estas duas comunidades se toquem. A segunda está muito mais próxima da Igreja Católica Romana, ao tempo que a primeira está mais próxima do Espiritismo Kardecista, dois grupos que estão fora do mundo dito evangélico.

Imaginem a confusão disso tudo...

Em segundo lugar, durante o último quartel da década de 90 a igreja evangélica passou por uma fase de “profissionalização marketeira” de seu clero e de suas instituições, ou seja, as comunidades locais começaram a ser vistas como “um negócio”, “um empreendimento” e os números começaram a se tornar mais importantes do que o conteúdo da pregação e do ensino.
Na verdade, a pregação e o ensino começaram a ser vistos como meios para alcançar os cobiçados números (freqüentadores e receita).

Em face disso os discursos começaram a ser cada vez mais sobre a vida aqui e agora, ao passo que o céu foi sendo deixado para um segundo plano.
Muitos pastores se converteram em gurus de auto-ajuda, e as liturgias foram dirigidas para promover motivação mais do que adoração.
O que funciona em muitos aspectos, mas representa uma ruptura com um cristianismo histórico que os referidos líderes dizem estar vinculados.

O fato é que mais do que nunca nós precisamos relembrar as palavras de Humberto Rohden, que nos ensinou que mais importante do que ser cristão (ou evangélico) é ser crístico.

Mais do que crer no que Jesus ensinou, urge viver como ele viveu.

O Brasil é uma terra de liberdade religiosa e de muito sincretismo, devemos ter a liberdade para dizer que nós não fazemos parte deste ou daquele movimento, sobretudo quando a agenda dos interesses destes se afastou de nosso ideal de espiritualidade.

(MartorelliDantas)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O JUGO

JUGO (s.m. peça de madeira pesada também chamada de canga, utilizada para encaixar-se por cima do pescoço de dois animais - em geral dois bois- e ligada a um arado ou a um carro.)

O jugo -ou canga- era um arreio duplo em que se colocavam dois animais. Geralmente um dos lados era maior e destinado a um animal mais forte e mais experiente. O lado menor era usado por um animal em treinamento.

No AT, era usado como figura de linguagem simbolizando a escravidão e a opressão. Entendo, portanto, que o mais forte e mais experiente, era representado pelo poderoso sistema político-religioso que comandava e treinava as pessoas escravizadas a fazerem exatamente como lhes era ordenado.

No NT, Jesus alerta-nos sobre o jugo (canga) que líderes de sistemas religiosos colocam sobre as pessoas, pesando os ombros desses “animais em treinamento” que em meio a um longo processo de escravidão, passam a viver debaixo de suas regras e legalismos.

Em um rico jogo de linguagem Jesus define o jugo da lei como pesado e difícil de carregar, oferecendo o próprio jugo por ser fácil de suportar e nele se encontrar descanso, paz, leveza, plenitude. Pois no jugo de Jesus, somos serenos e confiantes.

O que acontece é que ainda nos dias de hoje a coisa se repete e nos deparamos a todo instante com líderes presunçosos,

- desfazendo o escândalo da Cruz;
- insistindo em circuncidar os mais fracos na fé;
- colocando canga – jugo - em seus tolos e fiéis seguidores.

Cego guiando cego, caindo ambos no abismo do conflito e da angústia que embaçam a visão, distanciando-se cada vez mais da alegria da salvação; e com o coração tão embotado de legalismos e crendices religiosas, que não conseguem enxergar as palavras de alento de um Jesus amoroso que anseia por nos embalar em seus braços e segurar a nossa onda dizendo em verdadeira declaração de amor:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados (oprimidos),
e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
(cf Mt 11: 28 a 30)

E apenas a experiência da Graça nos oferece esse jugo suave, pois estando na Graça a vida se torna em nós, plena, rica e abundante, independentemente das circunstâncias.

Em seu ministério, Paulo definiu de modo perfeito o verdadeiro perfil daquele que vive na Graça mesmo em meio à adversidade:

“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos.” (cf 2Co 4: 8 e 9)

Ou seja, vida prática e mente lúcida! Como diria ele: sadios na fé!
Na Graça, ninguém passa a um estado de alienação, de viagem, de falta de senso.
As atribulações do dia-a-dia são as mesmas, mas o nosso coração não está mais angustiado; nem mesmo a perplexidade diante de certos comportamentos nos tira a esperança e o ânimo de seguir acreditando; pode até haver perseguição, mas ela não nos impede de ir adiante e até pode nos abater, mas nunca nos destruir, pois sabemos Quem nos ampara.
Havendo portanto, no coração, uma quietude, uma paz que excede todo o entendimento.

Por outro lado, as pessoas estão tão escravizadas, tão presas ao regime religioso, suas normas e regras, que não conseguem experimentar a leveza da Graça.

Pessoas que se acostumaram às normas impostas e por isso não conseguem enxergar a verdade que liberta!
A verdade que nos faz livres e leves como a borboleta que com toda a sua aparente fragilidade consegue alçar vôos inimagináveis por aquele que tem a mente limitada e oprimida pelo jugo religioso.
Um jugo cem por cento humano e arrogante, que encarcera e maltrata a alma de seres cada vez mais entristecidos, abatidos, angustiados, onde uma constante crise existencial os coloca em um confinamento individual e coletivo travestido de igreja usando o nome do Senhor Jesus.

Aos que vacilavam na fé, Paulo os exortou a experimentar a liberdade em Cristo onde se faz uma escolha: a lei ou Cristo.


“De Cristo vos desligastes,
vós que procurais justificar-vos na lei;
da graça decaístes”.
(Gl 5.4)

Certa vez, uma crente muito oprimida, muito sofrida e também- e por isso mesmo!- muito equivocada acerca do Evangelho, comentou comigo sobre uma passagem bíblica que ela julgou ter-lhe sido enviada como verdadeira sentença.
Então eu pude perceber com imensa tristeza o quanto ela vem sofrendo...
E só por falta de entendimento, pois a Palavra cura e liberta.

A passagem era a seguinte: (Mt 14:29a33)

“E Ele disse:
- Vem!
E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus.
Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou:
- Salva-me, Senhor!
E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse:
- Homem de pequena fé, por que duvidaste?
Subindo ambos para o barco, cessou o vento.
E os que estavam no barco o adoraram, dizendo:
- Verdadeiramente és Filho de Deus!

E a "leitura" dela era a seguinte:

- “Pedro - que andava com Jesus - foi repreendido... Imagine eu!”

E aqui (como tentei mostrar-lhe) eu coloco três questões:

Primeira: há uma confusão que muitos fazem pelo fato de Pedro ser discípulo e andar com Jesus literalmente.
E aí está o xis da questão para muitos crentes nos dias de hoje.
Muitos se dizem servos, mas nem mesmo são servos de Jesus e sim da denominação; ora, se não querem ser servos quanto mais ser discípulos!
Quantas vezes já ouvi dizerem ah parecer com Jesus, ser como Jesus?!
Como se fosse algo tão inacreditável e impossível que ninguém nem ouse tentar, nem se atreva a dar o primeiro passo.
Então vi que essas mesmas pessoas que falam assim são aquelas mesmas legalistas que seguem a cartilha de sua denominação.
É como se elas se enganassem dizendo para si mesmas em total e completa teimosia:
já que eu resisto em mudar meu coração, meus conceitos, meu eu, então vou seguindo nesse faz-de-conta coletivo.
Gente que acha presunção querer ser parecido com Jesus, mas não acha ser presunção as exterioridades que camuflam os verdadeiros interesses do seu coração.
João diz: Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. (ler 1João cap. 2 todo)
Segunda:
Pedro andou com Ele e nós andamos também, só que viemos de uma cultura onde se confia no que se vê e se pega.
E como Jesus não está materializado do lado da pessoa então ela segue no crendo/descrendo, lá fora do barco. Ela O admira, sabe da sua fama de "milagreiro”, mas acha mais prudente ter seu próprio caminhar.
Essa gente está na verdade, em cima do muro, embora admirando muito esse homem maravilhoso que teve um ministério incrível aqui na terra, mas como Ele não está mais aqui, então é melhor ela ficar na dela, seguindo os próprios passos.
Inclusive nem arriscar entrar na água para subir no barco de Jesus!
Até porque a fé do outro lá era pequena... imagine a dela!

Terceira: (ainda na percepção dela)
Jesus brigou, reclamou, irritou-se... Com o próprio discípulo!
Ou seja, o enfoque dela recaía na suposta repreensão.
O discípulo foi repreendido! <– para ela, essa era a questão principal.
Carregando em seu HD (seu disco rígido) uma série de conceitos distorcidos acerca do caráter de Deus, ela não atinou para a sequência dos fatos:

Em primeiro lugar:
E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o....

Em segundo lugar:
... e lhe disse: - Homem de pouca fé, por que duvidaste?

Não houve repreensão e sim comentário diante do óbvio!
Pois a dúvida se instalara quando Pedro deixou de olhar pra Jesus e se ligou na circunstância (na força do vento)

Mas Jesus estende-nos a mão prontamente!

Estando de olhos embaçados enxergamos a bronca e não conseguimos ver o estender de mão prontamente!

E muito menos ENXERGAR o final do texto:

“E os que estavam no barco O ADORARAM, dizendo:

- Verdadeiramente és o Filho de Deus!”

Pois é nessa adoração que Jesus nos ampara e nos faz encontrar descanso para nossa alma, independente da dimensão da nossa fé.

Ele age prontamente... Ainda que depois Ele nos mostre o quanto somos frágeis!

E que bom seria se permitíssemos que a nossa fragilidade fosse sempre proporcional à flexibilidade que nos faz rever velhos conceitos...
Aí enxergaríamos A Palavra como cura e não como repreensão.

Mas o que se assiste é a rigidez internalizada e arraigada na qual armando o próprio tribunal, nos tornamos nossos próprios juízes, julgando-nos com a nossa própria justiça, não nos perdoando a nós mesmos, chegando mesmo a acreditar que não há outra alternativa para se viver a não ser dentro de uma gaiola repressora que nos atraiu porque usa o nome de Jesus; que esse é, de fato, o estilo de vida do crente, como se fosse proibido ser feliz, pois alguém disse uma dia que se tem que sofrer para poder ganhar a vida eterna, desprezando a oração que o próprio Jesus ensinou e que as pessoas repetem mecanicamente: Venha a nós, o Teu Reino!

Estes sentenciam- para si e para os outros- pois sua opinião já está formada; fundamentada em conceitos que lhes foram passados ao longo de um processo que se tornou costumeiro, habitual, tradicional; e sob pesado jugo, onde ombros e pescoço de tão sobrecarregados, não permitem virar a cabeça ( a mente) para outras possibilidades.
Afinal, o peso é tão grande que a visão não alcança outra alternativa, a não ser a de olhar apenas pela lente da rigidez daquela doutrina de homens que o empurra cada vez mais fundo para a escuridão do abismo.
Eles estão tristes, angustiados... e presos!
E ironicamente... estão decididos, pois julgam que o jugo que carregam tem que ser o seu estilo de vida.

Ao que julga que deve carregar o jugo religioso nos ombros, meu conselho é simples: ler o Evangelho. Porém, só funciona se o ler com os próprios olhos, despido da rigidez imposta pelos seus líderes que em diligente e velado proselitismo colocou-lhes a canga do animal em treinamento, embotando-lhes os sentidos.

“Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado.
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (cf 2Co 3:14a18)

RF.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bíblia Sagrada: manual de instruções do cristão

Analisando algumas intransigências de doutrinas de homens em detrimento das flexibilidades que Jesus fez em razão do amor ao próximo e das relações éticas, sadias e coerentes...

Paulo recusou ajuda financeira em Corinto para se ver “livre de todos os homens”, ou seja: não se submeter pelo fato de estar sendo sustentado. Como se diz hoje em dia: para não ficar de rabo preso.
Assim como ele tinha o direito de ser sustentado - e realmente obteve ajuda financeira de alguns mantenedores – em Corinto ele recusou por livre e espontânea vontade, e não como norma rigorosa para ser seguida, passando a fazer tendas para o seu sustento, conforma havia aprendido com a sua cooperadora Lídia.

Foi uma opção, uma escolha pessoal.

Por isso ele disse: “não usamos desse D-I-R-E-I-T-O”. (ver ICo9.12)

Inclusive por causa dessa recusa, alguns cristãos passaram a rejeitá-lo, duvidando da autenticidade do seu apostolado, uma vez que eles sabiam que Deus havia instituído aos levitas servir como sacerdotes, ministros e professores da lei e que, como a eles não cabia uma porção de terra, toda a nação seria responsável pelo seu sustento.

O irônico é que, invertendo totalmente esse sentido, hoje em dia existem denominações “escrupulosas” que rejeitam e duvidam da autenticidade do apostolado é justamente de quem usa desse D-I-R-E-I-T-O.

Entretanto, lá mesmo em Corinto, aonde ele rejeitara se submeter financeiramente, o próprio Paulo disse:

“... recebendo salário para poder vos servir” (IICo 11.8)

“Se nós semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?” (I Co 9.11)

“Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento?” (ICo 9.13)

Já em Tessalônica, onde passou curto espaço de tempo, ele recusou por uma questão disciplinar e para não servir de mau exemplo, não estimular os parasitas, já que tinha uma minoria que queria viver à custa de quem suava pra ter seu pão. Daí sua célebre frase “quem não trabalha que não coma” usada por muitos de maneira leviana, alienada e generalizada.

PORÉM, para se sustentar em Tessalônica, ele recebeu ajuda financeira do povo de Filipos. (ver Fp 4:10.20)

“...porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, MAS DUAS, o bastante para as minhas necessidades. (Fp 4.16 - negritos e sublinhados meus)

A questão é que Paulo, sabiamente, se ajustava à cultura local: quando estava com judeus, observava os costumes judaicos, com gentios, seus costumes. Com os fracos, ou seja, os super-escrupulosos em suas observações, ele era particularmente cuidadoso em regular sua conduta ao nível deles.

Contudo, essa adaptabilidade dele era vista como inconstância pelos seus críticos – cujas credenciais eram visíveis exteriormente - que não enxergavam que tal flexibilidade era governada por um princípio maior:

“Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (I Co 9.22)

Observe-se, entretanto, que sua flexibilidade tem a ver com a sua liberdade em fazer escolhas pessoais e não com O Evangelho, que é Imutável.

O mal-entendido se instala quando alguém lê acerca das instruções que Jesus deu aos discípulos, (Mt 10) principalmente ao fixar-se apenas no versículo 8, correndo o risco de distorções quando faz leitura de versículo ou texto isoladamente, ou seja, fora do seu contexto.

A missão dos discípulos era testemunhar aos que lhe oferecessem hospitalidade e sustento. (Observar o versículo 14.)

O que não significa que eles não tenham sido SUSTENTADOS nos lugares onde foram aceitos. Pois tiveram hospedagem, comida e roupa lavada.

De onde veio esse custo? Quem respondeu “dos fiéis” parabéns, pois significa que você é o ser pensante criado por Deus.

Ao seguirmos de forma equivocada, medidas disciplinares estabelecidas por Paulo aos coríntios, agimos iguaizinhos aos fariseus que Jesus criticou com tanta veemência.

Seguindo moralismos exacerbados e distorcidos, esquecemos de ver que é justamente em Corinto que Paulo dá uma das maiores lições do que seja AMOR, colocando-o em primeiro lugar, na vida do crente, antes mesmo da fé e da esperança. (ler ICo13).

Disse Jesus:

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes AMOR UNS COM OS OUTROS”. (Jo 13.35 – negritos e sublinhados meus)

Comentários finais:

Não se serve a Deus dentro do espaço físico chamado “igreja”. (Atos 7:48.51)
Quando vamos à igreja vamos prestar culto, adorar ao Senhor.
De lá, SIM! Saímos para servi-Lo, ajudando ao próximo. (Ler João 4:23.24)
E o próximo, não é, necessariamente, o “irmão” da minha denominação (Mt 5:46.47) e sim aquele da parábola do samaritano. (Lc 10:25.37)
Esse é o verdadeiro teste do Serviço ao Senhor!
Como diz o pregador “tenho muita pena por algumas pessoas não enxergarem o quanto a vida em Cristo é leve, linda, solta e séria de alegria!

E mais intrigante é saber que gente que já entendeu o significado da liberdade lúcida e comprometida- e que está posta em Cristo como Evangelho- ainda assim, por razões diversas, seja por vício religioso, culpa neurótica, paranóia, insegurança, ignorância acerca das Escrituras, continua anos e anos, senão a vida inteira, dentro da gaiola da religião”.

Essas e outras me lembram muito os fariseus, que de tão cheios de si que eram, com seus dogmas e suas doutrinas moralistas, não conseguiam entender que o que Jesus queria era um coração puro, disposto a amar incondicionalmente e não regras impostas pela tradição adquirida por interpretações próprias e colocadas acima das Escrituras,

“...invalidando a Palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes” (Mc 7.13)

Enfim... Lamentavelmente vemos nos dias atuais muitas semelhanças farisaicas.

RF.


“Quem for filho da religião evangélica, esse ficará perdido e sem fé. Afinal, sua fé não é fé, mas apenas crença; e a relação que eles julgam terem tido com Deus, não era com Deus, mas com o “Deus-Igreja”. Ou seja: quase todo evangélico religioso tem uma relação institucional (que eles pensam ser espiritual) com a Virgem-Maria-Igreja. A Virgem Maria dos evangélicos é a Igreja.
Quem, todavia, for discípulo de Jesus, por mais chocado que fique com esse retrocesso “evangélico” à Idade das Trevas, não desanimará nem se tornará cínico; antes, não mais perderá tempo com o que já morreu, deixando que os mortos se ocupem de tal funeral; e, enquanto isso, olharão para cima, exultarão no Espírito, e sairão para pregar e viver o Evangelho; fazendo de todo banco um púlpito, de cada esquina uma Catedral, de cada mesa de alegria um encontro de Boas Novas, e de todo relacionamento humano uma chance de comunhão ou de anúncio bondoso da Graça de Deus.” (CF)

“Ora, o Seu mandamento é este:que creiamos em O Nome de Seu Filho, Jesus Cristo,e nos amemos uns aos outros,segundo o mandamento que nos ordenou.”.(IJo 3.23)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Mentiras ou subterfúgios?!

Ao ler o título da matéria de capa do Diário de PE de ontem (domingo, 12.04.09“)Mentiras dos pais pós-separação” imaginei que iria ler um texto no mínimo imparcial, já que o termo “pais” refere-se ao casal: pai e mãe.
Ledo engano...
Engano que acontece já na dita chamada de capa, onde a ênfase se dá às mentiras de ambos – pai e mãe – enquanto o conteúdo da matéria enfoca particularmente - e de maneira agressiva - a postura da mãe, considerando que na grande maioria dos casos de relacionamentos desfeitos, é ela que detém a guarda dos filhos.

Na minha leitura particular, a matéria quis tratar de uma questão específica chamada pelos psicólogos de “alienação parental” na qual a genitora denigre a imagem do ex-parceiro, tratando-o como intruso e levando o filho a afastar-se deste, sendo também chamado esse tipo de ação de “implantação de falsas memórias”, alimentada por um sentimento de ódio exacerbado.
Particularmente, eu considero isso meio patológico, por isso não concordo que seja analisado assim de maneira generalizada. E que esse caso específico deve ser tratado não apenas na Justiça, mas principalmente no especialista de saúde! Pois se o intuito é preservar o desenvolvimento psicológico e emocional do filho, nessas condições a mãe requer cuidados urgentes, já que também não existe ex-mãe como diz a matéria referindo-se à exclusão que a "mãe vingativa" faz ao pai renegado. Afinal,os dois, juntos ou não, continuam responsáveis pela formação do filho.

Em termos legais - até que as informações da referida matéria são um tanto satisfatórias, considerando apenas a especificidade do caso de mães com essa síndrome; porém, como tudo na mídia tem suas sutilezas, essa matéria não é diferente sendo então colocadas de forma velada no mesmo saco, todas as mães separadas, findando por trazer à tona de forma delicada e distorcida, situações conflituosas um dia vivenciadas por pai, mãe e filhos.

O certo é que, ao final da leitura percebe-se que se trata de um texto parcial e tendencioso, onde o pai é visto como vítima, sendo a mãe, a vilã que supostamente manipula todo um contexto familiar pelo fato de carregar a obrigação legal da guarda, convivendo, conseqüentemente, mais tempo com os filhos e tendendo a manipular a situação como uma espécie de vingancinha.

Aproveitando o assunto e ainda as primeiras palavras da matéria, digo de cátedra que raiva, mágoa e ressentimento são sentimentos inevitáveis que nos acometem quando somos rejeitados. (Aliás, o sentimento de rejeição é considerado pelos psicólogos, mais difícil de lidar do que a perda de alguém querido por morte).
Eu sei de casos específicos de relacionamento desfeito, lar desmoronado ocasionando em caos geral onde quem sai de cena geralmente é o pai e que ele não tem a menor noção dos destroços que ficam para a mãe administrar, principalmente quando esta tem uma relação de total e irrestrita dependência emocional e psicológica que, ironicamente fôra construída ao longo dos anos pelo próprio parceiro. Ninguém atenta para o fato que, fisicamente o casal está separado, mas emocional e psicologicamente há toda uma desconstrução instalada e uma lenta e subsequente reconstrução a ser realizada. (Aliás, eu abordo isso com muita clareza em "A Mulher Crisálida" onde qualquer semelhança da autora com a personagem Cris não é mera coincidência :P)

Trata-se de um processo muito delicado que traz consigo momentos de tristeza, de desolação, de profunda depressão e que desencadeiam mesmo em reações negativas como discussões e xingamentos.
Quero dizer com isso, que ainda que tenha havido discussão, briga acirrada e até mesmo insultos em alguns momentos, não significa necessariamente, que tenha havido uma campanha contra o outro.
Na grande maioria dos casos em que há esses tipos de ferramentas indesejáveis, na verdade são meros ajustes a todo um novo contexto no qual, lamentavelmente, os filhos são coadjuvantes. Pois pior para uma mãe, do que o sentimento de perda, de abandono, de rejeição, como esposa e mulher, é ter a consciência de que não faltou o seu chão apenas, mas principalmente o dos filhos, já que nada é mais triste para uma mãe do que ver ruir o chão dos seus próprios filhos e assistir à desintegração da própria estrutura familiar com enorme sentimento de impotência.

Por isso que, na minha ótica ainda, tal matéria é leviana no sentido de tratar de maneira superficial um tema que de fato é rico e abrangente, mas que não pode em hipótese alguma, ser analisado de forma generalizada, visto que cada drama familiar tem as suas próprias peculiaridades.

E até porque, ainda na minha ótica particular, nenhuma mãe, por mais entristecida ou magoada, promove em sã consciência uma campanha de desmoralização contra o pai de seu próprio filho por mais que este tenha despertado nela os sentimentos mais mesquinhos.
Por outro lado, também não creio que nenhum pai responsável, mesmo na condição de errado e por mais que tenha vacilado como chefe de família, faça o mesmo em sã consciência.
Entretanto, ambos cometem erros nesse espinhoso percurso: tanto a mãe, enquanto guardiã, quanto o pai, como visitante.

Ora, devemos parar com a hipocrisia e pensar o seguinte: se em cotidianos considerados normais, em que os pais vivem juntos e harmoniosamente, vez por outra um acusa o outro sem se ligar no inocente expectador, (o filho) quanto mais em situação litigiosa onde o ressentimento de um e o sentimento de culpa de outro, findam por levá-los a acusações recíprocas- sutis ou escancaradas- nas quais ambos, em sã consciência, o fazem em maior ou menor proporção.

E isso considerando- claro!- a dinâmica familiar, os valores, os conceitos que se tem de família e principalmente o senso de responsabilidade de cada um.

Enfim... carregamos todas essas heranças psicológicas, culturais e familiares, mas todas elas são neutralizadas quando nos entregamos Àquele que nos cura de qualquer loucura que Freud explique.

E também muito me alivia falar de coisas que já passaram com a consciência de que pertencem mesmo ao passado.

A grande sacada é saber que nunca é tarde para aprender que o maior desafio em termos de relacionamento está dentro do nosso próprio círculo familiar, onde a unidade e a diversidade estão diretamente relacionadas com o companheirismo e a individualidade que um convívio saudável requer.

E saber que "ainda que eu caia tenho a minha consciência lavada pelo eterno perdão..."

RF.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Qual o maior livro de todos?

No livro The Uncommon Reader (O Leitor Incomum), uma obra de ficção de Alan Bennet, o autor imagina a rainha da Inglaterra tornando-se repentinamente, no fim da vida, uma leitora assídua.

Em uma época como a nossa, em que os livros impressos parecem perder certo terreno e interesse diante das forças de entretenimento dos MySpace, You Tube e American Idol da vida, a idéia de uma pessoa - de uma hora para outra - começar a se interessar por leitura e tornar-se um leitor, parece mesmo um romance. Em todo caso, ler é um toque divino na alma humana.

De repente, você está lendo algo que lhe chamou a atenção e quando percebe não pode parar, não quer parar e não pára mais.

Um livro puxa outro, um autor sugere outro, e o mundo se abre: e eu que pensava que o sol fosse uma estrela muito especial e a Via Láctea imensurável, descubro que o Universo possui mais de 350 milhões de galáxias com bilhões de sistemas solares semelhantes ao nosso. E aí vem a pergunta:

Qual o maior livro de todos?

Qual obra de literatura não pode faltar em minha biblioteca, ao meu lado, no meu laptop ou celular?

A number one é a Bíblia.

Desde Gutenberg o best-seller mundial. Mais de 50 milhões de exemplares da Bíblia são vendidos todos os anos.

Mas se você é daqueles, como eu, que não gosta muito de ler o que todo mundo está lendo, que não repara nas listas de best-sellers (a maior parte delas tendenciosa e forjada de alguma maneira e por algum interesse menor que a pura estatística), pode ler a Bíblia por sua qualidade e fidedignidade.

Por sua qualidade profética e poética e por sua infalibilidade enquanto Palavra de Deus, pra hoje e eternamente.

Nenhuma obra do gênio humano se compara à Bíblia. Ela é simplesmente indispensável. Só não sabe disso quem não a leu, e é uma pena constatar que muita gente ainda não a leu.

Curiosamente, tem mais gente que possui a Bíblia – às vezes, mais de um exemplar em casa – do que pessoas que já a leram de capa a capa. E nessa triste estatística nem pastores ou padres escapam: cerca de 52% dos líderes cristãos ainda não leram a Bíblia completa, ao menos uma vez, de Gênesis a Apocalipse.

Como eles pregam o Evangelho?

Sto. Agostinho e o grande precursor da computação, Blaise Pascal, se converteram ao cristianismo lendo apenas alguns trechos das cartas do apóstolo Paulo.

A Bíblia é mesmo extraordinária. Bem, na verdade fui convidado para escrever algumas linhas introdutórias sobre a bela tradução da Bíblia que levou o nome de seu principal patrocinador: o rei James I, ou King James, como passou para a história. No entanto, não poderia falar algo sobre a King James sem antes ser categórico quanto a prevalência e importância fundamental da leitura da Bíblia na vida de todos nós.

Por isso, aqui fica meu apelo mais eloqüente e sincero: comece hoje mesmo a ler sua Bíblia com devoção!

Comece pelos Evangelhos, depois leia o Novo Testamento todo e antes de iniciar o livro do Apocalipse leia o Antigo Testamento, depois encerre sua primeira leitura total da Bíblia com o livro da Revelação (o Apocalipse).

Não se preocupe, não há nada de cabalístico nisto, é só uma sugestão de ordem prática e que vai lhe ajudar a compreender melhor ainda todo o texto bíblico.Foi o Rev. Caio Fábio quem definiu a Bíblia King James como "a mais shakespeariana" das traduções modernas das Escrituras.

E, de fato, o rei James I foi contemporâneo de William Shakespeare quando, em 1607, aceitando a sugestão de vários líderes eclesiásticos liderados por John Reynolds, teólogo puritano e reitor da Universidade de Corpus Christi em Oxford, deu início aos trabalhos de revisão e tradução da conhecida Bíblia de João Calvino, para a língua inglesa. James I, escocês, cristão e biblista, havia assumido o trono da Inglaterra logo após a morte da rainha Mary Católica, que dizimou centenas de cristãos em seu reinado simplesmente por defenderem a fé protestante e o livre exame das Sagradas Escrituras.Muitos dizem que a sucessão do trono ter recaído sobre James I foi o cumprimento de uma profecia que William Tyndale (o primeiro tradutor das Escrituras, das línguas originais para o inglês), fez momentos antes de sua execução por estrangulamento e queima em fogueira no centro de Londres pelo carrasco do império: "Meu Deus! Abra os olhos do rei da Inglaterra!" King James, ouvindo a opinião da maioria dos líderes eclesiásticos do reino inglês, teólogos que criticavam a tradução da Bíblia de Genebra, por seus excessos calvinistas, formou e coordenou pessoalmente um comitê com cerca de 50 eruditos de Oxford, a fim de realizar uma revisão minuciosa nesta tradução do notável teólogo francês, com base nos melhores manuscritos dos textos Receptus e Massorético disponíveis na época. Em 1611, sob a expressa "autorização do rei" (Authorized Version) era publicada a Bíblia King James, que se tornaria a mais lida e apreciada tradução das Escrituras em toda a Europa e nos Estados Unidos até nossos dias. Desde o ano 2000, a Sociedade Bíblica Ibero-Americana e a Abba Press do Brasil assumiram a responsabilidade pela tradução da Bíblia King James para a língua portuguesa.

Um comitê formado por cristãos de diversas denominações, especialistas em várias áreas do conhecimento teológico, lingüístico e literário, e residentes em vários países do mundo, teve acesso às mais recentes descobertas arqueológicas, como os chamados Rolos do Mar Morto (a maior descoberta arqueológica do séc. XX), os melhores e mais antigos manuscritos que formam a Bíblia Hebraica Stuttgartensia, e estudos crítico-textuais, como os valorosos trabalhos de Nestle-Aland, autores das muitas edições do conhecido Novum Testamentum Graece além dos manuscritos do respeitável Textus Receptus e demais obras textuais relevantes nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego). Da King James em inglês de 1611, o comitê de tradução para a língua portuguesa procurou apropriar-se do estilo: majestoso, clássico e reverente; sem contudo, prejudicar a comunicação clara e compreensível ao leitor lusófono que vive hoje em todos os países deste nosso mundo globalizado. Jesus Cristo é o Caminho (Evangelho Segundo João, capítulo 14, versículo 6), e a Bíblia o seu Livro.

A obra que trata sobre sua história e missão na terra e no porvir; a história do amor de Deus por sua Criação e por seu filho: o homem, a humanidade.

Desconhecer a Bíblia é viver um eterno e absoluto non sense.

Acabo de reler "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche, nascido em uma família luterana muito religiosa e conservadora, com uma vasta linhagem de pastores protestantes; o próprio pai, Karl Ludwig, responsável pela paróquia de Röcken. Seu maior sonho era o de ser um pastor como seu pai, por isso dedicou-se intensamente ao estudo da teologia, mas deixou de abrir seu coração para a ministração sobrenatural que a Palavra de Deus exerce em nossa alma mediante o Espírito Santo, preferindo aprofundar-se na filologia a crer na simplicidade do amor, justiça e soberania de Deus.

Portanto, agora que você encontrou a Água da Vida (Jo 4.10-14), permita que sua alma beba a vontade e seja saciada pelo Espírito de Deus.

Há muitas coisas que eu e você vamos nos arrepender ao longo da vida; mas jamais nos arrependeremos de todas as vezes que lemos e nos alimentamos da Palavra de Deus.

Experimente e comprove! Boa leitura!

Oswaldo Paião
(Diretor editorial - SBIA - Sociedade Bíblica Ibero-Americana)

terça-feira, 7 de abril de 2009

A BÊNÇÃO DA SANIDADE MÍNIMA

Nenhum de nós é totalmente bom da cabeça...
Se somos todos pecadores, somos também todos ruins da cabeça, de um modo ou de outro.
Por isto, não existe o ser “cabeça feita”.
Existe, sim, aquele que não liga para a cabeça de quem quer que seja; e também existe aquele que tenta ser um fazedor de cabeças.
Um sofre de apatia...
O outro sofre de excesso de antipatia...
Num mundo contra-ditório como o nosso, a saúde estaria na simpatia empática, porém capaz de ser também empaticamente anti-pática, e antipaticamente simpática, quando houvesse a-simpatia essencial nos encontros humanos.
Só Jesus foi capaz disso o tempo todo.
Assim, todos nós somos mentalmente incapazes de viver em perfeito equilíbrio.
Ora, o normal é ser assim: mentalmente incapacitado de certas coisas, ou de certos discernimentos...
A gente entende...
Errar é humano...
Mas isso não nos põe na categoria dos mentalmente doentes. Apenas torna as nossas vidas enfermas da presunção de saúde: que é a doença dos sãos, os que não precisam de médico; ou a doença dos doentes que não querem cura.
Há, todavia, um outro nível básico e cotidiano pelo qual se pode aferir a saúde relativamente aceitável de cada um de nós: pelo modo como nos comportamos em relação ao próximo quando temos a condição de ajudá-lo ou de tornar a vida de todos mais fácil.
Você sabe se uma pessoa é “balanceada” — a própria palavra pressupõe uma oscilação — se ela sabe abrir espaço justo e verdadeiro entre os seus semelhantes.
Num outro nível, ainda mais rotineiro, nós temos que viver a partir da presunção de sanidade coletiva.
É apenas por esta razão que a gente dorme no ônibus, pega um avião, entra num táxi, faz uma curva de carro quando outro carro faz a mesma curva na direção oposta...
Em qualquer dos casos você confia na saúde da interação humana.
O motorista do ônibus quer voltar para casa.
O piloto do avião teria uma maneira melhor de se suicidar do que derrubando o próprio avião.
E o motorista do táxi está apenas tentando ganhar dinheiro, mas se pudesse estaria vendo um bom jogo de futebol sentando na poltrona de casa.
Então, somos os enfermos de mente que temos que confiar na sanidade uns dos outros até para fazer uma curva de carro na esquina...
Aonde isso nos leva?
Bem, para mim leva a mundos infindáveis, mas aqui quero apenas mencionar um deles.
Você já imaginou o tamanho da proteção que Deus dá à mente humana?
Ficamos assombrados com o mar...
Mas, e com a mente?
Ao mar Deus pôs limites, dos quais ele não passará. E ele o obedece.
Mas e quem põe limites àquele que é o pervertedor das mentes pervertidas?
O diabo teria inimaginável poder na Terra se o Deus de Jó não dissesse a ele: "Não lhe toques a mente!"
Nossas “doenças mentais”, em geral, ainda são meigas e dóceis se comparadas àquilo que o “mal” poderia realizar em nós — que temos a mente furada como um queijo suíço! — se não houvesse um capacete invisível sobre as mentes de todos os homens!
Vivemos, entretanto, dias nos quais é possível sentir que a camada protetora está ficando fina...
O Apocalipse nos diz que chega o tempo em que seres antes acorrentados são liberados a fim de atormentar os homens... os quais desejam morrer... e não conseguem.
Daí procederá a pior loucura coletiva!
É a loucura de existir... acompanhada por ardente ânsia de morrer...
Daí é que vem a loucura mais louca e mais destrutiva.
A loucura se instala coletivamente mais do que nunca quando uma coletividade perdeu a significação para existir.
Aí, cumpre-se Apocalipse 9.
Aí, cumpre-se aquilo que a humanidade jamais conheceu: a última loucura!
E é por se multiplicar a iniqüidade que faz o amor se esfriar de quase todos que se instala a última loucura.
O resto é apenas loucura. O Apocalipse fala dela o tempo todo.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Quem tem coração grato, curve-se e adore!
Quem ainda não vestiu o Capacete da Salvação, ponha-o logo sobre a cabeça!
E o Deus da Paz guardará os vossos corações e mentes em Cristo Jesus, o Nosso Senhor!

Caio Fábio